ClimaInfo, 12  de março de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

MEIO AMBIENTE PERDE FORÇA NO CONGRESSO…

44% dos 513 deputados se declaram integrantes da frente parlamentar ambientalista da Câmara. No entanto, esses deputados não têm a agenda verde como central em seus mandatos. Resultado: a defesa da Amazônia, o combate às mudanças climáticas e à manutenção de áreas protegidas são defendidos pontualmente e quase sempre por membros da oposição. As últimas grandes lutas ambientais travadas no Congresso só ganharam relevância quando impulsionadas por movimentos da sociedade civil, como no caso da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca).

Segundo o ex-deputado Alfredo Sirkis, “praticamente não há mais ambientalistas com capacidade de articulação. Há parlamentares da esquerda com aquela dimensão do protesto e outros, da política tradicional, que apoiam pontualmente, mas essa não é sua prioridade”. Por outro lado, o agronegócio, responsável por estimados 23% do PIB, ganha cada vez mais poder no Legislativo e no Executivo. Marcio Astrini, do Greenpeace, avalia que os “ruralistas ganharam espaço em detrimento do enfraquecimento do executivo que vem ocorrendo desde o governo Dilma. Os ruralistas são numerosos, e hoje tiram e colocam presidentes”.

Mas, apesar dos percalços, bombas foram sendo desmontadas ao longo de 2017, como a liberação do plantio da cana na Amazônia, a redução do tamanho da Floresta Nacional de Jamanxim e a própria Renca.

https://oglobo.globo.com/brasil/bancada-ambientalista-perde-forca-no-congresso-22477918

 

… E TEM VERBA INFERIOR À DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

A verba do Meio Ambiente é inferior à do Senado (R$ 4,4 bilhões) e à da Câmara dos Deputados (R$ 6,1 bilhões). É o que mostra estudo realizado pelo WWF-Brasil e pela Associação Contas Abertas. Como um todo, as verbas de gestão ambiental sob responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente cairão de R$ 3,9 bilhões para R$ 3,7 bilhões, quantia inferior aos recursos recebidos em 2009, há quase uma década atrás. E a lista de comparações constrangedoras segue: embora o Brasil seja a sede do 8º Fórum Mundial da Água, os gastos federais com o Programa Nacional de Recursos Hídricos foram reduzidos de R$ 181,7 milhões para R$ 136 milhões. Um corte de 44% atingiu a dotação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, administrador das Unidades de Conservação, que receberá este ano R$ 708 milhões, sendo que no ano passado recebeu R$ 1,25 bilhão.  O estudo mostra ainda que cerca de R$ 400 bilhões em tributos sobre a exploração de água, florestas, petróleo e recursos minerais foram recolhidos, mas nenhum centavo foi para o Ministério do Meio Ambiente. A maior parte é dividida com Estados e municípios e uma fatia menor vai para os ministérios de Minas e Energia e o da Ciência e Tecnologia.

http://www.valor.com.br/opiniao/5373325/recursos-para-o-ambiente-caem-com-recessao-e-crise-fiscal  

 

CAMPINA GRANDE, NOSSA CAPE TOWN

Seis anos de seca deixaram o açude Boqueirão, principal fonte de água de Campina Grande, na Paraíba, com apenas 2,9% de sua capacidade. Nunca antes o reservatório, inaugurado em 1957, havia batido tão fundo. Assim como a Cidade do Cabo, na África do Sul – que conseguiu jogar para frente o ‘dia zero’, ou seja, o dia em que ficará sem água alguma – Campina Grande também empurrou a crise hídrica para a frente graças à transposição do São Francisco. Pelo menos para alguns: por falta de encanamento ou por estarem fora do alcance do Boqueirão, algumas comunidades rurais e cidades menores da região ainda sofrem com a seca – e com a falta de bons planos. Mas, como em várias outras grandes obras de infraestrutura, nem todas promessas às famílias desalojadas foram cumpridas. Muitas delas agora padecem com menores condições de sobrevivência e, paradoxalmente, com falta de água.  https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/apos-1-ano-transposicao-do-sao-francisco-ja-retira-1-milhao-do-colapso.shtml

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/moradores-contam-que-promessas-apos-obras-do-rio-sao-francisco-nao-sairam-do-papel-em-pe.shtml

https://edition.cnn.com/2018/03/09/africa/cape-town-day-zero-crisis-intl/index.html

 

COMO ENFRENTAR CRISES HÍDRICAS

Por conta do Fórum Mundial da Água, que começa dia 22 deste mês em Brasília, o Nexo fará quatro reportagens especiais, sendo que a primeira trata de um tema fundamental: como as cidades podem se preparar para enfrentar crises hídricas. Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), 48 milhões de pessoas foram afetadas por secas ou estiagens no Brasil, entre 2013 e 2016. E a tendência é que essas crises aconteçam cada vez mais e em regiões onde não se esperava. Por isso, a segurança hídrica passará cada vez mais pela diversificação de fontes – da dessalinização da água do mar à maior disseminação do reuso, passando, obviamente, pela maior racionalidade e parcimônia em seu uso.

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/10/Como-as-cidades-podem-se-preparar-melhor-para-enfrentar-crises-h%C3%ADdricas

 

MAIS UM EXEMPLO DA RIQUEZA BIOLÓGICA DA AMAZÔNIA

Pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol e da Universidade Federal de São Carlos estão usando técnicas de metagenômica para olhar para a biodiversidade da Amazônia sob um outro olhar: o do microscópio.  De cara, já descobriram as beta-glucosidases, enzimas que ajudam a quebrar as compridas moléculas de celulose das plantas, como aquelas presentes no bagaço de cana ou em um pedaço de madeira, para transformá-las em glicose. Uma vez fermentada, a glicose vira o etanol.  Ou seja, apenas essa primeira enzima já se mostra promissora para o uso industrial na produção do etanol de segunda geração. Reinaldo José Lopes termina seu artigo com a pergunta que não quer calar: você ainda acha que o único jeito de ganhar dinheiro por lá é com madeira, boi e soja?

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2018/03/pesca-de-dna-na-amazonia-ajuda-a-criar-receita-para-etanol-do-futuro.shtml

 

ALIANÇA SOLAR AVANÇA

A Aliança Solar Internacional, promovida pela Índia e apoiada pela França em novembro de 2015, dentro da Cúpula do Clima de Paris (COP21), e, posteriormente, formalizada em Nova Deli, em novembro de 2016, acaba de dar um novo passo, novamente sob a batuta de Índia e França. Um novo anúncio foi feito ontem pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo primeiro ministro indiano, Narendra Modi: a Aliança pretende mobilizar até US$ 1 trilhão até 2030 para projetos solares, mais especificamente nos 121 países situados entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio que têm mais de 300 dias de luz solar ao ano. Até agora, 61 países já se uniram ao bloco e 32 ratificaram o acordo, informou o primeiro-ministro da Índia. O pedido de entrada do Brasil foi encaminhado pela Presidência da República ao Congresso Nacional no dia 26 de fevereiro deste ano e aguarda a apreciação dos parlamentares.

http://www.neomondo.org.br/presidente-frances-lanca-alianca-para-mobilizar-us-1-trilhao-para-energia-solar/

 

EMPRESAS FÓSSEIS CORREM RISCO TRILIONÁRIO AO IGNORAR METAS CLIMÁTICAS INTERNACIONAIS

Existe uma diferença entre as metas climáticas internacionais, do Acordo de Paris, e as políticas nacionais. E essa diferença pode representar desperdícios da ordem de US$ 1,6 trilhão em gastos até 2025, para as empresas de combustíveis fósseis, caso elas optem por basearem seus negócios em políticas de emissões já anunciadas pelos governos em vez das metas climáticas internacionais. O alerta é do Carbon Tracker, que pela primeira vez modela o cenário 1,75°C da Agência Internacional de Energia. Em petróleo, os EUA estão mais expostos, com US$ 545 bilhões em risco, seguidos do Canadá (US$ 110 bilhões), China (US$ 107 bilhões), Rússia (US$ 85 bilhões) e Brasil (US $ 70 bilhões).

http://www.neomondo.org.br/empresas-de-energia-correm-o-risco-de-perder-us-16-trilhao-ao-ignorar-a-transicao-para-baixo-carbono/

https://www.carbontracker.org/reports/mind-the-gap/

 

COMO FALAR SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS COM AS CRIANÇAS SEM ASSUSTÁ-LAS

Autor de livros como Big Coal, How to Cool the Planet e The Water Will Come: Rising Seas, Sinking Cities and the Remaking of the Civilized World, o jornalista Jeff Goodell cobre mudanças climáticas como repórter há 20 anos.  Mais recentemente, ele se deparou com um novo desafio: falar sobre o tema para crianças e adolescentes. A partir de sua experiência como pai, ele conta, nesta entrevista, como o ponto de partida é a ciência, mas também sair e ter contato com a natureza. Em sua opinião, a pior coisa que os pais podem fazer é fingir que nada vai acontecer.

https://www.fatherly.com/parenting/education-parenting/talk-kids-climate-change/

 

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