ClimaInfo, 18 de janeiro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

AMBIENTALISTAS PREOCUPADOS COM BARGANHA POLÍTICA EM ANO ELEITORAL

Vários ambientalistas foram entrevistados pela jornalista Daniela Chiaretti, para o Valor, sobre os prognósticos para esse ano de eleições. Todos os embates importantes de temas ambientais no ano passado seguirão passando pelas mesas do Congresso, de Temer e do STF. O recado geral é que em ano de eleição, temas ambientais podem virar moeda de troca e, em geral, para pior. Em que pese o Congresso só funcionar de verdade até o início para valer das campanhas, há tempo suficiente para a aprovação de muita pauta ruim: enfraquecimento do licenciamento ambiental, redução de unidades de conservação e dos direitos de índios e quilombolas. Mesmo com um ano curto no Congresso, a mesa de Temer deve funcionar à toda até as eleições, buscando a imunização contra os maus olhados do Ministério Público que recairão sobre ele assim que passar a faixa presidencial adiante. E é bem possível que a pauta ambiental entre na pira sacrificial para preservar prerrogativas e foros.

http://www.valor.com.br/brasil/5262329/especialistas-temem-que-ambiente-se-torne-objeto-de-barganha-politica#

 

RODRIGO MAIA SE DIZ PRONTO PARA APROVAR MUTILAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

O presidente da câmara está em Nova York e de lá fez uma declaração à Voz do Brasil que prescinde de explicações: “Licenciamento ambiental também está pronto e já tem o acordo principalmente da bancada do agronegócio com a do meio ambiente e acho que a gente consegue votar com certa tranquilidade”.

A comitiva da visita oficial da Câmara aos EUA, que inclui Rodrigo Maia, Heráclito Fortes (PSB-PI), José Carlos Aleluia (DEM-BA), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Fernando Monteiro (PP-PE), também prescinde de comentários.

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/A-VOZ-DO-BRASIL/551703-RODRIGO-MAIA-ANUNCIA-PRIORIDADES-DE-VOTACAO-NA-CAMARA-EM-2018.html

 

VALE CONDENADA POR IMPACTOS SOBRE COMUNIDADE QUILOMBOLA

Demorou meia eternidade, mas a Justiça Federal condenou a Vale a reparar os danos causados ao território quilombola de Jambuaçu, em Moju, no nordeste do Pará. A sentença inclui a implantação de um projeto de geração de renda para as quase 60 famílias que vivem no território quilombola afetado pelas atividades da empresa.

http://www.dw.com/pt-br/vale-%C3%A9-condenada-por-danos-ambientais-no-par%C3%A1/a-42164971

 

SE CONTINUAR A CHOVER, BANDEIRA VERDE SERÁ MANTIDA

Se a tendência de chuvas do verão brasileiro persistir, os reservatórios do país poderão fechar abril com cerca de 60% da capacidade. Esta é a previsão da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, segundo a qual a região Sudeste, onde está a maior parte dos reservatórios do país, deve receber 105% da média histórica de chuvas em janeiro, 96% em fevereiro e março e 95% em abril. A última vez em que as chuvas na região das hidrelétricas do Sudeste foram deste nível foi em 2013, quando alcançaram 96% da média histórica entre janeiro e abril, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este cenário manteria as contas de luz sob a bandeira tarifária verde, iniciada em janeiro.

https://exame.abril.com.br/economia/hidreletricas-podem-ter-melhor-periodo-de-chuvas-em-anos/

 

AS QUEIMADAS NA REGIÃO AMAZÔNICA E SEUS EFEITOS À SAÚDE

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) lançou o segundo número da série Clima e Saúde, dedicado aos efeitos das queimadas na Amazônia sobre a população da região. Se em 2013, foram constatados menos de 50 mil queimadas na Amazônia, no ano passado esse número passou de 130 mil. De modo geral, os pesquisadores encontraram problemas respiratórios, em especial em crianças e idosos. As observações feitas no entorno de Porto Velho podem ser consideradas válidas para o restante do bioma. “A poluição do ar está associada com diversos mecanismos, tais como inflamação das vias aéreas, inflamação sistêmica e neuroinflamação, disfunção endotelial, coagulação, aterosclerose, alteração do sistema nervoso autônomo, danos de DNA e desbalanço redox”. O trabalho “traz evidências científicas sobre a associação entre queimadas e o risco de câncer”.

https://www.icict.fiocruz.br/content/entre-o-pulm%C3%A3o-verde-e-fuma%C3%A7a-das-queimadas

 

ARÁBIA SAUDITA EM BUSCA DE MAIS ENERGIA RENOVÁVEL

A Arábia Saudita colocará em leilão oito projetos com capacidade total de 4,1 GW, dos quais 3,2 GW solares fotovoltaicos e 800 MW eólicos, que deverão entrar em operação até 2020. O reino do petróleo quer chegar a 9,5 GW de fotovoltaicos e eólicos até 2023.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-01-16/saudi-arabia-plans-up-to-7-billion-of-renewables-this-year

 

ALEMANHA SEGUE VICIADA EM CARVÃO

A adição ao carvão está sujando a imagem que a Alemanha faz de si mesma, como uma líder da tal transição para uma economia de baixas emissões. O El País usa expressões duras ao falar das duas caras alemãs, país que decidiu banir as usinas nucleares e subsidia tarifas da geração solar e eólica e que, ao mesmo tempo, mantém ligadas suas usinas a carvão alemão e polonês. O linhito alemão é tão barato e abundante quanto sujo. E a sujeira real está fazendo crescer resistências em vilarejos alemães que se veem ameaçados pelas mineradoras. Um cartaz exibido em protesto locais pede “Futuro no lugar de Linhito”.

Em tempo: as principais minas de carvão alemãs ficam a menos de 400 km de Katowice, sede da próxima COP climática e de uma das mais conhecidas minas de carvão polonês.

https://elpais.com/internacional/2018/01/14/actualidad/1515954053_972426.html

 

NORUEGA CONCEDE 75 LICENÇAS DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO, UM RECORDE

O ministério de energia da Noruega concedeu 75 licenças para exploração de petróleo no Mar do Norte (45), no Mar da Noruega (22) e no Mar de Barents (8), os dois últimos já dentro do Círculo Polar Ártico. As licenças foram concedidas para a Statoil, Aker BP, Shell, Total e ConocoPhillips, dentre outras. Pelo jeito o governo norueguês, assim como o nosso, quer aproveitar ao máximo o tempo de vida do petróleo. Nunca antes na história norueguesa, tantas licenças foram concedidas em tão pouco tempo.

Talvez para aplacar um possível peso na consciência, parte do dinheiro do petróleo norueguês é mandado para o Fundo Amazônia, quando a gente se comporta direitinho.

https://www.reuters.com/article/us-norway-oil/norway-awards-record-75-oil-exploration-licenses-idUSKBN1F51UL

https://www.terra.com.br/economia/noruega-concede-recorde-de-75-licencas-de-exploracao-de-petroleo,cc1df2f782d2beba1e5452f9ee3cb444adw548f3.html

 

CHINA PROÍBE IMPORTAÇÃO DE LIXO

A China proibiu a importação de 24 categorias de lixo, incluindo plásticos. Durante anos, a China foi o depósito predileto do lixo gerado nas grandes cidades da Europa e da América do Norte. O país reaproveita o plástico jogado fora, parte reciclando, parte queimando para gerar eletricidade. Só em 2016, segundo a autoridade chinesa, entraram 7 milhões de toneladas de plástico descartado. A proibição entrou em vigor na virada do ano. As empresas chinesas que viviam do reaproveitamento desse lixo estão fechando as portas, enquanto toneladas de lixo estão sendo empilhados em portos europeus e norte-americanos. Pelo menos até que europeus e americanos se liguem e comecem a cuidar melhor do seu próprio lixo.

http://www.valor.com.br/internacional/5259975/china-barra-importacao-de-lixo-plastico#

http://www.greenpeace.org/eastasia/press/releases/toxics/2017/Chinas-ban-on-imports-of-24-types-of-waste-is-a-wake-up-call-to-the-world—Greenpeace/

https://www.ft.com/content/63cf220c-f8ee-11e7-9b32-d7d59aace167

 

JAPÃO QUER PRODUZIR HIDROGÊNIO EM FUKUSHIMA

O governo japonês quer fazer a palavra Fukushima, que alguns traduzem por “ilha sortuda”, ser entendida como símbolo das fontes renováveis de energia e não do pior pesadelo nuclear do país. Os japoneses levaram  à conferência sobre renováveis, promovida pela Irena, maquetes e planos eólicos, geotérmicos e fotovoltaicos para a região. Um dos destaques é a produção de hidrogênio para ser usado como combustível em carros, uma das apostas mais antigas dos japoneses. O hidrogênio será produzido a partir da eletrólise da água alimentada por uma planta fotovoltaica de 20 MW. A meta é atingir uma escala que reduza a importação de derivados de petróleo, considerada uma das maiores vulnerabilidades do Japão. Os híbridos japoneses poderão ser adaptados rapidamente para uso do hidrogênio no lugar da gasolina ou do diesel.

http://www.valor.com.br/internacional/5262265/japao-mantem-programa-de-carros-hidrogenio#

 

A RÚSSIA ATRAVESSA O INVERNO MAIS ESCURO DA HISTÓRIA

Um site meteorológico de Moscou diz que o Sol não apareceu uma única vez durante todo o mês de dezembro. Já a central de meteorologia oficial diz que ele apareceu durante seis minutos. Esta época do ano por lá é escura, mas nem tanto. Em média os moscovitas veem o Sol durante uma dúzia de horas em dezembro. Além da escuridão, faz muito frio por lá. Em regiões inteiras na Sibéria, muitos termômetros se partiram quando a temperatura passou dos 50°C negativos. O mínimo na província de Yakutia chegou a –67°C.

http://www.bbc.com/news/world-europe-42701715

https://g1.globo.com/mundo/noticia/aulas-sao-suspensas-apos-temperaturas-chegarem-a-67-c-em-regiao-da-russia.ghtml

 

O PODER REFRESCANTE DAS FLORESTAS

O desmatamento joga CO2 à atmosfera e, muitas vezes, metano, aquecendo mais o planeta, certo? Verdade, mas esta é só uma parte da história. Acontece também que o verde predominantemente escuro das florestas absorve calor e esquenta a atmosfera, enquanto o solo nu, mais claro, reflete a radiação solar e esfria a atmosfera. Além disso, as árvores emitem compostos voláteis que alteram a formação de outros compostos de vida curta que também têm papel no aquecimento ou resfriamento da atmosfera, como metano, ozônio e aerossóis.

Um trabalho que acaba de ser publicado na Nature Communications buscou avaliar se, quando do desmatamento de uma determinada área, a resultante da interação entre estes diferentes efeitos leva a uma atmosfera mais quente ou mais fria. Os modelos computacionais foram aplicados para florestas tropicais, temperadas e boreais.

Os resultados mostram que, para avaliarmos os impactos climáticos da mudança do uso do solo, é necessário diferenciar o desmatamento feito nas florestas boreais daquele feito nas tropicais. Os cenários analisados indicam que o desmatamento fora das altas latitudes resulta em provável aquecimento.

https://www.nature.com/articles/s41467-017-02412-4

https://news.mongabay.com/2018/01/study-reveals-forests-have-yet-another-climate-protection-superpower

 

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