ClimaInfo, 25 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

TEMER ANUNCIA AÇÕES AMBIENTAIS NO MÍNIMO QUESTIONÁVEIS

Entrando no clima da COP-23, Temer aproveitou a cerimônia de assinatura do decreto que autoriza trocar partes das multas aplicadas pelo Ibama e o ICMBio por serviços de proteção e restauração ambiental para se vangloriar de ser um defensor do meio ambiente. Listou uma série de “conquistas” como a do desmatamento ter aumentado menos, ter ratificado o Acordo de Paris e ter arquivado o projeto da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Também colocou no seu currículo ter protegido mais a Chapada dos Veadeiros, ter protegido mais a fauna do arquipélago dos Alcatrazes e outras ações menores.

O jornalista Claudio Angelo usou sua mais fina pena para desmontar o discurso, pedaço por pedaço. Temer não se deu conta que um incêndio criminoso tinha acabado de destruir 22% da vegetação na Chapada que, no discurso, tinha ficado mais protegida; não lembrou que assinou a amputação do Jamanxim nem do projeto de lei que enfraquece o licenciamento ambiental, esqueceu da sua tentativa de extinguir a Renca e da lei que anistia a grilagem.

http://scienceblogs.com.br/curupira/2017/10/homem-legenda-le-o-artigo-de-temer/

http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/noticias/2017/10/brasil-mais-verde-confira-as-conquistas-do-governo-na-gestao-do-meio-ambiente

https://theintercept.com/2017/10/20/governo-finge-esquecer-retrocessos-ambientais-e-comemora-16-de-queda-no-desmatamento-da-amazonia/

 

ORÇAMENTO DE 2018 CORTA VERBAS PARA UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E CONTROLE DO DESMATAMENTO

No orçamento que o Planalto está preparando para o ano que vem, o que vai sobrar para o Ministério do Meio Ambiente é 29% menor do que a média dos últimos anos e mais, a verba alocada para as unidades de conservação cairá pela metade. Isso em relação ao orçamento de 2017, o menor da história, até agora. A Bolsa Verde vai ficar mais um ano sem recursos. Se isso é o fruto de um governo que protege o meio-ambiente, imaginem se vier um que assumidamente destrói.

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/10/1929684-temer-pode-cortar-50-de-verba-para-unidades-de-conservacao-diz-estudo.shtml

http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/orcamento-para-combate-ao-desmatamento-pode-ter-queda-de-57-em-2018/

 

GOVERNO ANTECIPA ENERGIA DE BELO MONTE E IMPORTAÇÃO DA ARGENTINA

Até agora, em outubro choveu menos do que se esperava. Os reservatórios do sistema Sudeste–Centro Oeste, que começaram o mês acima de 24% de capacidade, agora estão com menos de 19%. O racionamento de 2001 foi acionado porque os reservatórios chegaram a 20%.

Gatos escaldados, que aprenderam com o governador Alkmin a nunca admitir um racionamento, declararam que vão importar mais energia da Argentina e correr para ligar as turbinas que faltam de Belo Monte.

Para azar do Operador do Sistema, um problema na linha de transmissão de Jirau e Santo Antônio vai tirar metade da energia que as usinas poderiam entregar.

Técnicos estimam que ninguém decretará um racionamento antes do final do período de chuvas, no fim de março.

Os gatos escaldados duvidam que se decrete o racionamento durante a campanha eleitoral do ano que vem. O que significa que o volume morto pode volta à vida cotidiana, desta vez do país inteiro.

https://oglobo.globo.com/economia/com-pouca-chuva-governo-antecipa-entrada-de-mais-energia-de-belo-monte-importa-da-argentina-21983259

http://www.ons.org.br/pt/paginas/energia-agora/carga-e-geracao

 

ANEEL ANUNCIA REAJUSTE DAS BANDEIRAS TARIFÁRIAS JÁ PARA NOVEMBRO

Em outubro, a falta de chuvas fez o sistema elétrico acionar muitas térmicas a gás e, pela primeira vez desde que foi criado, em outubro será cobrada a bandeira vermelha nível 2 no valor de R$ 3,50 a cada 100 kWh de consumo. Mesmo assim, os agentes do mercado garantem que a bandeira não remunera o sistema e o gás queimado. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica anunciou o novo valor para as bandeiras. A bandeira vermelha nível 2 vai continuar valendo em novembro e custará 43% mais caro, R$ 5,00 para cada 100 kWh de consumo. A bandeira vermelha nível 1 continua valendo R$ 3,00 a cada 100 kWh e a amarela caiu para R$ 1,00. Tirando a bandeira vermelha nível 2, as outras mudanças vão a consulta pública.

http://www.aneel.gov.br/sala-de-imprensa-exibicao/-/asset_publisher/XGPXSqdMFHrE/content/aneel-propoe-revisao-das-bandeiras-tarifarias/656877

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/10/24/aneel-bandeira-vermelha-conta-de-luz.htm

 

PARA QUE SERVEM JARDINS VERTICAIS

Uma entrevista interessante com o paisagista Guil Blanche, da empresa Movimento 90o, fala sobre os jardins verticais, aqueles que o prefeito de São Paulo quis que uma empresa implantasse ao longo da Av. 23 de Maio como compensação ambiental por ter cortado várias árvores de um terreno.

A polêmica se deu a partir do entendimento que a tal compensação se referia às emissões de gases de efeito estufa e, sem muita discussão, mostrou-se que as árvores destruídas emitiram mais gases do que os jardins verticais seriam capazes de reabsorver. Mas Guil estende a ideia de compensação para incluir temperatura, poluição e outros atributos e dar um brilho aos jardins.

Só que ele deixa em aberto o quanto aquelas finadas árvores contribuíam para esses mesmos aspectos para que se possa avaliar se compensa ou não trocar árvores por jardins verticais.

http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,paisagista-diz-que-ha-ataque-politico-contra-jardins-verticais-e-corredores-verdes,70002057242

 

OS TRILHÕES DE PREJUÍZOS COM DESASTRES NATURAIS NOS EUA

O site da NOAA (a sigla em inglês da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) tem uma página que contabiliza os custos em vidas humanas e em dinheiro dos eventos climáticos que têm atingido os EUA desde 1980 e que custaram mais de US$ 1 bilhão. Até agora, pelos critérios da NOAA, 2017 está sendo o ano mais caro, mais de US$ 400 bilhões em 15 eventos. Na série, só 2011 teve mais eventos (16), 2005 teve o maior número de mortes (2002), a grande maioria vítimas do Katrina, e o maior custo. Mas há que se lembrar que o site ainda não contabilizou os danos dos três grandes furacões deste ano – Harvey, Irma e Maria, e que nem a temporada de furacões e tornados nem o ano ainda acabaram.

A dica do site é de Erich Holthaus e traz um mapa dos EUA indicando os eventos deste ano.

https://twitter.com/EricHolthaus/status/922533958272847872

https://www.ncdc.noaa.gov/billions/

https://www.ncdc.noaa.gov/billions/events/US/1980-2017

 

VALE E OUTRAS GRANDES DA NAVEGAÇÃO INTERNACIONAL BLOQUEIAM INICIATIVAS PRÓ-CLIMA

A navegação internacional responde por 3% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa e vem sofrendo pressões da Conferência das Partes (COP) para tomar ações que limitem estas emissões.

A grande dificuldade é que, por ser uma atividade que se dá principalmente em águas internacionais, nenhum país tem jurisdição sobre as empresas.

Em função do Acordo de Paris, tanto em 2015 quanto no ano passado, a IMO (Organização Marítima Internacional) fez gestos de boa vontade para com a Conferência, publicando um mapa do caminho para o aumento de eficiência e otimização logística, além de outras medidas para reduzir sua pegada de carbono.

O pessoal da Influence Map, uma organização que acompanha os movimentos da navegação, denunciou algumas das maiores corporações do setor por estarem tomando o lugar dos governos e agirem agressivamente para impedir, postergar e diluir qualquer compromisso da IMO no sentido de atender às demandas de mitigação de emissões.

Das grandes navegadoras, a Maersk, líder de mercado, e a Stena Line sueca são as únicas a apoiarem ações de mitigação.

Segundo a Influence Map, a brasileira Vale e a chinesa Cosco batalham constantemente para avançar a agenda corporativa em detrimento de compromissos que os países queiram assumir.

https://influencemap.org/report/Corporate-capture-of-the-IMO-902bf81c05a0591c551f965020623fda

http://www.climatechangenews.com/2017/10/23/un-shipping-climate-talks-captured-industry/

 

COMPARTILHAMENTO DE BICICLETAS DE STARTUP CHINESA JÁ VALE BILHÕES

Uma startup chinesa de compartilhamento de bicicletas, a Ofo, resolveu o problema de ter que encontrar uma estação toda vez que quiser pegar ou devolver uma bike. Ela colocou um QR Code nas bicicletas e é só aproximar o leitor no app do celular para o sistema liberar a trava. Ou, retravá-la. O sucesso veio em velocidade chinesa e a empresa acaba de captar US$ 700 milhões para expandir o negócio para outros países. Só em Beijing, a Ofo tem um milhão de bikes que são alugadas pelo equivalente a R$ 0,48 a cada meia hora.

Perguntada se pretende vir para o Brasil, a vice-presidente Nicole Nun disse que existem planos, mas que, antes, querem escolher o melhor conjunto de modelos para cada cidade. Isso contempla oferecer elétricas para cidades com ladeiras ou com pneus mais largos para balneários com praias. Estima-se que a Ofo já tenha atingido o valor de mercado de US$ 2 bilhões.

http://www.valor.com.br/empresas/5166638/chineses-dao-novo-impulso-bicicletas#

 

A QUEDA CONTÍNUA DO PREÇO DA ENERGIA SOLAR AGORA E NO FUTURO

Em relatório recém-lançado, os analistas da Irena (sigla em inglês da Agência Internacional de Energia Renovável) preveem que o preço da energia fotovoltaica cairá mais 60% na próxima década. Isso com um acréscimo de capacidade anual entre 80 a 90 GW nos próximos cinco anos. A Irena prevê que o custo das baterias também cairá, por volta de 60%, até 2026.

No ano passado, a Bloomberg noticiou que, num leilão no México, o preço ganhador tinha sido de 3,6 cents de dólar por kWh. No último leilão, na Arábia Saudita neste mês, todas as propostas eram menores que isso. E o vencedor ofereceu metade, 1,79 cents de dólar por kWh. Analistas dizem que 3 cents de dólar por kWh é o novo teto para parques solares de grande porte.

Em tempo: nossa tarifa residencial varia acima de 8 cents de dólar por kWh.

https://www.reuters.com/article/singapore-energy-solar/solar-costs-to-fall-further-powering-global-demand-irena-idUSL4N1MY2F8

https://thinkprogress.org/stunner-lowest-price-solar-power-f3b620d04010/

 

GRANDE PLANTA FOTOVOLTAICA ITALIANA NA ETIÓPIA

A elétrica italiana Enel vai construir uma planta fotovoltaica de 100 MW no interior da Etiópia que fará parte do plano de descarbonização da eletricidade etíope. O plano, conhecido por GTP2 (Second Growth and Transformation Plan), quer instalar 12 GW renováveis até 2020, incluindo fontes fotovoltaicas, eólicas e geotérmicas. Isto sem contar o potencial de mais de 40 GW hidrelétricos ao longo do Nilo e dos três grandes rios que descem das montanhas em direção ao sudeste até a Somália.

http://www.rechargenews.com/transition/1369690/enel-in-line-for-100mw-pv-array-as-ethiopia-seeks-renewables