ClimaInfo, 31 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

CONCENTRAÇÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA BATE NOVO RECORDE

A WMO (Organização Meteorológica Mundial) soltou um relatório mostrando que a concentração de CO2 na atmosfera está aumentando rapidamente, tanto assim que, em 2016, a rapidez desse aumento é a maior em quase um milhão de anos. A concentração média global chegou a 403,3 ppm (moléculas de CO2 por milhão de moléculas de todos os gases na atmosfera), um aumento de 3,3 ppm em um ano. O relatório avisa que um aumento desse tamanho pode levar “a disrupções ecológicas e econômicas severas” em um espaço curto de tempo. A WMO lembra que, em 2016, houve um El Niño forte que provocou ondas de calor e secas que reduzem a capacidade dos oceanos e da biosfera de remover CO2 da atmosfera. Além do CO2, o boletim aponta que a concentração de metano também cresceu rapidamente e atingiu 0,33 ppm, um nível mais de três vezes mais alto do que o encontrado antes da revolução industrial.

https://oglobo.globo.com/sociedade/planeta-bate-novo-recorde-de-concentracao-de-co2-na-atmosfera-22008142

http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,concentracao-de-gases-atinge-recorde-e-onu-anuncia-nova-era-climatica,10000083955

https://exame.abril.com.br/mundo/niveis-globais-de-co2-na-atmosfera-bateram-recorde-em-2016/

https://ane4bf-datap1.s3-eu-west-1.amazonaws.com/wmocms/s3fs-public/ckeditor/files/GHG_Bulletin_13_EN_final_1_1.pdf

https://public.wmo.int/en/media/press-release/greenhouse-gas-concentrations-surge-new-record

 

MUDANÇA DO CLIMA JÁ AFETA A SAÚDE DE MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO

Um grupo de especialistas monitora o impacto que as mudanças climáticas já estão causando na saúde humana para a famosa revista médica Lancet. O produto deste monitoramento lançado nesta semana mostra que, entre muitas outras coisas, entre 2000 e 2015, houve uma queda de 5,3% na produtividade do trabalho rural, a qual tirou quase 1 milhão de pessoas da força de trabalho; que entre 2000 e 2016, o número de pessoas que foram expostas a ondas de calor aumentou em 125 milhões; que a propagação da dengue aumentou acentuadamente nesse período e que a desnutrição é o maior impacto da mudança do clima posto que, para cada 1°C de aumento na temperatura média global, há uma queda de 6% na produtividade do trigo e 10% nas das safras de arroz.

A comunidade científica envolvida no relatório chamado “De 25 anos de inação a uma transformação global para a saúde pública” reforça a mensagem de que os esforços de mitigação de emissões e de limitação do aquecimento global representam a salvação de milhões de vidas humanas nos próximos tempos.

http://www.valor.com.br/internacional/5177190/mudanca-do-clima-ja-afeta-saude-publica-no-mundo

http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/aquecimento-global-melhorou-capacidade-do-aedes-de-transmitir-dengue/

https://oglobo.globo.com/sociedade/mudancas-climaticas-afetam-saude-de-milhoes-de-pessoas-diz-estudo-22012117

http://www.lancetcountdown.org/the-report

 

ONU MEIO AMBIENTE DIZ QUE GOVERNOS E OUTROS AGENTES PRECISAM AGIR URGENTEMENTE PARA CUMPRIR AS METAS DE PARIS

O conjunto das metas que os países assumiram junto ao Acordo de Paris representa apenas um terço do esforço necessário para limitar o aquecimento global em 2°C. Se todo mundo fizer estritamente o que prometeu, a temperatura global vai subir mais que 3°C antes de 2100.

Interessante é que a adoção de medidas de mitigação em setores chave nos quais o custo de redução das emissões é menor do que US$ 100 por tCO2 evitada, poderia reduzir as emissões globais em até 36 bilhões de tCO2 anualmente até 2030, mais que o suficiente para limitar o aquecimento em 2°C.

Estes são os principais destaques do 8o relatório do orçamento de emissões (emissions gap) lançado pela ONU Meio Ambiente (ex-PNUMA, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em preparação para a Conferência do Clima que começa na semana que vem.

Nas estimativas feitas pela ONU, para segurar o aumento de temperatura abaixo da ambição de 1,5°C, o mundo só poderia emitir entre 16 e 19 bilhões de tCO2. O relatório dá destaque, também, que é necessário que atores não governamentais assumam a corresponsabilidade para que não seja provocado um desastre maior.

O relatório da ONU retrata o Brasil, como um bom exemplo de país que está conseguindo manter sua proposta firmada no Acordo.  Isso é possível por conta da comparação com países cuja matriz energética é predominantemente fóssil. Porém como os recentes dados do SEEG mostraram, apesar da porcentagem importante de energias renováveis que o Brasil tem, a trajetória atual do país é ruim.

https://g1.globo.com/natureza/noticia/metas-do-acordo-de-paris-representam-um-terco-do-que-e-necessario-para-combater-mudancas-climaticas-diz-onu.ghtml

http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/melhor-cenario-de-corte-de-emissoes-de-co2-resolve-so-%E2%85%93-do-aquecimento-global/

http://web.unep.org/emissionsgap

http://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/22070/EGR_2017.pdf?sequence=1&isAllowed=y

 

A MUDANÇA DO CLIMA PROVOCA AUMENTO NA QUANTIDADE DE RAIOS EM SÃO PAULO

Estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) projetou uma mudança no padrão climático que mexe com a quantidade de raios que caem no estado de São Paulo. Os pesquisadores usaram dois cenários de mudança climática, um onde pouco ou nada é feito e a temperatura global aumenta bastante e outro, otimista, no qual o aquecimento global é controlado. O estudo mostra que nos dois cenários, a quantidade de raios aumenta para 80% acima da média histórica. Basicamente, o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera favorece a formação de nuvens do tipo cumulonimbus, as que têm maior tamanho vertical e que propiciam a ocorrência de raios. O verão de 2012 para 2013 registrou um dos períodos de maior quantidade de raios, um valor três vezes maior do que a então média histórica.

http://www.scirp.org/Journal/PaperInformation.aspx?PaperID=78877

http://agencia.fapesp.br/estado_de_sao_paulo_tera_maior_incidencia_de_raios_nos_proximos_30_anos/26491/

 

ACABAR COM O DESMATAMENTO NÃO PARA O PAÍS, MAS PODE CRIAR PROBLEMAS SOCIAIS LOCALIZADOS

O Instituto Escolhas apresentou ontem os resultados de um estudo que examinou os impactos econômicos e sociais que seriam causados se parássemos o desmatamento no país.

Os resultados mostram que, ao parar o desmatamento, o PIB brasileiro cai, mas muito pouco, e que a queda poderia ser compensada com avanços de produtividade nas lavouras e na pecuária. Por outro lado, ao analisar os impactos sobre o trabalhador rural, ficou evidente para os pesquisadores que o pessoal mais pobre e menos qualificado pode vir a sofrer mais do que o pessoal de extratos superiores. Assim, o estudo recomenda um olhar mais cuidadoso para com quem, ao final das contas, pode ficar com a parte mais pesada dos custos, exatamente o extrato mais vulnerável da população.

Desenvolvido por professores da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) em conjunto com o Imaflora, o estudo inovou ao associar os mais recentes modelos de uso e aptidão da terra com bases de dados da economia agrícola e, assim, alimentar um modelo econométrico que simula os impactos econômicos e sociais, tanto ao nível nacional como ao de cada estado. Assim foi possível simular dinâmicas como a ocupação de terras em função da sua aptidão agrícola. Também inovou ao usar os dados públicos do Cadastro Ambiental Rural para tratar dos déficits e superávits de áreas de Reserva Legal e APPs, conforme definidas no Código Florestal.

O estudo e o sumário executivo podem ser baixados dos links abaixo.

http://m.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1931697-eliminar-desmatamento-retiraria-06-do-pib-ate-o-ano-2030.shtml?mobile

http://escolhas.org/wp-content/uploads/2017/10/Escolhas-Sumário-Desmatamento-Zero-duplas.pdf

http://escolhas.org/wp-content/uploads/2017/10/171027_Relatório-vFinalsite.pdf

 

O TRÁGICO BALANÇO DOS INCÊNDIOS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Neste ano estamos assistindo a uma quantidade recorde de incêndios florestais. Só os que atingiram Unidades de Conservação já destruíram mais de um milhão de hectares, uma área maior que a contabilizada em todo o ano passado. A maior diferença veio do incêndio que acaba de ser controlado na Chapada dos Veadeiros depois de ter queimado 65 mil hectares, o que é o maior registrado até hoje por lá. A matéria d’O Globo mostra um gráfico comparando, mês a mês, os incêndios de 2016 com os de 2017.

https://g1.globo.com/natureza/noticia/area-de-unidades-de-conservacao-atingida-por-queimadas-ja-e-maior-que-a-do-mesmo-periodo-do-ano-passado.ghtml

 

PROPRIETÁRIOS RURAIS PROTESTAM CONTRA A AMPLIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS

Em junho, junto com a amputação do Jamanxim, Temer assinou uma ampliação da área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que passou de 65 para 240 mil hectares, buscando preservar um pouco do bioma Cerrado. Pelo menos 240 proprietários pequenos e médios se viram em situação irregular e muitos terão que sair de suas terras. Como em muitos lugares do país, vários não têm uma escritura definitiva, o que cria uma insegurança jurídica muito grande, pois correm o risco de perder a terra sem direito a uma indenização. Até o decreto de junho, o Parque, como tantas outras áreas de conservação, veio perdendo áreas. Quando foi criado, em 1961, ele tinha mais de 600 mil hectares. Muitos proprietários chegaram depois, acompanhando a lenta redução da área. Agora criou-se uma situação aguda. Existe no ar a suspeita de que o enorme incêndio no Parque foi criminosamente causado por um grupo desses proprietários. Que negam tudo, é claro.

http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,produtores-rurais-vao-a-justica-contra-ampliacao-de-parque-da-chapada,70002064469

 

QUASE DOIS ANOS DEPOIS, MAIS SOBRE OS ATINGIDOS PELO CRIMINOSO DESASTRE DE MARIANA

No próximo domingo, a tragédia em Mariana completa dois anos. A revista Época traz uma matéria do jornalista Bruno Calixto sobre a vida dos muitos atingidos pelo rompimento da barragem do Fundão. Bruno andou pelas comunidades de Bento Rodrigues, a primeira e mais atingida, Paracatu de Baixo, Barra Longa e arredores. Falou com os moradores de Bento que estão morando provisoriamente em Mariana. Para eles, dada a vida provisória e com muita coisa em andamento na justiça, o sentimento generalizado é de insegurança. Em algumas áreas a lama foi removida, mas em outras o trabalho não pode começar enquanto o Ministério Público considerá-las como provas do crime. Alguns recebem indenização e ajuda de custo. Outros, os que tinham atividades informais, estão sofrendo o dilema entre admitir as irregularidades e pleitear valores maiores, ou negá-las se contentando com indenizações menores. Além dos atingidos diretamente pela lama, Calixto fala do drama dos mais de mil funcionários que a Samarco mandou embora por estar proibida de retomar as operações. Boa parte desse pessoal continua morando em Mariana a espera que a justiça autorize a empresa a voltar a funcionar.

http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/10/vidas-provisorias-dos-atingidos-pelo-desastre-da-samarco-em-mariana.html

 

EXECUTIVO MARÍTIMO ACUSA SEUS PARES DE BOICOTAREM REDUÇÃO DE EMISSÕES

Andrew Craig-Bennett, executivo há 41 anos da indústria da navegação, provocou uma intensa polêmica na semana com o conteúdo de um artigo que escreveu para o site Splash 24/7 com o provocativo título “Podemos ser honestos quanto ao dano que estamos causando?”.

Craig-Bennett se refere a uma denúncia feita pela Influence Map sobre a IMO (Organização Marítima Internacional) estar infiltrada pela indústria da navegação que, basicamente, dita as políticas climáticas da organização.

O ClimaInfo já chamou a atenção para o fato da representação brasileira nas negociações ser fortemente influenciada pela Vale que, segundo a Influence Map, é das empresas que mais freia iniciativas de redução de emissões.

No seu artigo, Craig-Bennett basicamente confirma as acusações da ONG e dá detalhes, como a publicação e o uso de estatísticas propositalmente confusas sobre as emissões dos navios, e usa palavras bem duras para descrever as práticas dos seus “companheiros”.

Em tempo: o Splash 24/7 é um site de notícias e entrevistas da indústria da navegação marítima mundial.

http://splash247.com/can-honest-damage/

http://www.climatechangenews.com/2017/10/26/shipping-executive-deliberately-mislead-public-climate/

 

AVIÕES EXECUTIVOS SUPERSÔNICOS E SUPER POLUIDORES

Empresas de aviação europeias e norte-americanas estão desenvolvendo aviões supersônicos para os “1% dos 1%” do mercado de aviação executiva. Acontece que para acelerar o avião e mantê-lo em velocidades supersônicas gasta-se muito mais combustível do que em um avião de carreira. Não bastasse o aumento de emissões, elas acontecem em alturas bem mais elevadas na atmosfera, onde o impacto sobre o aquecimento global é maior. O Concorde, o último dos supersônicos comerciais, emitia três vezes mais CO2 e NOx do que um jato normal de carreira e contribuía cinco vezes mais para o aquecimento global. Apesar dos aviões executivos serem menores e mais eficientes do que o Concorde, ainda assim, estima-se que a pegada de carbono dos novos supersônicos será bem alta. Lembrando que a conta é feita em emissões por passageiro. A pegada do tal “1% dos 1%” será um horror. Fabricantes estimam um mercado entre 600 e 1.000 aviões desses até 2030. Como boa parte do espaço aéreo é internacional, ou seja, de ninguém, a ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional), tem o mandato da ONU para tentar regular e limitar as emissões da aviação, mas as fabricantes e potenciais compradores estão ajudando a definir as regulações e limitações. Dizem que o uber-executivo “sustentável” Richard Branson prometeu comprar dez desses foguetinhos.

http://www.climatechangenews.com/2017/10/27/supersonic-super-rich-super-polluting-next-generation-business-jets/

 

CADERNO ESPECIAL DO VALOR ECONÔMICO SOBRE ECONOMIA CIRCULAR

O Valor entrou para a rede da Solutions & Co/Sparknews, que se define como um business social que identifica projetos inovadores de impacto positivo. O primeiro link desta nota leva a um artigo sobre a economia circular. O caderno do Valor publica, também, uma série de artigos instigantes sobre projetos variados mundo afora, como jeans feitos para alugar e reciclar, a inovação promovida por um fazendeiro da África do Sul que cria vermes para fazer ração animal, ou sapatos veganos feitos a partir de garrafas plásticas. A Native, ligada ao Grupo Balbo, é o destaque brasileiro no caderno.

http://issuu.com/sparknews/docs/livreblanc_v8?e=26662905/54571853

http://www.solutionsandco.org/

http://www.valor.com.br/empresas/5172728/solucoes-para-fazer-negocios-mais-verdes

 

CADERNO ESPECIAL DA FOLHA SOBRE SUSTENTABILIDADE

A Folha de São Paulo publicou, ontem, um caderno especial sobre empresas que desenvolvem atividades sustentáveis como reciclagem, certificações e iniciativas que mexem com a precificação de emissões, seja através de créditos de carbono, seja através de financiamentos verdes. Entre as matérias, uma fala de empresas que comercializam legumes que iriam para o lixo por serem ‘feios’, outra do aumento de créditos para a economia verde e uma terceira sobre novas plataformas on-line para a negociação de créditos de carbono.

http://m.folha.uol.com.br/mercado/brasil-que-da-certo/sustentabilidade/

 

TEMPESTADE HERWART VARRE ALEMANHA, REPÚBLICA CHECA E POLÔNIA

Uma enorme tempestade, batizada de Herwart, entrou pelo norte da Alemanha e atravessou a República Checa e a Polônia neste final de semana. Até ontem, seis pessoas morreram em enchentes e deslizamentos. Um navio cargueiro de 225 metros foi arrastado pelos ventos e encalhou numa ilha alemã na costa do Mar Báltico. Empresas aéreas e ferrovias interromperam seus serviços deixando muita gente em aeroportos e estações de trem.

http://www.dw.com/en/storm-herwart-sweeps-across-germany-czech-republic-poland/a-41160734