ClimaInfo, 26 de outubro de 2016

ClimaInfo mudanças climáticas

EMISSÃO DE GASES-ESTUFA SUBIU 9% NO BRASIL EM 2016

AGRO RESPONDE POR 74% DAS EMISSÕES DO PAÍS

As emissões brasileiras de gases de efeito estufa subiram 8,9% no ano passado impulsionadas pelo aumento do desmatamento. Com isto chegaram a 2,28 bilhões de toneladas brutas de CO2, contra 2,09 bilhões em 2015, o maior nível desde 2008. O aumento é o segundo consecutivo: em 2015 as emissões já haviam crescido 3,4% em relação às de 2014.

Isto aconteceu em meio à crise econômica, que, esperava-se, levaria à sua queda. A elevação acumulada das emissões em 2015 e 2016 foi de 12,3%, contra uma queda acumulada de 7,4 pontos no PIB. Segundo os organizadores do Sistema de Estimativa de Emissões (SEEG) do Observatório do Clima, o “Brasil é a única grande economia do mundo a aumentar a poluição sem gerar riqueza para sua sociedade”.

A atividade agropecuária respondeu por chocantes 74% das emissões do País, sendo que o desmatamento provocado por esta atividade, sozinho, respondeu por 51% do total das emissões nacionais. Em contrapartida, o setor energético reduziu suas emissões em 7,3%.

O pessoal do SEEG diz que, se fosse um país, o agro brasileiro seria o oitavo maior poluidor do planeta, com emissões brutas de 1,6 bilhões de toneladas de CO2.

Sobre os resultados, o professor de relações internacionais da UnB, Eduardo Viola, disse que “tragicamente, chegamos em 2017, novamente à espantosa cifra de 11 toneladas de CO2 equivalentes per capita, superior ao da quase totalidade dos países europeus, cuja grande maioria tem uma renda per capita entre 2 e 5 vezes a do Brasil. A intensidade de carbono do PIB (PIB dividido pelas emissões) está novamente em níveis aberrantes para um país de renda média alta como Brasil”.

http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,emissao-de-gases-estufa-subiu-9-no-brasil-em-2016,70002059806

http://www.valor.com.br/brasil/5169346/desmatamento-faz-emissao-de-gas-do-efeito-estufa-subir-89-no-brasil?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=Compartilhar

http://m.folha.uol.com.br/ambiente/2017/10/1930070-cresce-emissao-de-gases-estufa-do-brasil-mesmo-com-queda-do-desmate.shtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=compfb

 

DESCARBONIZANDO O SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

A descarbonização da geração de eletricidade no Brasil até 2050 é viável e podem ser alcançadas reduções significativas de emissão de carbono já em 2030, conclui um estudo do Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) preparado para o Instituto Clima e Sociedade.

Mas não são poucos os desafios que precisam ser enfrentados. Entre estes, o INEE lista a reestruturação do setor elétrico atualmente em discussão, a elevação das taxas de juros de empréstimos de longo prazo do BNDES e a relativa baixa capacidade de armazenamento de água no atual sistema, que tem levado o Operador Nacional do Sistema a acionar mais e mais termelétricas, principalmente movidas a gás natural.

A importância da energia dos ventos e do Sol para a redução das emissões e – também – seus custos decrescentes tendem a aumentar a participação destas fontes na geração de eletricidade. Como estas têm baixo impacto ambiental e custo de operação marginal nulo, sua utilização tem prioridade e tende a reduzir a utilização de outras fontes de energia, o que pode reduzir a atratividade destas segundas aos potenciais investidores. No entanto, sua incorporação em larga escala desafia as estruturas tradicionais de políticas, mercado e regulação.

O relatório apresenta uma série de conclusões e recomendações para o enfrentamento dos desafios e para o que parece ser a principal dificuldade à incorporação em larga escala da energia dos ventos e do Sol ao sistema integrado: sua intermitência.

O relatório Decarbonizing the Brazilian Power Sector pode ser obtido no link abaixo.

http://www.inee.org.br/down_loads/about/Decarbonizing_09262017.pdf

 

CAMINHÃO ELÉTRICO DA VW REVELA NOVA VOCAÇÃO BRASILEIRA

Algumas empresas brasileiras encontraram uma oportunidade no projeto de caminhões e ônibus elétricos. A WEG e a Eletra entendem que o Brasil tem conhecimento e talento suficientes para criar um polo de produção e de exportação de veículos de transporte de carga e de passageiros movidos a eletricidade.

As duas empresas se juntaram à MAN, braço de transporte de cargas da Volkswagen, na criação do e-Delivery com capacidade para 11 toneladas de carga e voltado a entregas urbanas.

A Eletra produz trólebus há quase 30 anos e fornece também ônibus a baterias e híbrido no qual é possível acionar apenas o motor elétrico quando o veículo circular em centros urbanos.

A WEG exporta motores elétricos há mais de 40 anos, também os produz em outras partes do mundo e, no momento, negocia com outras montadoras o fornecimento de motores movidos a eletricidade para veículos.

Além do e-Delivery, a filial brasileira da MAN trabalha no desenvolvimento de caminhões híbridos.

http://www.valor.com.br/empresas/5168438/teste-com-caminhao-eletrico-da-volks-revela-nova-vocacao-brasileira

 

PRODUTORES DE BIODIESEL COBRAM PREVISIBILIDADE NA DEMANDA
Os produtores de biodiesel clamam por previsibilidade quanto ao comportamento da demanda quando discutem a mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil. O percentual atual de mistura é de 8% e o governo espera aumentar para 10% já em março de 2018, um ano antes da previsão inicial.

Em março de 2016, a presidenta Dilma alterou a lei que regulamentava a proporção de 7% na mistura de biodiesel no diesel, estabelecendo um cronograma que levaria o percentual a até 10% em 2019, meta que foi antecipada para 2018. O incremento para 10% de biodiesel ampliará em 25% a demanda de biodiesel em 2018, para 5,4 bilhões de litros.
“Não vemos problemas com a implementação do B10. Mas temos de começar a agir para alterar as regras de estoques reguladores”, afirmou Waldyr Barroso, diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

http://www.valor.com.br/agro/5168352/setor-de-biodiesel-cobra-do-governo-previsibilidade

 

EMPRESAS ‘AFUGENTADAS’ DA AMAZÔNIA DESTROEM O CERRADO

As poucas medidas que conseguiram contribuir para a redução da exploração da Amazônia para commodities como soja e carne bovina empurraram parte destas atividades para o cerrado.

Referindo-se a este processo, o príncipe Charles pediu a uma plateia composta por grandes empresários e representantes de vários governos que o cerrado do Brasil e outras áreas em risco em todo o mundo recebam maior proteção.

Na conferência organizada pelo príncipe em Londres, com a presença de países detentores de vastas florestas como Brasil, Gabão, Gana e Indonésia, um grupo de 23 empresas se inscreveu em uma nova resolução que busca deter a destruição do cerrado e garantir que qualquer nova exploração comercial da área no futuro seja sustentável e bem gerida. Entre os signatários encontram-se grandes varejistas e grupos do setor de alimentos como Walmart, Marks & Spencer, Sainsbury’s, Carrefour, McDonald’s, Nando’s, Nestlé e L’Oréal.

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/25/amazon-rainforests-prince-charles-cerrado-manifesto

 

QUEM FAZ MAIS PELO CLIMA NA AMÉRICA LATINA?

Da América Latina vem cerca de 10% das emissões globais. Os pesos-pesados da região, Brasil e México, ocupam, respectivamente, a sétima e nona posição no ranking global dos maiores emissores de carbono, ou mais da metade das emissões da região.

O Brasil parece não estar rumo a um caminho mais limpo, segundo o pesquisador da UnB, Eduardo Viola, a diretora-executiva do World Resources Institute Brasil, Rachel Biderman, e o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl.

Já a trajetória do México é avaliada como positiva: “O México trabalhou anos na implementação de uma política nacional para impulsionar a economia de baixo carbono, a mais avançada entre os latinos”, diz Viola. O país, que já cobra impostos daqueles que poluem mais, tem tudo para se tornar um polo mundial de difusão de boas práticas. Mesmo antes de assinar o Acordo de Paris, os mexicanos já sabiam quanto custaria a diminuição das suas emissões – cerca de 1,3 bilhão de dólares. Uma conta que nenhum outro país da América Latina fez, disse Pablo Vieira, diretor da NDC Partnership, iniciativa global para assessorar os países a baixar suas emissões.

O artigo da DW comenta também os casos da Costa Rica, Chile, Uruguai e Argentina.

http://www.dw.com/pt-br/quem-faz-mais-pelo-clima-na-am%C3%A9rica-latina/a-41096828

 

OBJETIVOS CLIMÁTICOS DAS GRANDES EMPRESAS GLOBAIS SÃO POUCO AMBICIOSOS

Quase nove em cada 10 das maiores empresas globais têm planos para reduzir suas emissões de carbono, mas apenas um quinto destas tem planos para 2030 e além. O Carbon Disclosure Project (CDP) revelou, também, que apenas 14% da sua amostra de 1.073 grandes empresas de todo o mundo tinha “metas baseadas em ciência”, isto é, metas para reduzir as emissões de carbono de acordo com o objetivo do Acordo de Paris de manutenção do aquecimento global abaixo de 2oC.

Apesar de não estarem vinculadas ao Acordo de Paris, muitas grandes empresas deram passos para reduzir suas emissões, investindo em energia renovável, reduzindo o desperdício e agilizando suas operações. Paul Simpson, diretor executivo da CDP, diz que “esta é uma ótima notícia para as empresas que aproveitam as oportunidades geradas pela economia de baixas emissões de carbono, mas o restante precisa acelerar o passo ou correrá sério risco”.

Segundo o CDP, os esforços empresariais continuarão, apesar do anúncio de retirada dos EUA do Acordo feito por Trump.

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/25/big-companies-climate-change-targets-are-unambitious-say-analysts

 

ITÁLIA SE COMPROMETE A BANIR USO DO CARVÃO ATÉ 2025

A Itália quer eliminar progressivamente as usinas de carvão até 2025, afirmou nesta 3afeira o ministro italiano da Indústria ao apresentar para consulta um documento sobre uma nova estratégia energética.

A nova estratégia energética, ainda em discussão, quer que 27% do consumo bruto de energia do país seja suprido por fontes renováveis até 2030. A estratégia, que deve ser aprovada pelo governo no início de novembro, também busca acelerar a introdução de veículos movidos a ‘combustíveis alternativos’ e pretende aumentar o número de estações de carregamento de veículos elétricos para 19 mil até 2020.

http://www.businesstimes.com.sg/energy-commodities/italy-proposes-phasing-out-coal-power-plants-by-2025

 

ÍNDIA BANE COMBUSTÍVEIS SUJOS NA ÁREA DE NOVA DELI

O tribunal superior da Índia proibiu, nesta 3a feira, o uso de coque de petróleo, um combustível ainda mais sujo que o carvão, na região do entorno de Nova Deli, em uma tentativa de limpar o ar de uma das cidades mais poluídas do mundo.

O tribunal também ordenou a implantação de normas de emissão rigorosas até o final de dezembro.

A decisão vem depois que a Autoridade de Proteção do Meio Ambiente (EPCA) recomendou ao tribunal, em abril, que proibisse este e outros combustíveis sujos devido aos seus altos níveis de enxofre.

A Índia é o maior consumidor mundial de coque de petróleo, combustível que emite 11% mais gases de efeito estufa do que o carvão. A queima do coque também emite várias vezes mais dióxido de enxofre. A demanda anual pelo combustível quase dobrou nos últimos quatro anos e atingiu 27 milhões de toneladas.

A Índia lidera o ranking global de mortes por poluição, de acordo com a The Lancet Commission on Pollution and Health, com 2,5 milhões de mortes precoces causadas pela poluição em 2015.

A proibição de venda e uso de petcoke, que entrará em vigor a partir de 1o de novembro, poderá atingir as indústrias de pequena e média escala do país, que empregam milhões de trabalhadores e operam em margens baixas nos setores de cimento, tingimento, papel, tijolos e cerâmica.

http://www.reuters.com/article/us-india-petcoke/india-bans-use-of-dirtier-coal-alternative-in-new-delhi-area-idUSKBN1CT1ND?feedType=RSS&feedName=environmentNews

 

DE OLHO NO PÓS-PETRÓLEO, SAUDITAS PROJETAM ZONA ESPECIAL DE US$500 BILHÕES

Na tentativa de se libertar da dependência das exportações de petróleo, a Arábia Saudita anunciou ontem um plano de US$ 500 bilhões para a construção de uma zona industrial e de negócios na costa do Golfo de Ácaba, perto da Jordânia e do Egito, que será totalmente alimentada por energia renovável e se concentrará em setores como energia e água, biotecnologia, alimentos, indústria avançada e entretenimento, informou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

O príncipe saudou a iniciativa como um exemplo do futuro inovador de alta tecnologia que ele prometeu para seu país. E disse que os jovens sauditas e a promoção do islamismo moderado são fundamentais para seu “sonho” de modernização do país, o maior exportador mundial de petróleo.

A Arábia Saudita precisará de enormes recursos financeiros e técnicos para implantar o plano na escala vislumbrada. Uma das fontes fundamentais de futuros recursos de investimento é a pretendida venda de uma participação de aproximadamente 5% na Aramco.
http://www.valor.com.br/internacional/5168534/de-olho-no-pos-petroleo-sauditas-projetam-zona-especial-de-us-500-bi

 

TRUMP COLOCARÁ ÁREA GIGANTE DO GOLFO DO MÉXICO EM LEILÃO PARA A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

O Washington Post diz que a administração Trump “fez história na 3a feira ao propor que quase 77 milhões de hectares no Golfo do México sejam disponibilizados para empresas que desejem explorar petróleo e gás – a maior oferta nos EUA”. O Departamento do Interior comparou as áreas a serem ofertadas com “o tamanho do Novo México” e disse que as primeiras áreas no Texas, Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida serão leiloadas em março do próximo ano. O Post lembrou que “esta parte do Golfo foi cenário do indiscutivelmente pior desastre ambiental na história dos EUA”. https://www.washingtonpost.com/news/energy-environment/wp/2017/10/24/trump-to-auction-off-a-vast-swath-of-the-gulf-of-mexico-to-oil-companies/?utm_term=.ab5d891f7321

 

TRUMP CRIA FARDO PARA CONTRIBUINTES AO NÃO ENFRENTAR MUDANÇA CLIMÁTICA

A relutância do governo Trump em enfrentar a mudança climática ameaça criar um enorme fardo para os contribuintes, pois a falta de planejamento das agências federais deixará o governo mal equipado para lidar com as consequências do aumento das temperaturas, de acordo com investigadores independentes do Congresso dos EUA.

O LA Times diz que o relatório divulgado pelo Government Accountability Office(GAO) apresenta uma “imagem sombria em que os custos econômicos das mudanças climáticas se espiralam cada vez mais nas próximas décadas”. A CNN ressaltou que o governo dos EUA gastou mais de US$ 350 bilhões na última década em resposta a eventos climáticos extremos e incêndios florestais.

O GAO estima que os EUA terão custos muito maiores ao longo dos anos futuros se as emissões globais de carbono não diminuírem.

http://www.latimes.com/politics/la-na-pol-climate-gao-20171024-story.html

 

CHEFE DO FMI CLAMA POR AÇÃO CONTRA MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O mundo terá grandes problemas se não agir contra a mudança climática e a desigualdade, alertou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. “Se não abordarmos essas questões… seguiremos a caminho de um futuro sombrio” dentro de 50 anos, ela disse na 3a feira em uma conferência econômica em Riyadh, Arábia Saudita. Lagarde disse que “seremos torrados, assados e grelhados” se o mundo não tomar “decisões críticas” sobre as mudanças climáticas.

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/25/we-will-be-toasted-roasted-and-grilled-imf-chief-sounds-climate-change-warning

 

Para ir ou acompanhar:

SEMINÁRIO DISCUTIRÁ AS RELAÇÕES ENTRE MUDANÇA DO CLIMA, ERRADICAÇÃO DA POBREZA E DESENVOLVIMENTO HUMANO

Hoje, 26, na Casa da ONU, RJ.

http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2017/10/20/semin-rio-discutir-as-rela-es-entre-mudan-a-do-clima-erradica-o-da-pobreza-e-desenvolvimento-humano/