ClimaInfo, 01 de dezembro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

POR QUE A TAXA DE DESMATAMENTO CAIU MAIS NO PARÁ DO QUE NO RESTANTE DA AMAZÔNIA?

No último ano, o desmatamento no estado do Pará caiu 19%; a queda é um pouco maior do que a alcançada no total do bioma Amazônico (16%). Dado os cortes de verba que afetaram a fiscalização, o secretário executivo do Programa Municípios Verdes, Justiniano Netto, acredita que a queda deve ser reflexo da “instabilidade política e fiscal que o país tem atravessado”.

Em 13 municípios do estado menos de 20 km2 foram desmatados; na outra ponta, municípios no oeste do estado desmataram mais de 100 km2. Justiniano diz que o “primeiro bloco sofre com o desmatamento causado pela especulação fundiária e o segundo, com o desmate em áreas de assentamentos”.

Em números absolutos, já há algum tempo o desmatamento no Pará só perde para o Mato Grosso.

http://www.valor.com.br/agro/5212283/desmatamento-esta-abaixo-da-media-da-regiao

 

PROJETOS PRECISAM APRENDER A AVALIAR TERRAS INDÍGENAS

O projeto da nova Ferrovia Paraense foi modificado para desviar os trilhos de terras indígenas e de quilombolas. Por conta disso, o trajeto ficou 80 quilômetros maior e custará R$ 800 milhões a mais.

Levar em consideração as terras indígenas em projetos é coisa rara. Há pelo menos vinte anos se obriga grandes projetos na Amazônia a levar em conta os impactos que causarão às comunidades indígenas. Apesar disso, projetos de mineração e hidrelétricas têm conseguido contornar a regra, mesmo quando situados – ou com área de abrangência – em terras indígenas. Danicley de Aguiar, do Greenpeace, disse que “o problema é que os investidores e os governos veem a questão da seguinte forma: os índios é que estão no meio do caminho. E não como um projeto que atravessa o local onde as tribos indígenas vivem há séculos”.

A torcida é que outros grandes projetos na região também passem a incluir as comunidades indígenas e quilombolas nas contas e não mais tratem a questão como um obstáculo a ser vencido.

http://www.valor.com.br/empresas/5212309/questao-indigena-torna-empreendimento-mais-complexo#

http://www.agenciapara.com.br/Noticia/159407/empresa-chinesa-firma-compromisso-de-cooperacao-com-a-ferrovia-paraense

 

COMPLEXO TAPAJÓS AINDA NÃO MORREU

As mega hidrelétricas projetadas para a bacia do alto Tapajós voltam ao noticiário apontando a questão indígena como o maior obstáculo para a realização das obras. Um artigo no Valor de ontem traz o sugestivo título de “Novas usinas no Tapajós ainda têm obstáculos”, dando como certo que elas serão construídas, uma vez removidos esses “obstáculos”.

Mas a matéria foca em outro impacto, o sobre o turismo no baixo Tapajós, especialmente em Alter do Chão, especialmente no período seco, quando aparecem das mais lindas praias fluviais do mundo. Ninguém consegue prever o que poderia acontecer ao turismo se as usinas forem construídas.

Por enquanto, as usinas continuam nas gavetas do Ibama e, por conta desses “obstáculos”, não entraram no planejamento do setor elétrico para os próximos dez anos.

http://www.valor.com.br/empresas/5212281/novas-usinas-no-tapajos-ainda-tem-obstaculos

 

BP E COPERSUCAR MISTURANDO PETRÓLEO COM ETANOL EM PAULÍNIA

A petroleira inglesa BP produz há mais de dez anos etanol de cana em Minas Gerais e Goiás. Comprou usinas e tem capacidade de processar dez milhões de toneladas de cana por safra. Nesta semana a empresa anunciou a formação de uma joint-venture com a Copersucar para operar o terminal de etanol em Paulínia, considerado como ponto nevrálgico da distribuição de combustíveis por todo o país. No ano passado, esse terminal havia recebido a autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para se conectar com a refinaria da Petrobrás, a Replan. Com a joint-venture, a Copersucar ganha acesso a recursos para investir em aumento de capacidade e melhoria de processos; e a BP crava mais uma estaca na escala dos combustíveis no país.

http://www.valor.com.br/agro/5212415/bp-e-copersucar-formam-joint-venture-em-paulinia

 

AS HORAS PERDIDAS NO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO DE SÃO PAULO, SEGUNDO O THE GUARDIAN

Na série de matérias que a The Guardian está fazendo sobre São Paulo, uma fala do sofrimento diário dos paulistanos que usam o transporte público para ir e voltar do trabalho. A imensa maioria mora longe do trabalho e perde horas e horas no trânsito. Se a situação dos ônibus que circulam na região mais central melhorou com vias expressas e corredores exclusivos, a da periferia segue sendo uma tragédia.

https://www.theguardian.com/cities/2017/nov/29/four-hour-commute-grind-life-sao-paulo-periphery

 

OS ÔNIBUS DE SÃO PAULO SÃO COMPLETAMENTE OBSOLETOS

Na reunião do Comitê do Clima do Município de São Paulo desta semana, o pessoal do International Council on Clean Transportation (ICCT) mostrou que a cidade precisa urgentemente adotar o padrão Euro 6 para os ônibus que circulam na região metropolitana. O padrão exige um sistema apurado de filtros para particulados e um reator para eliminar os óxidos de nitrogênio. O padrão atual é o Euro 5, mas todo mundo sabe que as inspeções foram feitas em bancadas de oficinas e que, até hoje, não foram feitas medições em situação normal de operação. Quem respira o ar em São Paulo sabe que a grande maioria da frota circulante não passaria em testes reais.

https://diariodotransporte.com.br/2017/11/30/opiniao-tecnologia-limpa-euro-6-para-os-onibus-a-diesel-paulistanos/

 

ONU POR UM PLANETA LIVRE DE POLUIÇÃO

A partir de segunda feira (4/12), a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA) se reúne em Nairóbi, no Quênia, com o propósito de criar as condições para virmos a ter um planeta livre de poluição. A ideia é definir os passos necessários para reduzir a poluição de modo a proteger a saúde humana e, principalmente, chegar a uma resolução a ser adotada por todas as 193 nações-membro da ONU exigindo ações em assuntos específicos, como a proibição do uso de chumbo na composição de tintas e a proteção do meio ambiente contra o terrorismo.

Ainda não está clara a linguagem a ser adotada sobre poluição do ar e poluição climática.

O ClimaInfo acompanhará o processo com lupa e trará as principais notícias sobre os resultados.

http://web.unep.org/environmentassembly/documents/political-declaration-pollution

 

PRECIFICAR O CARBONO É NECESSÁRIO, MAS NÃO SUFICIENTE

Um dos temas recentes mais recorrentes diz respeito à necessidade de usar algum instrumento de preço que sinalize o custo de encher a atmosfera com gases de efeito estufa. Um preço nas emissões implicaria gasolina mais cara e donos de carros flex passando a encher o tanque com etanol, reduzindo em muito suas emissões. Um artigo publicado pelo Project Syndicate analisa alguns exemplos de situações nas quais as emissões caíram sem a necessidade de preços sobre o carbono e outras situações onde o preço será importante por um bom tempo. No primeiro grupo, o preço dos painéis fotovoltaicos vem caindo dramaticamente porque estão sendo produzidos em escala cada vez maior, e preços sobre o carbono das alternativas à energia solar não tiveram a menor influência nesse comportamento. O artigo ainda lembra que processos de fabricação de materiais como cimento e aço não têm substituto e as indústrias vão continuar a emitir, com ou sem preço sobre elas. Do outro lado, o preço do gás e do óleo de folhelho também vem caindo por melhorias tecnológicas e por poderem ser explorados por milhares de pequenos produtores, ao contrário dos poços de petróleo, nos quais só as grandes corporações têm capacidade suficiente para a operação. Nesse caso, um preço sobre as emissões pode ajudar a balança a pender para as renováveis.

http://www.valor.com.br/opiniao/5212545/os-limites-da-precificacao-do-carbono#

https://www.project-syndicate.org/commentary/subsidies-beat-carbon-pricing-for-renewables-by-adair-turner-2017-11

 

“O QUE ELES NÃO CONTAM SOBRE A MUDANÇA DO CLIMA”

Com esta manchete de capa, a Economist da semana passada publica uma extensa matéria argumentando que, embora todo mundo fale de reduzir as emissões, poucos falam que, enquanto precisarmos de cimento, aço, fertilizantes e aviões, as emissões não serão zeradas. Na opinião da revista, como temos que parar de aumentar a concentração dos gases de efeito estufa, será preciso remover uma quantidade monstruosa desses gases da atmosfera. A partir daí, o artigo fala das alternativas hoje existentes e das apostas em novos desenvolvimentos para a retirada de carbono da atmosfera.

https://www.economist.com/news/briefing/21731386-cutting-emissions-will-not-be-enough-keep-global-warming-check-greenhouse-gases-must-be

 

CORTES NA PRODUÇÃO COMBINADOS ENTRE PRODUTORES ELEVAM PREÇO DO BARRIL DE PETRÓLEO

No ano passado os países da OPEP decidiram empurrar o preço do barril de petróleo para cima e, para tal, estabeleceram metas de cortes na produção. Um ano depois, percebe-se que quase todos cumpriram e até excederam o acerto, fazendo com que o preço do barril, depois de passar dois anos em torno de US$ 50, subisse 20%. A Arábia Saudita, em especial, quer ver o preço mais alto para valorizar a abertura do capital da sua Aramco, a maior petroleira do mundo, prevista para o 1o semestre do ano que vem. Até mesmo os países não membros da OPEP, como a Rússia, também cortaram sua produção para se beneficiar do preço mais alto. Se vão conseguir manter esse patamar é daqueles mistérios que nem mesmo a bola de cristal do melhor dos analistas consegue desvendar.

http://www.valor.com.br/financas/5211593/arabia-saudita-corte-de-producao-de-petroleo-atingiu-109#

 

CÉTICO EM RELAÇÃO ÀS COPs, ESPERANÇOSO COM MACRON

José Eli da Veiga, do IEE-USP, escreveu na sua coluna de ontem no Valor sobre a iniciativa do presidente da França, Emmanuel Macron, que promoverá no dia 12/12 uma reunião de chefes de estado e ministros para tratar dos impactos da mudança do clima. Eli se mostra muito cético em relação às COPs, como a que acaba de acontecer na Alemanha, por terem mostrado muito pouco serviço ao longo dos 23 anos. Ele tece uma crítica ácida ao Protocolo de Quioto e às “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” que eximiram de responsabilidades grandes emissores como China, Índia e Brasil que, por sua vez, serviram de desculpa para que outros grandes emissores, como EUA, Canadá e Austrália, também não fizessem nada. Na cúpula no mês que vem, Macron pretende pressionar os mundos das finanças e da política para que tomem medidas concretas, como, por exemplo, atacar os imensos subsídios às energias fósseis e colocar cada vez mais recursos nas fontes renováveis.

O Brasil foi convidado e já se prevê muito constrangimento ao seu representante, quando este for confrontado com as isenções fiscais que Temer acaba de conseguir aprovar na câmara para as petroleiras que vierem a explorar o pré-sal.

http://www.valor.com.br/opiniao/5212553/mais-um-golaco-de-macron

 

CARBONO EM EXCESSO FAZ VEGETAÇÃO TER MAIS SEDE

Um artigo na Nature Climate Change conta dos resultados colhidos de lavouras nas últimas décadas e revela que o aumento da concentração de CO2 na atmosfera leva as plantas a consumirem mais água. Ou melhor, o aumento tanto da concentração quanto da temperatura, induzem as plantas a fazerem mais fotossíntese. E, portanto, a beberem mais água. O problema disso é que nem sempre tem tanta água disponível e, em muitas regiões, a mudança do clima, além da concentração e da temperatura, traz alterações nos regimes hidrológicos, o que pode vir na forma de mais ou menos chuvas. Chover menos significa ainda mais dificuldades para as plantas. O estudo analisou algumas das principais culturas no mundo – milho, soja, arroz e trigo – desde 1981. Destas, o estudo destaca que 86% das lavouras de trigo passaram a consumir entre 2,3% a 3,6% mais água a cada década. A segurança alimentar parece ter ficado alguns pontos mais insegura por causa do aumento da concentração de CO2 na atmosfera.

https://www.nature.com/articles/s41558-017-0011-y

http://www.observatoriodoclima.eco.br/carbono-em-excesso-aumenta-sede-das-plantas-revela-estudo/

 

Para ir:

TRANSAMAZÔNICA DE BICICLETA

Osvaldo Stella percorreu a Transamazônica de bicicleta logo após a Rio-92. Agora em 2017, chamou Paulo Moutinho e Chris Cassidy, astronauta da Nasa para refazer o percurso. Osvaldo e Paulo vão contar a aventura num bate-papo.

Dia 07 de dezembro, 2017, a partir das 19:30

Shopping JK Iguatemi, piso térreo

Inscrições por e-mail para [email protected]

 

Para ir:

LANÇAMENTO DA PLATAFORMA ADAPTACLIMA

A plataforma Adaptaclima reúne informações sobre como andam os esforços de adaptação no Brasil e será lançada no próximo dia 7 em Brasília. A plataforma é fruto de uma parceria entre MMA, o GVces, o Fundo Newton operado pelo Conselho Britânico e o International Institute for Environment and Development (IIED)

Inscrições pelo link: http://www.gvces.com.br/lancamento-adaptaclima

 

Para ouvir (só em inglês):

Living Planet: 3 graus em 7 continentes – parte 1

Primeiro documentário da série Living Planet da Deutsche Welle busca entender o que será um mundo 3°C mais quente que o atual. Os autores examinam as drásticas mudanças na Antártica, as secas na África e uma Europa mais verdejante.

http://www.dw.com/en/living-planet-3-degrees-on-7-continents-part-1/av-41501815

 

Para ver e fuçar:

CLIMATESCOPE

O site Climatescope acompanha os esforços dos países, ou a falta de esforços, para não só atingir as NDCs declaradas, mas, também, se estas estão afinadas com o orçamento de carbono. As informações vão da capacidade instalada e prometida de fontes renováveis aos investimentos sendo ou não feitos. A base de dados de políticas contém mais de 800 registros sobre o desenvolvimento e melhoria de fontes limpas de energia.

http://global-climatescope.org/en/

http://global-climatescope.org/en/download/reports/climatescope-2017-report-en.pdf

 

Para ler:

GOVERNANÇA DA ÁGUA NO CONTEXTO DA ESCASSEZ HÍDRICA

Organizado por Pedro Roberto Jacobi (IEE/USP), Ana Paula Fracalanza (IEE/USP) e Vanessa Empinotti (UFABC)

Nos últimos cinco anos, várias regiões no mundo têm passado por um período prolongado de estiagem e isto tem exposto os limites de modelos de gestão dos recursos hídricos vigentes que priorizam a oferta da água sobre o controle de sua demanda. O livro oferece a oportunidade de conhecer e refletir sobre as iniciativas de diversas sociedades para enfrentar situações de escassez, visando ampliar diálogos na busca de agendas que promovam envolvimento de atores sociais de diversos segmentos na busca de soluções.

Os temas são: Crise Global da Água, Escassez Hídrica e Clima: Desastres e Riscos, Conflitos e Justiça Ambiental no Contexto da Escassez Hídrica, Estratégias Organizacionais: o Estado frente à Escassez Hídrica apresentando experiências nacionais e internacionais e Conflitos e Justiça Ambiental no Contexto da Escassez Hídrica.

Pode ser baixado direto de:

https://goo.gl/A6EyWc

 

 

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