ClimaInfo, 6 de fevereiro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

TCU ABRE CAMINHO PARA NOVAS GRANDES HIDRELÉTRICAS NA AMAZÔNIA

O Tribunal de Contas da União (TCU) montou o cenário para a volta de grandes obras hidrelétricas na Amazônia. Estas estavam meio que suspensas, tanto pela Lava Jato ter levado a nocaute as grandes empreiteiras brasileiras, quanto pela enxurrada de ações judiciais geradas por impactos destas sobre o meio ambiente e comunidades tradicionais. Belo Monte, por exemplo, enfrentou pelo menos 25 ações relacionadas a questões que vão da falta de avaliação do impacto ambiental na Bacia do Rio Xingu até a indenizações a povos ribeirinhos.

A Empresa de Planejamento Energético já havia dado um passo atrás para re-estudar a qualidade ambiental e social dos projetos. Mas, segundo O Globo, a determinação do TCU obriga o governo a “dar posição definitiva sobre cinco grandes projetos paralisados na região Amazônica, para garantir a viabilidade de sua execução futura. Juntos, eles têm potencial de geração de 17.508 MW… Até março, a Casa Civil deve reunir os ministérios de minas e energia e do meio ambiente para que cheguem a um consenso em torno das avaliações necessárias para decidir o que de fato precisa ser preservado, do ponto de vista de terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação, além de equacionar questões econômicas, ambientais e sociais”.

Em tempo 1: a determinação do TCU não considera o cenário energético atual, que está mostrando que os ventos existentes no Nordeste são muito mais firmes que a hidrologia, o que leva muitos analistas a pensar que estaríamos mais seguros energeticamente apostando em eólicas.

Em tempo 2: o jornalista Claudio Angelo lembra que “o TCU é composto por ex-deputados. E o governo é composto por deputados licenciados”.

https://oglobo.globo.com/economia/decisao-do-tcu-abre-caminho-para-retomada-de-grandes-hidreletricas-na-amazonia-22364891

 

PETROBRAS DESPEJA MAIS ÓLEO NO MAR DO QUE PERMITIDO, SEGUNDO O IBAMA

Um relatório do Ibama obtido pelo O Globo acusa a Petrobras de falsificar os dados sobre o óleo que escapa para o mar em torno das plataformas da Bacia de Campos. A gravidade da acusação vem do tamanho da discrepância entre o que o Ibama coletou e mediu e o que a Petrobras reporta todo o mês. A diferença chega a ser de mais de quinze vezes. Segundo o Ibama, a Petrobras usa sílica gel como filtro nas análises e “esquece” de contabilizar o óleo que ficou no filtro. Uma imagem de satélite do próprio relatório da empresa mostra uma mancha de óleo de mais de 30 km, muito acima dos 500 metros permitidos pela legislação. A diretoria da Petrobrás comentou que o método de análise usado foi aprovado pelo Conama e que eles estão mudando para o usado pelo Ibama. Não houve explicação para a diferença de mais de quinze vezes nos valores. Quanto à mancha de óleo, a diretoria disse que pode haver confusão com a luminescência natural da água. Seria uma coincidência meio incrível a água luminescente exatamente como uma mancha de óleo exatamente na hora em que passa um satélite tirando fotos.

Comentário de um analista: “Caso alguém se pergunte para que as petroleiras recebem subsídios multibilionários: para poluir mais, oras”. https://oglobo.globo.com/brasil/ibama-acusa-petrobras-de-fraude-ambiental-22364076

https://oglobo.globo.com/brasil/diretora-executiva-da-petrobras-diz-que-adotara-metodo-de-avaliacao-de-poluentes-mais-rigoroso-22364125

 

E VEM AÍ A REFORMA DO SETOR ELÉTRICO

O governo deve encaminhar logo mais ao congresso a reforma do setor elétrico. O ministério trata o assunto como prioritário porque reconhece que “o modelo atual se esgotou, por ser fortemente baseado em pedidos de socorro ao governo, financiamento estatal e repasses de custos ao consumidor”. O texto deve manter as linhas gerais presentes no documento colocado em consulta pública em julho de 2017, e deverá conter uma proposta de solução para o risco hidrológico, uma antecipação da abertura parcial do mercado livre de energia e aperfeiçoamentos na liquidação do mercado à vista, além da aplicação de tarifas horárias e melhoria do sinal locacional e de preço de cada fonte de energia.

http://www.valor.com.br/brasil/5294459/reforma-do-setor-eletrico-deve-ser-encaminhada-ao-congresso-em-2-semanas

 

SOLAR E EÓLICA BRILHARAM NOS LEILÕES DE DEZEMBRO, APESAR DO BNDES

As fontes de energia solar e eólica brilharam nos leilões de energia elétrica do final de dezembro atingindo seus preços mais baixos na história. Entretanto, a grande participação de capitais estrangeiros e fundos privados contrastaram com a participação do BNDES, que antes do leilão anunciou que financiaria os projetos vencedores em até 80%, independentemente da fonte de energia.

A decisão do BNDES surpreendeu por ser um retrocesso na sua política operacional, em vigor no desde outubro de 2016, cujas condições eram mais favoráveis às fontes solar e eólica em detrimento das hidrelétricas e termelétricas fósseis. Agora, o BNDES financia até 80% do valor dos projetos de todas as fontes de energia, à exceção das térmicas à carvão e óleo diesel, que não são financiadas desde 2016. Por conta disso, e apesar do destaque das fontes eólica e solar, o gás natural ainda prevaleceu, sendo a fonte de energia com maior quantidade contratada nos leilões.

Gustavo Pimentel e Guilherme Teixeira, da Sitawi Finanças do Bem, afirmam no Valor que, mais financiamento para as renováveis e redução dos subsídios para os fósseis, são condições necessárias para que a matriz elétrica se desenvolva em linha com os compromissos climáticos junto ao Acordo de Paris. Eles dizem que, essa trajetória, pode ser feita de forma mais rápida e efetiva, incentivando fontes renováveis ao invés de aumentarmos a dependência de gás natural, que representa uma transição mais lenta à economia de baixo carbono, e das hidrelétricas, cujos reservatórios são suscetíveis às mudanças climáticas e de relevante impacto local.

http://www.valor.com.br/opiniao/5283561/solar-e-eolica-despontam#

 

COOPERATIVAS INVESTEM EM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A geração distribuída, na qual os consumidores geram sua própria energia enquanto permanecem conectados à rede, está atraindo cada vez mais cooperativas interessadas nas reduções de custo. Até o fim de 2017, foram implantadas 31 novas conexões de geração distribuída por cooperativas. Com isso, estas já somam 56 unidades, com 5,5 megawatts-pico (MWp) de potência instalada, atendendo mais de 150 unidades consumidoras de energia. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) estima que os projetos em operação resultem em uma economia de R$ 7 milhões para os cooperados e que a economia deve levar entre 60 e 70 novas cooperativas a aderirem ao negócio em 2018. Das 56 cooperativas que adotaram o modelo, mais de 90% utilizam sistemas fotovoltaicos, mas algumas usam outras fontes, como termelétricas a biogás e centrais hidrelétricas (CGHs).

O número de conexões de micro e minigeração distribuída já ultrapassou as 20 mil instalações no país, somando uma potência instalada de 247,3 MW, segundo a Aneel.

http://www.valor.com.br/empresas/5294331/cooperativas-investem-em-geracao-distribuida

 

UM ARTIGO DIVERTIDO SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DOS VENTOS

Tasso Azevedo escreveu um bom artigo sobre a loucura que é cobrar royalties pelo vento, como querem um par de deputados. Dizem que é para imitar os royalties do petróleo e compensar municípios por sacrificar áreas para gerar eletricidade para toda a sociedade. Tasso pergunta se vão cobrar royalties dos veleiros dos deputados, afinal também estão se aproveitando do vento nacional. E, se a moda pega e começam a cobrar royalties das fotovoltaicas, se o agronegócio vai pagar royalties por usar o sol que bate nos municípios.

https://oglobo.globo.com/opiniao/vento-tem-dono-22346877

 

CALIFÓRNIA QUER 5 MILHÕES DE VEÍCULOS ELÉTRICOS ATÉ 2030

O governador Jerry Brown assinou, no dia 26 de janeiro, uma ordem executiva estabelecendo como meta ter 5 milhões de veículos de emissão zero rodando no estado até 2030, o que elevou em mais de 3 vezes a meta anterior, que era de 1,5 milhão de veículos elétricos até 2025. A decisão inclui financiamentos de US$ 2,5 bilhões para a compra dos veículos, investimentos maciços em estações de recarga de baterias, créditos fiscais, descontos e outras medidas. Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, hoje rodam no estado 350 mil veículos elétricos. Brown disse que “o objetivo é tornar nossos bairros e fazendas mais saudáveis, nossos veículos mais limpos e todas as nossas tecnologias diminuindo cada vez mais sua pegada de carbono”.

https://www.mercurynews.com/2018/01/26/brown-sets-goal-of-5-million-electric-vehicles-in-california-by-2030/

 

A GUERRA DAS TOMADAS ELÉTRICAS

Não é só entre um aparelho ou bateria elétrica e a tomada que vive o plugue. Esse inocente dispositivo está sempre no meio de controvérsias. Afinal, como todo fabricante de adaptadores sabe (e agradece), não há um padrão global. Pois bem, imagine o que está acontecendo agora no novo e promissor mercado de veículos elétricos! No momento, Tesla e fabricantes japoneses e alemães de veículos elétricos usam diferentes plugues e protocolos de comunicação para ligar as baterias aos carregadores, mas as empresas que criam as redes de carregamento necessárias para que os veículos elétricos se tornem mainstream dizem que o número de formatos de plugue precisará ser limitado para manter os custos baixos. Nessa guerra dos plugues, os europeus estão se aglutinando em torno do Sistema Combinado de Carga (CCS). BMW, Mercedes-Benz Daimler, Ford e o grupo Volkswagen, que inclui Audi e Porsche, planejam desenvolver 400 estações de carga de alta potência em estradas principais em 18 países europeus até 2020. Além do CCS, no momento, existem outros três padrões: o sistema Supercharger da Tesla, o CHAdeMO ou o Charge de Move, desenvolvido por empresas japonesas, incluindo Nissan e Mitsubishi, e o GB/T na China, o maior mercado de automóveis elétricos do mundo. O banco suíço UBS estimou em US$ 360 bilhões nos próximos oito anos os investimentos necessários para construir infraestrutura de carga global para acompanhar as vendas de carros elétricos. Quem perder essa corrida terá desperdiçado investimentos em pesquisa e desenvolvimento e ainda arcará com custos adicionais de adaptação.

https://www.reuters.com/article/us-autos-electricity-charging/plug-wars-the-battle-for-electric-car-supremacy-idUSKBN1FD0QM

 

WEATHER.COM DEDICA TODO SEU SITE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

No dia 25 de janeiro, o famoso canal do tempo weather.com dedicou todo o seu site às mudanças climáticas, e a nada mais. Da Nova Inglaterra ao Havaí, o canal varreu todos os estados norte-americanos com histórias sobre como as pessoas e os ecossistemas estão se adaptando (ou não) às mudanças climáticas e ao novo clima cheio de extremos. A home page do canal trazia estampada em letras garrafais a frase “não existe este tal de debate sobre mudanças climáticas”. O material segue disponível no segundo link desta nota.
https://www.washingtonpost.com/news/capital-weather-gang/wp/2018/01/25/weather-com-devoted-its-entire-site-to-climate-change-today-heres-why/

http://features.weather.com/us-climate-change/

 

O GRANDE DESCONGELAMENTO

É difícil imaginar que consigamos destruir um continente no qual mal conseguimos pisar; nós, seres humanos, tipicamente promovemos danos ambientais nos locais em que vivemos derrubando florestas, estripando montanhas em busca de minérios, etc. A Antártida, no entanto, estava mais ou menos fora do alcance. Não mais. A mudança climática tornou-se o grande equalizador destrutivo da nossa espécie, não deixando nenhuma parte do planeta a salvo do mal que fazemos. Em março de 2017, o gelo marinho em torno de ambos os pólos atingiu uma baixa recorde para aquela época do ano. Em julho, um iceberg de 1 trilhão de toneladas foi parido da plataforma de gelo Larsen C, no oeste da Antártida. O dano ao gelo está sendo feito não apenas de cima, enquanto aquecemos a atmosfera do planeta, mas também por baixo, com o aquecimento dos oceanos. Vale a pena usar alguns poucos minutos para ver as imagens publicadas pela revista a Time.

http://time.com/antarctica-climate-change/

 

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