#ClimaInfo, 3 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

“O PAÍS NECESSITA COMPREENDER O LICENCIAMENTO  AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO”

Fábio Feldmann, ex-secretário de Meio Ambiente de SP, e Suely Araújo, presidente do Ibama, assinaram um artigo ontem, da Folha de S. Paulo, concordando com a necessidade de uma Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Apontam que a propalada demora no processo de licenciamento é fruto do enfraquecimento dos órgãos reguladores que estão “com pouca capacidade de atender à crescente demanda dos setores público e privado”.

Lembram que 90% das licenças saem dos órgãos estaduais e municipais que têm menos quadros qualificados do que a União. E que “grande parte dos estudos (para obtenção das licenças) é demasiadamente extensa, muitas vezes de baixa qualidade e voltada mais para o diagnóstico do que à análise concreta dos impactos ambientais do empreendimento”. O resultado são licenças frágeis que acabam parando nos tribunais, retardando ainda mais o processo. Os autores enfatizam que para evitar a judicialização desses processos, é fundamental assegurar “a participação do Ministério Público e uma boa articulação entre a autoridade licenciadora e os órgãos necessariamente participantes como a Funai e o Iphan”.

A preocupação evidente dos autores é com a redação da Lei Geral que está tramitando na Câmara nesse momento que desfigura ao invés de fortalecer o sistema ambiental. O que é receita certa para um aumento da insegurança jurídica e de tragédias ambientais a serem pagas pela sociedade. E não por quem as provocou.

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1923157-o-desafio-do-licenciamento-ambiental.shtml

A CULPA DA TRAGÉDIA DE MARIANA É DAS SAMARCO, VALE E BHP

Miriam Leitão perguntou ao ministro Coelho Filho, das minas e energia, por que ele havia atribuído a uma fatalidade o rompimento da Barragem de Fundão? Aquela que matou 19 pessoas e cuja lama contaminou o Vale do Rio Doce e chegou até o Atol de Abrolhos. O ministro filho reafirmou o que disse, acrescentando que ele tem “muita dificuldade de acreditar que duas empresas, que são as maiores líderes de mineração do mundo, possam compactuar com esse tipo de prática”. Bem assim como a moça que matou três pessoas neste final de semana dirigindo com mais álcool no sangue do que permite a legislação e, ao mesmo tempo, falando ao celular, vai responder por homicídio doloso porque a lei entende que ela assumiu os riscos da sua conduta, a Samarco, a Vale e a BHP também assumiram riscos ,seja ao construir e manter uma represa que desabou, seja por subscrever os dirigentes que levaram ao desastre. Nenhuma das empresas apertou o gatilho. Mas colocaram uma arma carregada nas mãos de uma pessoa de sua inteira confiança.

http://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/energia-e-minas.html

HIDRELÉTRICAS NÃO PEDIRAM DESCULPAS AOS ÍNDIOS DO TELES PIRES

A Empresa de Energia São Manoel e a Companhia Hidrelétrica Teles Pires não compareceram à reunião com lideranças indígenas com as quais tinham se comprometido a pedir desculpas pelos impactos que as obras causaram às suas populações. Não foram e ainda mandaram ofícios negando responsabilidades sobre os impactos. O compromisso havia sido negociado com as lideranças quando da ocupação do canteiro de obras da usina de São Manoel em junho. O acordo foi assinado por representantes das empresas e pelo general Franklimberg Freitas, presidente da Funai. Aliás, a Funai também não foi na reunião. Nos ofícios, as empresas juram que estão fazendo e sempre fizeram tudo direitinho. No link do MPF, os ofícios e a resposta dos Munduruku.

http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/empresas-se-recusam-a-pedir-desculpas-a-indigenas-por-danos-de-usinas-no-teles-pires

TRENS DA NORTE-SUL ANDAM COM METADE DA CARGA

A Ferrovia Norte-Sul continua sendo o eixo do sonho de quem quer parar de queimar tanto diesel em rodovias. Uma matéria de Ana Estela Sousa Pinto publicada pela Folha de São Paulo conta do estado atual da estrada de ferro que deveria, como diz o nome, cortar o país de norte a sul. Hoje só é possível percorrer de trem os 1.500 km de Anápolis (GO) até Açailândia (MA) e, de lá, pela Ferrovia de Carajás, até o porto de Itaqui (MA). O problema levantado por Ana Estela é que ainda há pouca carga para muito trem. Isso basicamente porque a ferrovia ainda fica longe dos centros de produção de soja e milho, mais a oeste, no Mato Grosso. A matéria diz que a ferrovia é mais um ponto favorável à expansão do agronegócio para a região do Matopiba, mais especificamente em direção aos cerrados do Tocantins, e conta a experiência de uma cooperativa do Paraná que já bateu as metas previstas por seus associados e já parte para ampliações das suas unidades de armazenagem e transbordo.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1922998-norte-sul-tenta-fazer-carga-chegar-ate-os-trilhos-para-otimizar-capacidade.shtml

OS AVANÇOS LENTOS DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL

Passada a etapa dos registros, a validação das informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR) está andando devagar e preocupa especialistas por impactar o cronograma dos Planos de Regularização Ambiental (PRA). É responsabilidade dos estados acordarem os PRAs com os proprietários e, para os mesmos especialistas, isso precisa começar a acontecer independente do CAR estar validado. Claro que, em havendo discrepâncias, o PRA precisará ser ajustado mais à frente. Pelo que se tem até o momento, boa parte dos CARs não trarão problemas. Assim, começar a regularização é fundamental para que o pacote todo não fique vulnerável a ataques da bancada ruralista em nome dos poucos que erraram a mão, com ou sem dolo. O CAR já tem mais de quatro milhões de imóveis inscritos ,cobrindo metade do território nacional, 444 milhões de hectares. A estimativa do governo é que 80% dos imóveis tenham algum tipo de passivo ambiental a ser regularizado.

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2017/09/30/139009-validacao-do-car-realidade-e-desafios.html

ENSINANDO VEÍCULOS A ANDAREM SOZINHOS NO BRASIL E LÁ FORA

Neste final de semana, O Estado de S. Paulo publicou três artigos interessantes sobre o desenvolvimento de veículos autônomos. Aqui no Brasil, um pessoal de São Carlos está desenvolvendo e implantando software para tratores rurais e para caminhões de mineradoras. São dois nichos de mercado interessantes por terem ciclos de translado bem definidos e em rotas com poucas intercorrências potenciais. Lá fora, a disputa entre Google, Uber e outras continua acirrada. A segunda matéria é sobre o Uber, que está bancando a startup mais valiosa do momento, estimada em cerca de US$ 70 bilhões. A meta é ter carros autônomos disponíveis para o mercado em cinco anos.

Um dos problemas que virão diz respeito aos, hoje, dois milhões de motoristas que prestam serviços via Uber no mundo todo, o que pode abalar ainda mais a reputação da empresa. A terceira matéria conta da experiência da jornalista em andar num dos protótipos do Uber em Pittsburgh nos EUA. O passeio contou com um dos técnicos com as mãos bem perto do volante e os pés tocando os pedais para o caso de um bug no software, ou uma situação ainda não completamente codificada. Na voltinha de 15 minutos, o técnico precisou intervir seis vezes.

http://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,no-brasil-1-startup-de-veiculos-autonomos-surge-em-sao-carlos,70002022392

http://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,para-garantir-seu-futuro-uber-acelera-corrida-pelo-carro-sem-motorista,70002022388

http://link.estadao.com.br/noticias/cultura-digital,o-carro-autonomo-ainda-nao-e-tao-independente-assim,70002022395

RENOVÁVEIS INGLESAS BATEM OUTRO RECORDE DE GERAÇÃO

No segundo trimestre deste ano, a geração renovável – eólica, fotovoltaica, por biomassa ou resíduos – no Reino Unido respondeu por quase 30% de toda a eletricidade gerada. O resultado foi uma combinação de ventos mais fortes e que duraram mais tempo com uma demanda mais baixa. No final de junho, houve um aumento de capacidade instalada total, agora em 38 GW. Metade do aumento veio das eólicas offshore e um quarto das fotovoltaicas. Já é consenso que a eólica offshore é a fonte de eletricidade mais barata, abaixo das térmicas a carvão e a gás natural. Claro que esta conclusão não pode ser estendida automaticamente a todo lugar, porque os ventos do Mar do Norte têm constância e velocidade especiais.

http://www.independent.co.uk/news/business/news/renewable-energy-electricity-new-record-uk-wind-solar-a7972266.html

LUZ RENOVÁVEL E ECONÔMICA PARA TODOS NA ÍNDIA

Até pouco tempo, um terço da população indiana não tinha acesso à eletricidade. O governo de Narendra Modi acaba de lançar um programa que promete colocar eletricidade em todas as casas até o final do ano que vem. Onde não der para esticar o fio, o programa prevê a instalação de painéis fotovoltaicos, baterias e lâmpadas LED econômicas. Isso significa levar energia a 30 milhões de casas, 20% em cidades e 80% na zona rural. O investimento estimado é de US$ 2,5 bilhões. Comparado com o que aconteceu nos últimos anos, o programa tem que andar num ritmo seis vezes mais rápido. O kit atual tem um painel de 200 a 300 W, uma bateria que aguenta oito horas, cinco lâmpadas LED, um ventilador e uma tomada em corrente contínua. Se a moda pega…

https://www.pv-tech.org/news/india-to-electrify-every-home-by-december-2018-using-solar-storage-and-leds

http://economictimes.indiatimes.com/industry/energy/power/nearly-six-fold-jump-in-electrification-pace-needed-to-meet-saubhagya-targets/articleshow/60888259.cms

A DISTRIBUIÇÃO INJUSTA DOS EFEITOS DA MUDANÇA DO CLIMA

O aumento da temperatura média global não está sendo distribuído uniformemente e, pelo contrário, está afetando bem mais os países menos desenvolvidos, exatamente os mais vulneráveis. Uma pesquisa analisou dados levantados ao longo de 65 anos em 180 países e revelou uma relação não linear entre temperatura e desenvolvimento. Nos países de clima mais quente, em geral os menos desenvolvidos, o aumento da temperatura reduz a produção per capita e tem efeito duradouro. Por exemplo, em países com temperatura média anual em torno de 25°C, como Bangladesh, Haiti e o Gabão, um aumento de 1°C reduz a produção per capita em 1,5%, e essa perda perdura por cerca de sete anos. Os principais impactos da temperatura levados em conta no trabalho são a diminuição da produção agrícola, a redução da produtividade humana, o impacto na saúde e a diminuição do investimento feito no país. Esses são resultados do capítulo 3, lançado na semana passada pelo FMI, como parte de sua publicação World Economic Outlook.

https://blogs.imf.org/2017/09/27/the-unequal-burden-of-rising-temperatures-how-can-low-income-countries-cope/

http://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2017/09/19/world-economic-outlook-october-2017