ClimaInfo, 25 de maio 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

PARA TENTAR ENTENDER OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS

A greve dos caminhoneiros, que está provocando transtornos vários, trouxe à baila a política de preços de combustíveis da Petrobras e a dependência da economia e da população do diesel e dos caminhões. O pessoal do Nexo Jornal fez vários gráficos com o histórico dos preços de diesel, gasolina, etanol e gnv (gás natural veicular) que contam o desenho desta crise. Eles deflacionaram os preços usando o IGP-M, com o que puderam constatar que, enquanto os preços da gasolina e do etanol (este último em menor grau) caíram entre 2001 e 2016, o preço do diesel ficou oscilando em torno da média do período. Os gráficos também mostram que os preços ficaram estacionados no período entre o 2o governo Lula e o final do 1o governo Dilma. Quando Temer e Pedro Parente assumem, no 2o semestre de 2016, todos os preços começam a subir.

Para entender um pouco melhor o que aconteceu com o preço do diesel, ajuda a comparação com a evolução do preço internacional do petróleo bruto e com os preços do diesel nos EUA. Antes de Temer, a variação dos preços no Brasil andou o tempo todo acima da variação tanto do petróleo quanto do diesel norte-americano. A partir da dupla Temer-Parente, as três curvas parecem caminhar juntas. Especialmente em 2018, as curvas são praticamente as mesmas.

Se os preços dos derivados estão – em termos reais – até abaixo do que estiveram em 2011, por que a percepção social está tão alarmada? Nos parece que o problema está no sistema econômico brasileiro, que é menos flexível do que o norte-americano no que tange a variações significativas dos preços dos combustíveis. Tanto o diesel quanto a gasolina, nos EUA, acompanham as altas e baixas do preço do petróleo e o restante das cadeias de valor reage rapidamente a essas oscilações. Aqui não. Os preços das coisas têm uma inércia maior às oscilações no preço do diesel, e uma capacidade menor em ajustar o preço do frete. Estivéssemos num sistema mais ágil, os caminhoneiros teriam ajustado o frete ao longo do tempo e o preço de batatas e das passagens aéreas teria sido ajustado de modo a repassar a conta do transporte tanto de hortifrutis quanto do querosene de aviação.

https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/10/16/A-trajet%C3%B3ria-do-pre%C3%A7o-do-combust%C3%ADvel-no-Brasil-nos-%C3%BAltimos-17-anos

 

EMPRESAS CONTRATAM CADA VEZ MAIS ENERGIA RENOVÁVEL NO MERCADO LIVRE

O Valor Econômico de ontem trouxe uma série de matérias sobre empresas que estão optando por comprar energia renovável no mercado livre. Pelas regras deste mercado, as empresas que têm demandas entre 0,5 MW e 3 MW podem comprar energia diretamente de centrais eólicas e solares, de térmicas a biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas. Como nem sempre tem sol ou vento, as comercializadoras montam pacotes que garantem o fornecimento de energia durante todo o ano. O histórico dos preços da eletricidade mostra períodos em que os preços no mercado livre estiveram abaixo das tarifas das distribuidoras e outros períodos em que valia o oposto. Neste momento, quando os bilhões de Reais do passivo do setor elétrico provocado pelo governo Dilma estão sendo rateados entre os consumidores, os preços no mercado livre estão vantajosos.

http://www.valor.com.br/brasil/5545479/uso-de-fontes-alternativas-deve-aumentar

http://www.valor.com.br/brasil/5545497/migracao-permite-reducao-de-custos-e-ganho-ambiental

 

EMPRESAS MENORES APOSTAM NA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Empresas consumidoras que não demandam eletricidade suficiente para entrar no mercado livre são obrigadas, como as residências, a comprar energia das distribuidoras. Estas estão impulsionando a geração distribuída (GD), os painéis fotovoltaicos sobre os telhados. Aos poucos, a legislação vai sendo mudada para se tornar mais vantajosa. E as distribuidoras, que há pouco formavam uma grande barreira, estão entrando também no mercado. As distribuidoras enxergavam o painel como um concorrente que exigia investimento na infraestrutura da rede, mas que fazia o cliente com painéis consumir menos do que o vizinho sem painéis. Aos poucos, as distribuidoras começam a ver que, ao gerar localizadamente uma parte da própria energia, aliviam a demanda na região, o que significa menos manutenção e menos investimentos no reforço das linhas, ou seja, menos investimento mandatório. Ainda falta remover vários obstáculos para alcançar maturidade similar a de mercados como o europeu. Em alguns países, a distribuidora “aluga” o telhado para instalar painéis, o que faz o consumidor ter uma receita líquida, em meses de muito sol.

http://www.valor.com.br/brasil/5545493/mais-empresas-investem-em-geracao-distribuida

 

CONTRATOS NO MERCADO LIVRE COM FOCO NO MEIO AMBIENTE

Muitas empresas estão contratando energia de fontes renováveis no mercado livre pensando não só no preço, mas também na importância dos impactos ambientais que a geração elétrica pode causar. Quando assumem compromissos com a sustentabilidade, tendem a buscar a energia eólica e fotovoltaica por estas terem uma pegada de carbono menor. Os casos mais conhecidos são o Boticário e a Natura. Mas outras organizações, como o Hospital Santa Paula, em São Paulo, também estão tomando esta opção.

http://www.valor.com.br/brasil/5545487/questao-ambiental-pesa-nas-contratacoes

 

A EXPANSÃO DA EÓLICA E DA FOTOVOLTAICA NO MERCADO LIVRE

Uma das grandes vantagens destas fontes é a simplicidade e o curto tempo de construção, quando comparado ao das hidrelétricas. Mas a maior vantagem é que o preço continua a cair tornando-as mais competitivas a cada dia. A capacidade instalada nos mais de 500 parques eólicos brasileiros ultrapassou os 13 GW e, por volta de 2020, deve chegar a gerar 10% de toda a eletricidade consumida no país. A fotovoltaica é mais comumente associada a painéis instalados sobre os telhados. Mas o impulso maior da indústria vem de centrais de porte, que estão disputando leilões e entrando firme no mercado livre. Com isso, a capacidade instalada ultrapassou a barreira de 1 GW, e deve seguir crescendo rapidamente, porque o preço internacional está caindo mais rápido do que o de qualquer outra fonte.

http://www.valor.com.br/brasil/5545501/com-custo-reduzido-eolica-avanca-na-comercializacao#

http://www.valor.com.br/brasil/5545481/solar-ganha-forca-no-portfolio-das-empresas

 

CHINA PODERÁ CUMPRIR ANTECIPADAMENTE SUAS METAS PARA PARIS

É possível que a China cumpra antecipadamente a promessa de atingir seu pico máximo de emissões de gases do efeito estufa até 2030, segundo disse o principal negociador do país para o clima, Xie Zhenhua. Xie disse, também, que a China já cumpriu, três anos antes, várias de suas metas climáticas para 2020. A Reuters também relata que uma “autoridade ambiental sênior” chinesa disse que os planos para a implantação de um mercado nacional de carbono estão andando no caminho certo, apesar da grande reforma ministerial.

https://www.reuters.com/article/us-china-climatechange/china-could-meet-emissions-pledge-early-carbon-market-on-track-officials-idUSKCN1IO1LD

 

ÍNDIA “DECEPCIONADA” COM COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DOS RICOS

O governo indiano se mostrou decepcionado com o nível de ambição climática pré-2020 mostrado pelas nações ricas, diz a Bloomberg citando o chefe de mudança climática do Ministério do Meio Ambiente, Floresta e Mudança Climática. Ele também mencionou uma falta de “envolvimento construtivo” dos EUA nas negociações sobre o clima.

E não é só a Índia: a Bloomberg cita um negociador climático da África do Sul dizendo que os países ricos não cumpriram seus compromissos financeiros.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-05-24/india-disappointed-by-rich-nations-climate-treaty-track-record

 

MANTER O AQUECIMENTO GLOBAL ABAIXO DE 1,5oC EVITARÁ PREJUÍZOS DE US$ 30 TRILHÕES

Quase todas as nações se beneficiariam economicamente da manutenção do aquecimento global abaixo de 1,5°C, concluiu estudo do Climate and Earth System Dynamics Group recém publicado na Nature. Cumprir a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris evitaria US$ 30 trilhões em prejuízos, muito mais do que o custo do corte de emissões. Apenas um punhado de países estaria em melhor situação com 1,5°C de aquecimento, entre eles Rússia, Canadá e nações escandinavas. As nações pobres do mundo na África, Ásia e América Latina teriam os maiores benefícios em danos evitados.

Especialistas consultados pela Reuters receberam bem o trabalho, mas ressaltaram que as conclusões dependem fortemente das hipóteses subjacentes. O artigo da Reuters lista algumas observações feitas.

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,limitar-aquecimento-global-a-1-5c-pode-evitar-prejuizos-de-us-20-trilhoes,70002321188

https://uk.reuters.com/article/us-climatechange-economics/strict-curbs-on-global-warming-would-buoy-world-economy-study-idUKKCN1IO2PC

https://www.nature.com/articles/s41586-018-0071-9

 

EL NIÑO À VISTA

A meteorologia norte-americana detectou os primeiros sinais do próximo El Niño, que pode começar ainda este ano. Se confirmado, assistiremos a recordes de temperatura, furacões, secas, inundações e toda a artilharia climática que as mudanças na circulação das águas do Pacífico traz. Os indícios ainda não são suficientes para se ter certeza de que o El Niño vem e, se vier, com que força. Mas se vier com a força do último, é possível que a temperatura média global ultrapasse, por um certo tempo, a fatídica marca dos 1,5oC.

https://grist.org/article/a-building-el-nino-in-2018-signals-more-extreme-weather-on-tap-for-2019/

 

FLÓRIDA É A REGIÃO MAIS AMEAÇADA PELO CLIMA NOS EUA

Um relatório que acaba de sair analisando a vulnerabilidade aos impactos da mudança do clima nos EUA aponta que várias cidades na Flórida apresentam os maiores riscos. A pesquisa da Universidade de Berkeley, na Califórnia, analisou quase 800 cidades e 3.000 condados quanto aos riscos enfrentados com a elevação do nível do mar, o stress hídrico, ondas de calor, furacões e tempestades extremas. Miami é a cidade mais vulnerável e o condado de Manatee, nas costas do Golfo do México, o mais exposto no cômputo geral. O mapa de exposição ao calor mostra uma grande mancha vermelha no centro do país, tomando o sul da região produtora de grãos, o corn belt.

O pessoal espera que as revelações não afastem os investidores para áreas menos vulneráveis, mas que estes aumentem a resiliência dos seus investimentos: “entender o risco é o primeiro passo para ajudar as pessoas a investirem na resiliência”.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-05-22/florida-cities-are-most-at-risk-from-climate-change-report

 

Para ir e ver

MOSTRA ECOFALANTE 2018

Um dos destaques é o documentário “Sob a pata do Boi”, com 5 apresentações no centro de São Paulo e em Sapopemba. A mostra traz uma coleção extensa do cineasta alemão, Werner Herzog, com filmes como as sagas amazônicas de Fritzcarraldo e Aguirre, a Cólera dos Deuses e vários documentários, alguns inéditos no Brasil.

O homenageado este ano é Chico Mendes.

De 31 de maio a 13 de junho, em vários lugares de São Paulo.

A programação completa em:

http://ecofalante.org.br/

https://www.facebook.com/events/632015477163373/

 

Para ver

BLUE

Documentário imperdível sobre o lixo plástico nos oceanos. Um comentário de Denis Burgierman, no Nexo, diz que “eu, você e os outros 7 bilhões de nós cobrimos a terra de pedacinhos de plástico todos os dias. E aí o planeta coloca para funcionar seu fantástico sistema autolimpante: ele é enxaguado pelas chuvas, que escorrem em rios terra abaixo, até chegar aos oceanos, carregando consigo toneladas de eterno plástico”.

Na Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.

http://ecofalante.org.br/

https://bluethefilm.org/

https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/A-plastifica%C3%A7%C3%A3o-do-mundo-por-dentro-e-por-fora-de-n%C3%B3s


Para ver

QUAL O IMPACTO DO DESMATAMENTO ZERO NO BRASIL?

O Instituto Escolhas lançou um vídeo com dados do estudo “Qual o impacto do desmatamento zero no Brasil?” que mostra os impactos na economia e no meio ambiente de parar todo o desmatamento no país.
https://www.youtube.com/watch?v=Tc35wTeDZg0&feature=youtu.be

http://escolhas.org/wp-content/uploads/2017/10/Escolhas-Sum%C3%A1rio-Desmatamento-Zero-duplas.pdf

 

Para ver

TOTAL VA DÉTRUIRE LE RECIF DE L’AMAZONE

Documentário em francês sobre o estrago que a petroleira francesa Total pode fazer se começar a explorar petróleo ao lado do imenso recife de coral na foz do rio Amazonas.

https://www.youtube.com/watch?v=SAUjD-DAAek&feature=youtu.be

 

Para ler

4 PASSOS PARA ENTENDER A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

Publicação do CEBDS resumindo as tendências de mercado que balizariam uma economia de baixo carbono. Traz um conjunto de recomendações para a Estratégia Brasileira de Desenvolvimento de Longo Prazo, que vão desde tecnologias disruptivas até instrumentos financeiros e econômicos. Mas não é um livro de regras e receitas, e sim, indicadores comparativos para modelos de negócio.

Baixar gratuitamente do link abaixo.

http://cebds.org/publicacoes/4-passos-para-entender-economia-de-baixo-carbono/#.WwLnsEgvzGh


Para ir

13a EDIÇÃO DO ABRAÇO GUARAPIRANGA

O Abraço da Guarapiranga é um evento anual organizado em busca da despoluição dos mananciais de São Paulo. Este ano, o tema é “Água e Saúde” e conta com o apoio da Aliança Pela Água, rede que reúne mais de 60 organizações da sociedade civil como ONGs e movimentos sociais.

O Abraço acontece em três locais às margens da represa Guarapiranga e contará com diversas atividades culturais. No mesmo dia comemora-se o Dia da Mata Atlântica.

“Bicicletadas” partirão da Praça do Ciclista, na Av. Paulista, às 9h00, e do Parque das Árvores, no Grajaú, às 10h00.

Neste domingo, 27 de maio.

Mais informações no link abaixo.

https://www.abracoguarapiranga.org.br/single-post/2018/05/20/Abra%C3%A7o-Guarapiranga-2018-ter%C3%A1-atividades-culturais-e-%E2%80%9Cbicicletada%E2%80%9D

 

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