#ClimaInfo, 29 de setembro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

GREENPEACE ANALISA O IMPACTO DA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NOS CORAIS DA AMAZÔNIA

O Greenpeace publicou ontem um relatório sobre os impactos que a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas pode causar sobre o meio ambiente e sobre o recém-descoberto banco de corais. O relatório fala dos manguezais típicos da costa e das ilhas da Foz e destaca a excepcionalidade do banco de corais, o primeiro a ser encontrado em águas tão turvas, mostrando a necessidade de se estudar e conhecer esse novo achado. Os blocos exploratórios da inglesa BP e da francesa Total ficam na parte norte do banco. O relatório estudou os EIA (Estudos de Impactos Ambientais) que as duas petroleiras enviaram ao Ibama e concluiu que estes são altamente inadequados, repletos de falhas e inconsistências técnicas. Ficaram em aberto perguntas básicas, como por onde um derramamento de óleo se espalharia, que locais em terra seriam atingidos e qual o efeito do imenso volume de água vindo do maior rio do mundo e que gera uma pluma visível do espaço. Isto, e muito mais, não foi devidamente levado em conta.

http://www.greenpeace.org.br/hubfs/Campanhas/reef/documentos/Amazonia%20em%20Aguas%20Profundas%20Greenpeace%20Brasil.pdf

http://www.valor.com.br/brasil/5136510/relatorio-projeta-danos-de-um-eventual-vazamento-de-oleo-na-foz-do-amazonas#

A REPERCUSSÃO INTERNACIONAL DOS LEILÕES DE PETRÓLEO E HIDRELÉTRICAS

Os leilões dos blocos de exploração de petróleo e das hidrelétricas que um dia pertenceram à Cemig foram destaque na mídia internacional. O Figaro parisiense destacou o protesto de ONGs e comunidades indígenas contra o leilão do petróleo e o embate com os seguranças do hotel onde se realizou o leilão. A mídia focada em negócios destacou que as empresas estrangeiras levaram quase tudo, indicando que o país está voltando a ser um investimento atraente. A Reuters destacou que a Exxon levou vários blocos, alguns em parceria com uma Petrobras que volta ao palco. O noticiário da bolsa Nasdaq chamou atenção para o pouco interesse dos blocos de Santos, talvez imaginando que se tratava do pré-sal. Blocos do pré-sal entrarão em dois leilões que a ANP programou para o mês que vem.

http://www.lefigaro.fr/flash-eco/2017/09/27/97002-20170927FILWWW00241-bresil-manifestation-en-marge-d-une-mise-aux-encheres-petroliere.php

https://www.reuters.com/article/us-brazil-oil-auction/exxon-mobil-bets-on-brazil-buys-10-oil-blocks-in-auction-idUSKCN1C22UY

https://www.nytimes.com/2017/09/27/business/energy-environment/brazil-oil-auction.html?mcubz=0

http://www.nasdaq.com/article/brazils-prized-santos-basin-receives-single-bid-in-oil-auction-20170927-01002

http://start.att.net/news/read/category/news/article/afp-brazils_oil_sector_recovers_its_mojo_in_auction_of-afp

https://www.reuters.com/article/us-brazil-power-privatisation/brazil-sells-dam-operating-licenses-for-3-8-billion-to-foreign-bidders-idUSKCN1C21Y5

CONGRESSO QUER SUSPENDER O LEILÃO DAS USINAS DA CEMIG

A bancada mineira na Câmara conseguiu o apoio necessário na Comissão de Constituição e Justiça para um decreto legislativo que suspende o leilão de ontem das quatro hidrelétricas da Cemig. Em 2012, a empresa decidiu não pedir a renovação das concessões das usinas por não concordar com as condições impostas pelo governo. Desde então, entrou numa disputa judicial para tentar manter as concessões. Ainda esta semana, o STF negou mais um dos recursos. Agora a pressão virá de um Congresso que tem a faca e o Temer nas mãos.

https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2017/09/28/ccj-da-camara-aprova-decreto-para-suspender-leilao-de-usinas-da-cemig.htm

MINISTRO DO STF DIZ QUE É LEGAL PERDOAR AS DÍVIDAS DO AGRONEGÓCIO

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, disse não ver problemas numa eventual anistia das dívidas que os proprietários rurais têm com o Funrural, uma bagatela estimada em R$ 17 bilhões. Ele disse que é válido se for “visando o bem maior que é a sociedade”. O Funrural é a previdência dos trabalhadores do campo. Pelo jeito eles não fazem parte da “sociedade” citada pelo ministro. Mello já tinha sido voto vencido em 2001, quando se opôs à criação do Funrural.

http://www.valor.com.br/agro/5136126/perdao-de-dividas-do-funrural-e-possivel-diz-ministro-marco-aurelio#

PODEMOS SER A PRIMEIRA GERAÇÃO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE A DEIXAR O PLANETA MELHOR DO QUE ENCONTRAMOS?

No começo de setembro, esta pergunta foi respondida afirmativamente na Conferência Mundial sobre Restauração Ecológica, mesmo mantido o crescimento da economia. Uma das chaves é a restauração das paisagens, definida como “o processo que reintroduz árvores e arbustos (nativos) em paisagens degradadas e desmatadas para beneficiar o meio ambiente, a economia e as pessoas”. Isso só é possível se a restauração trouxer resultados para o proprietário da terra. Um projeto do WRI (World Resource Institute) busca mostrar como isso é possível. O projeto VERENA (Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas) documentou casos bem sucedidos de empresas que obtiveram retornos importantes restaurando a biodiversidade, conseguindo com isso um aumento de produtividade. O link abaixo tem uma entrevista que Miguel Calmon do WRI fez com Sean de Witt, da Global Restoration Initiative.

http://wribrasil.org.br/pt/blog/2017/09/por-que-devemos-plantar-arvores-nativas-no-brasil

http://wribrasil.org.br/pt/o-que-fazemos/projetos/verena

PRÉDIO SERÁ CONSTRUÍDO EM SÃO PAULO SÓ COM MADEIRA CERTIFICADA

O prédio de 13 andares terá 4.700m2 de área total na badalada Vila Madalena. Sua estrutura será feita de CLT (Cross Laminated Timber), usando madeira certificada vinda de florestas plantadas pela empresa Amata. Para a Casa Vogue, Dario Guarita Neto, sócio fundador da Amata, disse que “os edifícios construídos em madeira são soluções eficientes e podem servir de impulso para uma mudança de consciência da sociedade porque, ao substituir fontes não renováveis (cimento e aço) por matéria-prima natural, contribuímos para uma cadeia da construção mais limpa e geramos valor à floresta certificada, o que diminui a pressão pelo desmatamento”. Um dado importante: a cada 40 horas, as florestas da Amata crescem o equivalente a um prédio de 10 pavimentos. O projeto é assinado pela Triptyque Architecture e deve ficar pronto até 2020.

http://thegreenestpost.bol.uol.com.br/sao-paulo-ganhara-predio-de-13-andares-feito-exclusivamente-com-madeira-de-reflorestamento/

http://www.archdaily.com.br/br/879936/triptyque-divulga-projeto-de-edificio-escalonado-de-madeira-certificada-na-vila-madalena

ABELHAS NÃO RESISTEM A PESTICIDAS NO RIO GRANDE DO SUL

A expansão da soja no Rio Grande do Sul trouxe junto a aplicação generalizada de defensivos, coisa que os pastos e as plantações de arroz não exigiam na mesma escala. Quem sai  perdendo são os apicultores que estão vendo milhares de abelhas morrerem envenenadas pelos defensivos aplicados no momento da florada da soja. E o pesadelo dos apicultores é ainda maior por temerem que o mel produzido fique contaminado em níveis superiores aos admitidos por países importadores. “O problema está na soja. Vai glifosato, fipronil, que é muito tóxico para a abelha”, diz Aldo Machado, vice-presidente da Federação Gaúcha de Apicultura.

http://www.valor.com.br/agro/5131620/defensivos-usados-em-lavouras-de-soja-ameacam-abelhas-no-rs

A BRIGA PARA PROIBIR O GLIFOSATO NA FRANÇA E NA EUROPA

Por falar em glifosato, na 2a feira, o porta-voz do governo francês anunciou que em cinco anos, ao final do mandato do presidente Macron, o glifosato seria proibido na França. Imediatamente, os ruralistas franceses se mobilizaram para protestar junto ao Ministério da Agricultura, argumentando que a União Europeia ainda está estudando o problema e que, por ora, não há proibição na pauta de curto prazo. Horas depois, o mesmo porta-voz deu o que os franceses, muito apropriadamente, chamam de “retropedalada”, dizendo que até 2022, o governo se compromete a obter avanços significativos para todos os pesticidas.

Em julho, a União Europeia esticou em dez anos o prazo para usar o glifosato, desde que o seu uso fosse minimizado em áreas públicas e monitorado logo antes da colheita. Na época, foi proibida uma fórmula específica derivada do agrotóxico.

Ontem, o Parlamento Europeu baniu a Monsanto de suas instalações depois que a empresa se recusou a comparecer a uma audiência sobre interferência regulatória. A Monsanto fabrica o herbicida RoundUp, o mais vendido composto à base de glifosato no mundo inteiro.

http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2017/09/globo-rural-franca-quer-proibir-uso-do-glifosato-ate-2022-dizem-jornais.html

https://phys.org/news/2017-09-france-glyphosate-weedkiller.html

http://www.lemonde.fr/planete/article/2017/09/25/le-glyphosate-sera-interdit-en-france-d-ici-a-la-fin-du-quinquennat_5190820_3244.html

https://www.theguardian.com/environment/2017/sep/28/monsanto-banned-from-european-parliament

A SEXTA EXTINÇÃO, O ANTROPOCENO E A SEGURANÇA ALIMENTAR

José Eli da Veiga, professor da USP, escreveu ontem, no Valor, sobre o que ele chamou de “fantasias antropocênicas”: a pretensão de que estamos causando um desastre tamanho que pode resultar na sexta extinção da vida sobre a terra. Não que ele exclua essa possibilidade, mas vai buscar na história da humanidade outros períodos de rápida mudança do clima onde impérios desapareceram e parte importante da humanidade morreu. Mesmo assim, defende, a humanidade continua aqui. “Por que supor que o Antropoceno será obrigatoriamente cataclísmico? Com toda a certeza esse é um dos cenários possíveis. Mas está muito longe de ser o único e talvez não seja sequer o mais provável”.

Anteontem, escrevemos sobre a produção de alimentos (A Crise da Agrobiodiversidade e os Riscos dos Pesticidas). Paulo Artaxo, também professor da USP, fez um comentário a respeito: “Grande proporção das espécies de plantas e animais que formam as fundações da nossa cadeia alimentar estão tão ameaçadas como as selvagens e não recebem atenção. Se existe alguma coisa que não podemos permitir que sejam extintas são as espécies que nos fornecem alimentos que sustentam cada uma das sete bilhões de pessoas no nosso planeta”.

http://www.valor.com.br/opiniao/5136532/fantasias-antropocenicas#

https://m.oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/sexta-extincao-em-massa-ameaca-seguranca-alimentar-global-21872473

OUTRO ICEBERG ANTÁRTICO SE SOLTA DE PLATAFORMA DE GELO

Um iceberg quase do tamanho de Fortaleza se soltou da plataforma de gelo no final da geleira Pine Island, no Mar de Amundsen, na Antártica. Em julho, outro iceberg tinha se desprendido da plataforma Larsen C. Nenhum deles aumentou o nível do mar porque já flutuavam. O problema, tanto de um como de outro, é que as plataformas freiam as geleiras em terra e, sem elas, os cientistas acreditam que as geleiras podem vir a derreter mais rapidamente. Aí sim, o nível do mar subiria. Se toda a geleira de Pine Island derretesse, e isso está muito longe de acontecer, o nível dos mares subiria 1,7 metros.

https://www.washingtonpost.com/news/energy-environment/wp/2017/09/25/a-key-antarctic-glacier-just-lost-a-piece-of-ice-four-times-the-size-of-manhattan/

https://www.theverge.com/2017/9/25/16361666/pine-island-glacier-iceberg-melting-climate-change-sea-level-rise

PARA IR

2º FÓRUM ECONOMIA LIMPA – São Paulo, dias 3 e 4 de outubro de 2017

Será discutida a criação de uma tributação verde no Brasil e a importância de se investir em reciclagem. Com participação de Marina Silva, Everardo Maciel, Carolina Tarrio, Ronaldo Stabile, Wilson Santos Pereira, Edy Merendino, Juliana Marra, Renault Castro, Anderson Nassif, Carlos Roberto da Silva Filho, Victor Bicca, Carlos Mussi, Helena Veronese, Marcos Lisboa, Bernard Appy, Ivan Cordeiro e Marcos Villas-Bôas.

Tuca Arena, Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, São Paulo

http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/09/1920454-confira-a-programacao-do-forum-que-discutira-economia-limpa-no-brasil.shtml

SEMINÁRIO METROPOLITANO SOBRE GOVERNANÇA DE RISCOS E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – Santo André, dias 9 e 10 de outubro

O Seminário tem por objetivo discutir a agenda para a construção de um Plano Metropolitano de Adaptação às Mudanças Climáticas frente a desastres, articulada pela academia, por  autarquias e por  municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Serão abordadas as previsões climáticas na RM, adaptação e resiliência, a questão da água, a gestão de riscos e vulnerabilidades e as estruturas de governança. Haverá uma apresentação sobre o Plano Distrital de Adaptação de Bogotá, por Javier Sanchez. Apresentam e discutem os temas o prof. Tércio Ambrizzi, Délcio Rodrigues, Sandra Momm Schult, Jeroen Klink, Pedro Suarez, Fernando Nogueira e Luiz Antônio Costa. Os debates serão coordenados por Samia Sulaiman, Kátia Canil e Victor Marchezini. O evento é organizado pelo CECS – Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas.

Auditório 1, bloco Beta, do Campus Santo André, da Universidade Federal do ABC.

Inscrições em: https://goo.gl/forms/Q7pxSC05nOoLWSK12

http://reitoria.ufabc.edu.br/eventos/evento/seminario-metropolitano-sobre-governanca-de-riscos-e-adaptacao-as-mudancas-climaticas-outubro-2017/

PARA VER:

ONDE ESTÁ SEGUNDA? (WHAT HAPPENED TO MONDAY)

Futuro distópico dirigido por Tommy Wirkola, conhecido diretor de terror, com Noomi Rapace e Willem Dafoe. A história de sete irmãs gêmeas que vivem num mundo em crise de recursos onde só se permite um único filho. Na Netflix.

https://poltronanerd.com.br/filmes/critica-onde-esta-segunda-e-a-melhor-estreia-da-netflix-no-catalogo-de-filmes-de-agosto-59331

PARA VER E LER:

O PEQUENO PAÍS QUE ALIMENTA O MUNDO

Matéria com o capricho visual da National Geographic sobre a agricultura hi-tech holandesa. Conta os esforços de pesquisa e desenvolvimento que levaram o pequeno país a ser o maior produtor mundial de tomates e outras leguminosas; tudo isso com uma ínfima fração da área e da água usadas mundo afora. Especialmente educativo para quem fica contando as vantagens tecnológicas do agronegócio brasileiro.

http://www.nationalgeographic.com/magazine/2017/09/holland-agriculture-sustainable-farming/

PARA LER:

IMPACTOS DA EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO NO MATOPIBA

Iniciativa da ActionAid – metade do Cerrado brasileiro perdeu sua vegetação nativa. A expansão das monoculturas de soja, cana de açúcar e eucalipto favorecem a concentração das propriedades. A situação das comunidades tradicionais fica cada vez mais precária. Um bom e abrangente trabalho sobre um bioma menos charmoso internacionalmente do que a Amazônia, mas cada vez mais importante para nós.

http://semcerrado.org.br/wp-content/uploads/2017/09/1505227050ACTIONAID_MATOPIBA_PORT_WEB_05SET.pdf

QUAL O IMPACTO DE ZERAR AS EMISSÕES DO SETOR ELÉTRICO NO BRASIL

Instituto Escolhas em parceria com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) – de acordo com Sérgio Leitão, diretor do Escolhas: “O estudo ajuda a mostrar que a transição para um setor elétrico com emissões zero não trará maiores impactos econômicos ao Brasil, ao contrário da percepção existente. Isso se torna ainda mais importante quando se verifica que zerar essas emissões ainda significa uma grande ajuda para o país fazer a sua parte na luta contra as mudanças climáticas e o aquecimento global”.

O sumário executivo pode ser baixado de: https://goo.gl/TPH5mF

E o relatório completo de: https://goo.gl/nLG6RJ