#ClimaInfo, 10 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

ENERGIA RENOVÁVEL FAZ BEM PARA A SAÚDE DAS PESSOAS E DOS COFRES PÚBLICOS

Acaba de ser publicado um estudo na Nature Energy sobre o quanto a expansão das eólicas e fotovoltaicas acaba por evitar problemas de saúde e mortes prematuras por substituírem térmicas fósseis e suas emissões de poluentes. Os autores estimaram que, entre 2007 e 2015, foram evitadas entre 3 mil e 13 mil mortes prematuras. Juntando com as internações e dias parados por problemas respiratórios, houve uma economia superior a US$ 30 bilhões nesse período. Os autores também olharam para os subsídios dados às renováveis. Por exemplo, em 2013, estes somaram US$ 11,5 bilhões, mas evitaram despesas e prejuízos que somam US$ 13,1 bilhões, o que não deixa de ser um bom negócio. Aqui no Brasil a conta teria que ser diferente ou, então, regionalizada. Em São Luís e Fortaleza, capitais encostadas em usinas a carvão, talvez a conta fosse assemelhada. Mas nas nossas grandes metrópoles, o vilão é o diesel de caminhões e ônibus e, pelo menos por ora, sol e vento ainda não tocam esses veículos.

https://www.nature.com/articles/nenergy2017134

http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,estudo-liga-energia-menos-poluente-a-reducao-de-mortes,70002029705

 

UMA VISÃO SOBRE O CARRO ELÉTRICO NO BRASIL

Marina Mattar, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Abiquim, escreveu um artigo interessante no Valor de ontem, defendendo mais transporte público e, principalmente, os veículos elétricos e seu compartilhamento. Se mostrou preocupada com o fato de que “as autoridades tendem a tratar com certo descaso os investimentos em transportes públicos e a afirmar, na contracorrente, que o carro elétrico não terá futuro entre nós”. Interessante que chama a atenção para a mudança na relação do público jovem com o carro, que não é mais um símbolo de status. E coloca quase que um desafio ao apontar as reservas de lítio no Brasil que, maiores que as dos EUA, poderiam ser objeto de incentivos para a fabricação de baterias, evitando que o lítio se torne outra commodity como tantos outros minérios que exportamos sem agregar maior valor.

http://www.valor.com.br/opiniao/5147424/andar-de-carrocas-de-novo

 

GARANTIR A POSSE DA TERRA PARA COMUNIDADES É PRESERVAR FLORESTAS

Acaba de nascer a Tenure Facility para atuar junto a comunidades tradicionais no sentido de garantir seus direitos coletivos de posse da terra e da floresta. E nasce com ações em vários países no Sudeste Asiático, na América Latina e na África que, durante a fase de incubação, garantiram o direito a uma área total de dois milhões de hectares em seis países. A nova diretora executiva, Nonette Royo, disse que “pesquisas mostram, uma atrás da outra, que as populações indígenas são as que melhor zelam por suas terras e, incansavelmente, vêm cuidando dos recursos dos quais dependeremos por séculos”.

Uma matéria da Deutsche Welle sobre a nova organização deu um destaque especial ao papel de liderança das mulheres nas comunidades que mais bem preservam a floresta. “As mulheres sempre foram responsáveis pela produção de alimentos, por buscar a água, pelo uso de ervas medicinais. As mudanças climáticas desequilibram esses recursos naturais, com os quais as mulheres se relacionam diretamente para cuidar da família… Ao mesmo tempo, também são elas que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas”.

http://thetenurefacility.org/article/1941-2/

http://www.dw.com/pt-br/as-mulheres-na-preservação-das-florestas/a-40846878

 

NOVO SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO QUER ARRENDAR ÁREAS DO INSTITUTO FLORESTAL

O novo Secretário Estadual do Meio Ambiente do estado de São Paulo, Maurício Brusadin, deu uma entrevista interessante a Giovana Girardi do O Estado de S. Paulo na semana passada. Perguntado se manteria a intenção de vender áreas do Instituto Florestal, como queria seu antecessor e, pelo menos na época, o governador Alckmin, alegando que a despesa com a manutenção era grande e que o estado precisava gerar caixa, Busadin disse que pretende arrendar as áreas e deixar a iniciativa privada buscar aumentar a produtividade, acrescentando que “essas unidades são para produzir resina ou madeira, mas com mais eficiência. Ninguém vai colocar árvore no chão. Longe de mim”. Em todo caso, Busadin disse querer ouvir mais gente da área e de universidades antes de lançar um edital.

http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/meu-autoritarismo-e-ampliar-o-dialogo-diz-secretario-do-meio-ambiente/

 

NEGACIONISMO DISTORCE E AMEAÇA A TRANSPARÊNCIA DA CIÊNCIA

Em vários episódios ao longo deste ano, blogs e sites de negacionistas pegaram trabalhos científicos publicados em revistas de excelência e distorceram e tiraram os resultados de seu contexto para soltar manchetes e notícias falsas. Muitas acabaram viralizando, em que pese os desmentidos e desautorizações. Daí que está acontecendo uma discussão entre cientistas sobre até onde devem publicar seus estudos e, assim, evitar que os negacionistas aproveitem para avançar sua agenda. Em contrapartida, não existe arma antinegacionista melhor do que a própria ciência e seu zelo pela qualidade do que é publicado.

Por falar em negacionistas, Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, disse um dia desses que tinha esperança que os recentes furacões e a devastação provocada pudessem sensibilizar Trump e o congresso republicano quanto à ameaça climática ser séria e já estar ocorrendo.

https://eos.org/features/rise-of-distorted-news-puts-climate-scientists-on-their-guard

http://www.reuters.com/article/us-un-usa-climatechange/u-n-chief-hopes-storms-will-sway-climate-skeptics-like-trump-idUSKBN1C92HO

 

AVANÇOS DO PLANO CLIMÁTICO FRANCÊS

Nicolas Hulot, o Ministro francês para a Transição Ecológica e Solidária, detalhou um pouco mais o Plano Climático da França que tinha sido anunciado no começo de julho. Além de não emitir permissões para novas explorações de fósseis em território francês, Hulot quer que o país cesse toda exploração destes combustíveis até 2040. Ele também reforçou a intenção de retirar veículos poluentes do mercado, alinhar a taxação do diesel à da gasolina e dar incentivos para a renovação de edificações e casas. Pelo novo orçamento do governo francês para 2018, Hulot operará com um total de € 20 bilhões (R$ 74 bilhões) que devem ser assim distribuídos: € 8,5 bilhões para edificações, € 7 bilhões para renováveis e € 3,5 bilhões para transportes.

http://www.gouvernement.fr/argumentaire/paquet-solidarite-climatique-quatre-mesures-concretes-pour-les-foyers-modestes

 

NOVA YORK PLANEJA ZERAR SUAS EMISSÕES LÍQUIDAS ATÉ 2050

Nova York assumiu a ambição de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 1,5°C e a transformou em uma meta para a cidade: cortar 80% das suas emissões até 2050, tomando como base as emissões em 2005, e compensar os 20% restantes. O prefeito Bill de Blasio anunciou as diretivas para os próximos três anos envolvendo todas as instâncias de sua administração. Vão mexer no código de obras, na geração de eletricidade e no transporte, além de adotar medidas de eficiência. Separaram US$ 10 milhões para instalar pontos de recarga rápida de veículos elétricos. Nas palavras de Daniel Zarrilli, diretor da política climática do governo municipal, “dada a inação do governo federal para com a mudança do clima, ficou ainda mais importante que cidades como Nova York tomem a responsabilidade de cumprir o Acordo de Paris”.

http://www1.nyc.gov/assets/sustainability/downloads/pdf/publications/1point5-AligningNYCwithParisAgrmtFORWEB.pdf

http://www.climatechangenews.com/2017/10/03/new-york-city-aims-carbon-neutral-2050/

 

CAPTURA ENZIMÁTICA DE CO2

A CO2 Solutions anunciou que vai instalar um piloto de sua tecnologia de captura de dióxido de carbono de chaminés que usa um processo enzimático patenteado. O que vem sendo testado até agora consiste em bombear todo o gás de uma chaminé e enterrá-lo em formações geológicas que prendam o dióxido por séculos embaixo da terra. A CO2 Solutions emprega uma enzima que funciona separando o gás, exatamente como na respiração animal. O gás separado é resfriado e ocupa muito menos espaço. O piloto vai ser instalado na chaminé de uma fábrica de papel e celulose, e o dióxido de carbono extraído vai ser levado até as estufas das sementeiras da fábrica onde uma parte razoável será fixada nas mudas.

http://www.co2solutions.com/uploads/file/1b32ceb061c80fedde7d6d459e4c761baf7d706c.pdf

 

OS PLANOS ELÉTRICOS DA VW E DA FORD

A Volkswagen, além de desenvolver seus veículos híbridos e elétricos puros, está investindo em baterias. A empresa projeta um preço abaixo de US$ 100/kWh até 2020, bem menor que o preço atual de US$ 180 e uma autonomia típica acima de 400 km. A VW está deixando de lado as baterias de Li-íon, dominantes no mercado, e projetando baterias de estado sólido até 2024.

Por seu lado, a Ford anunciou que, além dos US$ 4,5 bilhões de capital que havia separado para o desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos, transferirá um terço do orçado para motores a combustão interna para os elétricos. A empresa entende que fabricar um elétrico ocupa metade do espaço de fábrica, requer metade do capex (investimento de capital) na linha de produção e requer 30% menos mão de obra.

http://shareholder.ford.com/~/media/Files/F/Ford-IR-V2/events-and-presentations/2017/10-03-2017/Ford-CEO-Strategic-Update-presentation.pdf

https://www.volkswagenag.com/presence/investorrelation/publications/presentations/2017/09-september/20170922_Exane_BNP_Paribas_RS_London_Presentation.pdf

 

PRODUZIR CARNE REQUER MUITA ÁREA E ESTÁ DESTRUINDO O PLANETA

O WWF publicou um relatório sobre a produção de proteína animal, de boi, porco e frango e o custo ambiental da produção da ração para toda a criação. Além da quantidade enorme de terra e água, o relatório ainda revela a perda de qualidade dos animais. Por exemplo, a quantidade de ômega-3 em um frango “de antigamente” é hoje encontrada em seis frangos de granja industrial. O trabalho ganhou o sugestivo título de “Apetite para Destruição”. No que tange à produção de animais e de rações, o WWF lembra a pressão criada sobre áreas de vegetação nativa, como na Amazônia, na bacia do Congo e aos pés do Himalaia. O policy manager para alimentos do WWF, Duncan Williamson, disse que “o mundo está consumindo mais proteína animal do que precisa e isso está causando um impacto devastador no meio ambiente”. A continuar nessa toada, estima-se que o mundo gastará US$ 1,32 trilhões anualmente por volta de 2050. Peter Stevenson, da Compassion in World Farming, afirma que existem muitos custos escondidos ao longo da cadeia de produção de proteína animal e que estes precisam vir à tona e serem contabilizados. Principalmente os custos ambientais que são, na maioria das vezes, simplesmente ignorados.

https://www.wwf.org.uk/sites/default/files/2017-10/WWF_AppetiteForDestruction_Summary_Report_SignOff.pdf

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/05/vast-animal-feed-crops-meat-needs-destroying-planet

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/07/feeding-grain-to-farm-animals-wastes-more-than-1bn-a-year-data-shows