ClimaInfo, 7 de março  de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

ORÇAMENTO DO MMA CAI MAIS DE 25% NOS ÚLTIMOS 5 ANOS

Um novo relatório do WWF e da Contas Abertas mostra que o orçamento do Ministério do Meio Ambiente caiu, entre 2013 e 2018, de R$ 5 bilhões para R$ 3,7 bilhões. Embora reduções no orçamento não sejam exclusividade do MMA, este recebe um montante muito inferior ao de outras pastas; seu orçamento é pouco mais de 20% do autorizado ao Ministério da Agricultura e apenas 10% do total repassado ao Ministério de Minas e Energia.

O relatório destaca um descompasso entre os rendimentos da exploração de recursos naturais e o repasse desses valores para o financiamento de políticas de meio ambiente. Nos últimos dez anos, a União arrecadou cerca de R$ 400 bilhões da exploração de água, petróleo e outros minerais. No mesmo período, o orçamento repassado ao MMA por estas fontes de recursos não passou de R$ 64 bilhões.

A conclusão, óbvia mas necessária, foi expressa por Jaime Gesisky, do WWF, ao G1: “O meio ambiente não faz parte das prioridades dos políticos”

https://g1.globo.com/natureza/noticia/em-cinco-anos-orcamento-do-ministerio-do-meio-ambiente-cai-r-13-bilhao-diz-estudo.ghtml

 

POLÍTICA DE PREVENÇÃO DE DESASTRES DEFINHA PAÍS AFORA

Já se passaram mais de cinco anos desde que o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais foi lançado, com promessas de R$ 15,6 bilhões em investimentos em obras de prevenção até 2014 (ou cerca de R$ 22 milhões, em valores atualizados pela inflação até dezembro passado). De fato, somente pouco mais da metade – R$ 11,2 bilhões, corrigidos pela inflação – foram gastos de 2012 a 2017, de acordo com dados do Ministério do Planejamento, obtidos pela Folha de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação. Mas o valor real é ainda menor, uma vez que esse total inclui até obras do projeto de integração do rio São Francisco. Iniciativas ligadas mais diretamente à prevenção de desastres, como contenção de encostas e drenagem urbana, alcançaram apenas R$ 1,9 bilhão, de 2012 a 2017. Dados do Instituto Igarapé indicam que, desde 2000, ao menos 6,4 milhões de brasileiros ficaram desabrigados ou desalojados por desastres naturais. Dentre os estados, Amazonas e Santa Catarina foram os mais afetados e, por isso, analisados mais a fundo neste especial da Folha.
http://temas.folha.uol.com.br/natureza-do-desastre/introducao/politica-de-prevencao-de-desastres-naturais-definha-no-pais.shtml

http://temas.folha.uol.com.br/natureza-do-desastre/amazonas/em-manaus-familias-vivem-dois-meses-por-ano-em-casas-inundadas-de-agua-suja.shtml

http://temas.folha.uol.com.br/natureza-do-desastre/santa-catarina/vitimas-de-desastres-em-blumenau-vivem-em-condominio-dominado-por-trafico.shtml

 

GADO É VETOR DE DESMATAMENTO TAMBÉM NA AUSTRÁLIA

A pecuária está impulsionando o desmatamento também na Austrália, onde projeções sugerem que 3 milhões de hectares de florestas intocadas serão arrasadas até 2030 para dar lugar a pastagens. A indústria do gado conta, para isso, com a colaboração de governos que se recusam a aplicar as restrições existentes – que dirá implantar limites mais restritivos. Cerca de 395 mil hectares de vegetação nativa foram devastados apenas em 2015-16, 33% a mais em relação ao ano anterior. Para que o leitor consiga entender o que esses números representam, o Guardian Australia criou uma ferramenta que destaca o que o desmatamento nas duas regiões mais afetadas do país significa para qualquer outro local escolhido sobre o mapa da Austrália (link abaixo).

Como na nossa Amazônia, há mais que árvores em jogo. A Austrália tem quase 8% de todas as espécies de plantas e animais da Terra, sendo que cerca de 85% das plantas, 84% de seus mamíferos e 45% de suas aves são endêmicos, não encontrados em nenhum outro lugar. Grande parte do desmatamento em Queensland, onde ocorre a maior parte da destruição, também acelera a poluição em rios que desaguam na Grande Barreira de Corais.  

https://www.theguardian.com/environment/2018/mar/05/global-deforestation-hotspot-3m-hectares-of-australian-forest-to-be-lost-in-15-years

 

SOLUÇÕES AO ALCANCE DO GARFO
O pessoal do WRI dos EUA resolveu fazer umas contas sobre o hambúrguer, aquela unanimidade (inter)nacional que responde por quase metade do uso do solo e das emissões de gases de efeito estufa associadas aos alimentos que os norte-americanos ingerem. O exercício foi despretensioso – imaginar que 30% de cada hambúrguer fosse de cogumelos – mas os resultados foram impressionantes. Essa simples medida reduziria as emissões em 10,5 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono por ano, o mesmo que retirar 2,3 milhões de carros das ruas e estradas. É como se todo o município de San Diego abandonasse seus carros. De quebra, a medida reduziria a demanda de água para irrigação em 310 bilhões de litros por ano, o equivalente ao que 2,6 milhões de norte-americanos gastam por ano, o que diminuiria a pressão por novas terras aráveis em mais de 36 mil km2, uma área maior que o estado do Rio de Janeiro.

http://www.wri.org/blog/2018/02/flavor-packed-burger-saves-many-emissions-taking-2-million-cars-road?utm_campaign=socialmedia&utm_source=Blog_BlendedBurger&utm_medium=infographic&utm_cotent=smgraphic  

 

MONTADORAS SEGUEM LANÇANDO VEÍCULOS DIESEL POLUENTES, MESMO DOIS ANOS DEPOIS DO DIESELGATE

Dois anos depois do “dieselgate“, vários dos últimos lançamentos automobilísticos no mercado europeu continuam usando motores a diesel que excedem os limites legais de emissão de poluentes do padrão ‘Euro 6’, isto de acordo com testes das próprias montadoras.

No Reino Unido, as montadoras aproveitaram uma brecha na nova legislação de controle de poluentes. Esta, desde abril de 2016, obriga os novos modelos a passarem por testes em condições reais de condução e tráfico. Mas, até setembro de 2017, estes testes serviram somente para monitorar a nova regulação, enquanto o licenciamento do modelo para venda seguiu feito por meio dos velhos testes de laboratório que a Volkswagen e outras burlaram intencionalmente gerando o dieselgate. Foi durante este período de monitoramento que as montadoras licenciaram dezenas de modelos que agora estão sendo lançados. Resultados dos testes feitos pelas montadoras durante o período de monitoramento mostram que modelos da Fiat, VW, Audi, Renault, Citroën e outras emitem até seis vezes mais que os limites estabelecidos pelo Euro 6.

https://unearthed.greenpeace.org/2018/03/02/diesel-cars-emissions-tests-rde-nox-eu-standards-companies/

 

ESVERDEANDO A PRESIDÊNCIA ARGENTINA DO G20

Nestes primeiros meses de seu período na presidência do G20, o governo da Argentina se focou em emprego, infraestrutura e segurança alimentar, deixando de lado as mudanças do clima, que foram bastante enfatizadas pelas presidências anteriores da China e da Alemanha. Guy Edwards, do Climate and Development Lab, da Brown University, pensa que seria politicamente proveitoso para Macri, pressionar por avanços na agenda climática do G20. Entre outras coisas porque o Latinobarômetro do ano passado, mostrou que 71% dos argentinos acreditam que a luta contra a mudança do clima deve ser uma alta prioridade, não importando as consequências econômicas. Além disso,  Edwards lembra que para a OCDE a combinação da precificação do carbono com políticas de incentivo ao investimento em infraestrutura sustentável podem acelerar o crescimento em até 2,8% nos países da OCDE até 2050. A Argentina já está se beneficiando deste processo: em 2017 o setor de energias renováveis atraiu US$ 1,8 bilhões em investimentos, um aumento de 777% sobre 2016.

https://www.project-syndicate.org/commentary/argentina-climate-change-g20-presidency-by-guy-edwards-2018-03  

 

NAVIOS E BARCAÇAS ELÉTRICAS
Navios transportadores de contêineres, navios tanques, navios de carga geral e transatlânticos são uma fonte significativa de emissões de CO2 e de outros poluentes. Liderada pela Noruega, a Europa está começando a eletrificar seus navios de cabotagem – mas a tarefa de “esverdear” a frota de alto mar é muito mais desafiadora. Converter a indústria de transporte naval para fontes renováveis de energia permanece um objetivo de longo prazo que os especialistas dizem requerer desenvolvimentos muito sofisticados na tecnologia de baterias e um novo quadro regulatório, já que esta frota consome muita energia.
http://e360.yale.edu/features/europe-takes-first-steps-in-electrifying-worlds-shipping-fleets

 

MAXIMIZANDO OS BENEFÍCIOS AMBIENTAIS DOS VEÍCULOS AUTÔNOMOS

O peso extra, a demanda de eletricidade e o arrasto aerodinâmico dos sensores e computadores usados nos veículos autônomos dão contribuições significativas ao consumo de energia e às emissões de gases de efeito estufa ao longo da vida útil destes veículos.

Entretanto, um estudo da Universidade do Michigan mostra que, quando são consideradas as economias de combustível advindas das melhorias na condução associadas à automação, o resultado líquido é uma redução na energia utilizada durante a vida útil dos veículos e das emissões associadas que chega à aproximadamente 9% comparada com veículos convencionais.

https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.est.7b04576

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/02/180215105801.htm

 

HIDROGÊNIO PODE AFASTAR O PETRÓLEO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO
A oferta de eletricidade gerada por fontes solares e eólicas dá ao hidrogênio a chance de substituir o petróleo e o gás natural.
O hidrogênio é o menos comentado vetor de energia renovável, mas tem grande potencial na substituição de combustíveis fósseis no transporte rodoviário e em várias outras aplicações.
A possibilidade de usar hidrogênio é conhecida por gerações já, mas somente nos últimos dois anos se transformou em possibilidade técnica e economicamente viável para substituição em larga escala de derivados de petróleo e gás. Redes de distribuição e postos de abastecimento de hidrogênio estão em implantação na Europa e em partes dos EUA.
As baterias têm atraído muito mais publicidade e atenção entre as fontes renováveis de energia para o transporte e se transformaram no foco dos vários governos que estabeleceram metas de substituição de gasolina e diesel fósseis, particularmente nas cidades que enfrentam problemas maiores com a poluição do ar. Mas o hidrogênio de origem solar e eólica tem um potencial ainda maior, por conta das suas pouquíssimas emissões.
https://climatenewsnetwork.net/23832-2

 

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