O crescimento dos veículos elétricos pode diminuir dramaticamente a demanda global por petróleo. O tamanho da impacto projetado varia, mas pode ser suficiente para acarretar sérias implicações para o mercado de petróleo já na década de 2020.
Até hoje, o petróleo é o combustível do setor de transportes por excelência: 93% da energia utilizada nos transportes vem de produtos de petróleo. Ao final de 2016, a demanda de petróleo global estava por volta de 96 millhões de barris por dia (mbd). A Agência Internacional de Energia espera que a demanda cresça em 1,2 mbd por ano nos próximos anos, acompanhando o aumento das demandas de países que não pertencem à OECD, como China e Índia.
Mas os veículos elétricos vão afetar a demanda por petróleo. Globalmente, eles já diminuíram 17,800 barris de petróleo por dia ao final do ano de 2016. Até 2023, a BNEF prevê que o efeito será mais do que cem vezes maior – 2 milhões de barris por dia, ou “quantidade equivalente ao que deflagrou a crise do petróleo de 2014”. Até 2040, a BNEF projeta que o número aumentará para 8 milhões de barris por dia. Os veículos elétricos podem diminuir o uso projetado de petróleo pela metade nos próximos 20 anos, sugere a Union of Concerned Scientists (UCS).
Há estimativas ainda mais dramáticas sobre o efeito na indústria petrolífera. Em um cenário[3], a Carbon Tracker prevê a perda 16,4 mbd até 2040. A BP é mais conservadora: ela projeta apenas 1.2 mbd de perda de demanda de petróleo até 2035, apoiada em hipóteses conservadoras acerca do tomada de mercado dos Veículos elétricos.
Uma diminuição substancial na futura demanda de petróleo dos transportes significaria perda de rendimentos para a indústria petrolífera e o fracasso de projetos de petróleo caros. As atuais avaliações de mercado das empresas petrolíferas publicamente listadas baseiam-se em cenários futuros das demandas globais de petróleo que não levam em consideração o rápido crescimento dos veículos elétricos. A quebra na cadeia de fornecimento de petróleo como resultado de baixa demanda pode incluir diminuição da produção de petróleo e queda no preço, impactando plataformas dispendiosas, como as areias betuminosas do Canadá. A baixa demanda de petróleo reduzirá o volume de sua produção, com efeitos devastadores para empresas, campos e projetos de oleodutos caríssimos, como Oleoduto de Keystone, bem como a indústria das refinarias.