ClimaInfo, 18 de junho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

NOVO CÓDIGO DA MINERAÇÃO ABRE NOVAMENTE A RENCA

Nove meses depois do ‘imbróglio RENCA’, o novo código da mineração decretado por Temer na semana passada fez o tema ressurgir. A bancada ambientalista no congresso já se manifestou contra a possibilidade dada ao executivo de abrir reservas nacionais de um dado mineral para a exploração de qualquer outro mineral; e o Ministério Público Federal do Amapá pediu anulação de parte do decreto por entender que abre a possibilidade de exploração da RENCA. O MME disse que o texto repete o do Código de Mineração original, de 1967, mas segundo a interpretação do MPF, a possibilidade dada ao executivo foi superada pela Constituição Federal de 1988.

http://imprensanacional.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/25406081/do1-2018-06-13-decreto-n-9-406-de-12-de-junho-de-2018-25405926

https://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/novo-decreto-mineracao-reabre-possibilidade-de-exploracao-da-renca/

 

TEMER CEDE ÀS PRESSÕES E INDICA UM TÉCNICO PARA O ICMBIO

O “centrão” chegou a indicar um novo presidente para o ICMbio, mas a indicação caiu muito mal. A chuva de protestos levou o ‘recuador-mor’ da república a recuar mais uma vez. Para a alegria dos conservacionistas e dos funcionários do ICMBIO, foi nomeado para o cargo o engenheiro florestal Paulo Carneiro, pessoa de boa reputação no meio e que até então era diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do organismo.
https://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/apos-protestos-governo-desiste-de-nomeacao-politica-para-o-icmbio/

 

A QUANTAS ANDA O CARRO ELÉTRICO NO BRASIL?

Marcelo Rubens Paiva faz no Estadão a pergunta que nos fazemos todo dia: cadê o carro elétrico? Por enquanto, os elétricos mal aparecem nas estatísticas. Um levantamento feito em abril encontrou pouco mais de 7.000 automóveis híbridos e elétricos puros registrados no país. A grande maioria dos modelos que rodam por aqui são híbridos, como o Toyota Prius, o Ford Fusion Hybrid, o Mitsubishi Outlander PHEV e a BMW i8. Elétrico puro, só o BMW i3 e o Chevrolet Bolt. Para o ano que vem, estão prometidos o Nissan Leaf, o Renault Kwid, e o e-Golf da VW.
Os elétricos podem ganhar impulso se e quando o Rota 2030 finalmente sair. A redução prevista de impostos sobre as duas categorias – híbridos e elétricos puros – é maior que a prevista para modelos de combustão interna. De qualquer maneira, os incentivos do Rota, a princípio, obrigam as montadoras a investir em inovação e eficiência aqui no país.
https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,cade-o-eletrico,70002352102

http://tecnologia.ig.com.br/2018-04-17/carros-eletricos-brasil.html

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,rota-2030-exigira-que-montadoras-invistam-em-pesquisa,70002352211

http://www.jb.com.br/economia/noticias/2018/06/16/carro-eletrico-deve-ter-impulso-com-imposto-menor

 

OS PLANOS RENOVÁVEIS DA AES BRASIL

A AES Brasil, que acaba de vender a Eletropaulo para a italiana Enel, anunciou por meio de seu presidente, Julian Nebreda, que o principal desafio da companhia no país é consolidar a AES Tietê como “empresa de geração de energia modelo”. Segundo Nebreda, “decidimos nos concentrar na [AES] Tietê como nosso veículo de crescimento”. O plano envolve aquisições de projetos de geração de energia renovável e o envolvimento com novas tecnologias, como baterias para armazenamento de energia e geração distribuída.

Em tempo: o BNDES era sócio dos norte-americanos da AES e obteve R$ 1,4 bilhões pelos 19% das ações da Eletropaulo que detinha. O banco continua com 28% das ações da Tietê.

http://www.valor.com.br/empresas/5599243/aes-planeja-ser-%3Fmodelo%3F-de-geracao-renovavel-no-brasil#

http://www.valor.com.br/empresas/5599291/bndes-tem-retorno-de-r-2-bilhoes-com-eletropaulo

 

CLIMA EM CRISE

A Folha de S. Paulo encerra sua série Crise no Clima com o editorial publicado ontem chamando os governos a levar mais a sério os esforços de mitigação do aquecimento global e, também, a se empenharem na adaptação dos cidadãos, das economias e das cidades aos impactos incontornáveis da mudança do clima.

A série de matérias abordou os impactos da mudança do clima já sentidos na Cidade do Cabo, em Porto Rico, Nordeste brasileiro, Peru, Portugal, no Cerrado da região do Matopiba e no litoral de São Paulo.

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/06/clima-em-crise.shtml

 

UM GUIA PARA A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

O jornal inglês Financial Times está publicando em capítulos um guia para a transição energética. O primeiro é dedicado aos produtores de petróleo, carvão, nuclear e renováveis e fala, também, da malsucedida arte de previsão do futuro da energia (veja nota seguinte). Para o FT, o crescimento forte e imprevisto da geração renovável é game-changer, é a jogada que leva à transição energética. Os ganhos de escala e a queda dos preços formaram um círculo virtuoso que está longe de se esgotar. Mesmo com solavancos, como o provocado pela política fóssil de Trump, o movimento do restante do planeta aponta na direção de um futuro com menores emissões. Sobre o petróleo, o FT destaca o uso intensivo de grandes bancos de dados, inclusive os gerados por satélites, e da inteligência artificial para mapear os riscos e refinar as estimativas de reservas. A ambição das petroleiras europeias é alcançar um ganho de produtividade de US$ 60 bilhões. A matéria lembra que o carvão ainda não morreu e que, depois de quase dez anos de queda nos seus preços, estes voltaram a subir de 2017 para cá, refletindo o aumento do consumo na China, na Índia e no sudeste asiático. Quanto ao futuro da energia nuclear, o FT diz que o choque de Fukushima feriu mortalmente a indústria. O barateamento das renováveis parece ter sido a pá de cal e, com o aumento da exigência de segurança, dificilmente a fonte nuclear conseguirá ser competitiva um dia.

https://www.ft.com/reports/energy-transition-guide

 

A BOLA DE CRISTAL DAS PREVISÕES ENERGÉTICAS NÃO MAIS FUNCIONA

O desempenho das fontes renováveis de energia foi apenas um dos grandes furos na arte de previsão do futuro da energia. Vale lembrar que, no início do século, o preço do barril de petróleo girava em torno de US$ 30 e as cartomantes previam um lento aumento até este se estabilizar por volta de US$ 50. O que se viu logo depois foi o barril ultrapassando os US$ 100, e as cartomantes passando a dizer que a era o óleo barato tinha acabado para sempre, prevendo o barril a US$ 200. Veio a recessão de 2008 e os preços voltaram a oscilar entre US$ 20 e 30. As cartomantes diziam que a OPEP tinha que segurar o preço lá embaixo para evitar a viabilização do folhelho americano. Recentemente, o barril voltou a quase US$ 80 e as cartomantes, ao menos por enquanto, emudeceram. Este silêncio, ou esta dificuldade em prever o médio e o longo prazos, favorece as fontes eólica e fotovoltaica, porque estas custam menos e têm tempos de retorno de investimento também menores. Saem perdendo as nucleares, cuja construção é cara e demorada, o que as faz terem previsão de início de operação em um mundo sem previsão das cartomantes.
https://www.ft.com/content/d93f00a2-6586-11e8-bdd1-cc0534df682c

 

SÃO OS SUBSÍDIOS AO FOTOVOLTAICO IMPRESCINDÍVEIS?

Para a Economist, o mundo fotovoltaico foi sacudido nos últimos dias quando os chineses decidiram retirar os subsídios que davam à indústria. Analistas estimam que 20 GW em projetos previstos para este ano não serão instalados. A sobra de células e painéis pode derrubar em ⅓ o preço no mercado internacional e fazer suas receitas caírem pela primeira vez desde 2000. A revista, no entanto, continua otimista porque a retirada dos subsídios pode tirar os painéis solares da lista de produtos sobretaxados pela guerra comercial de Trump contra a China. E, como o grosso das grandes compras está sendo feito via leilões em escala nacional, os preços devem continuar caindo.
https://www.economist.com/business/2018/06/14/can-the-solar-industry-survive-without-subsidies

 

CHINA INCENTIVA FABRICAÇÃO DE BATERIAS PARA VEÍCULOS ELÉTRICOS

O governo chinês está apoiando fortemente a indústria de baterias e, como consequência, a dos veículos elétricos. Os chineses estão patrocinando uma indústria altamente automatizada, ajudando a garantir patentes, licenças e a cadeia de suprimento de matérias primas. A China deve deter 70% da produção mundial de baterias até 2021. A maior fabricante, a CATL (Contemporary Amperex Technology Ltd), levantou US$ 1 bilhão na bolsa para construir mais duas fábricas. Até 2020, a CATL pretende produzir 90 GWh por ano, à frente da coreana LG, da parceria Tesla-Panasonic e da montadora de veículos elétricos chinesa BYD.
https://www.technologyreview.com/s/611448/chinas-ambition-to-power-the-worlds-electric-cars-took-a-huge-leap-forward-this-week/

 

CIENTISTA CONTA PORQUE NÃO ENTRA EM DEBATES COM NEGACIONISTAS

Da climatologista Kate Marvel, da Universidade de Columbia e da NASA: não dá para debater “com pessoas que acreditam, simultaneamente, que a Terra está esfriando; que está esquentando, mas o aquecimento é natural; que o aquecimento é causado pelo homem, mas é benéfico; e que a NASA de alguma maneira criou falsas ‘aterrissagens’ na Lua e encobriu abduções alienígenas… A negação do clima é como a má ficção científica: não há lógica interna, os personagens não são convincentes e você pode ver as coisas assustadoras que estão vindo em sua direção a quilômetros de distância”.

Em tempo: a conversinha dos negacionistas climáticos nos lembra a piada do político local que prometia em comício revogar a lei da gravidade para levar água a uma comunidade que vivia em um morro quando foi aparteado por um senador que o assistia: “isso será impossível, esta lei é federal”.
https://blogs.scientificamerican.com/hot-planet/why-i-wont-debate-science/

 

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