ClimaInfo, 27 de setembro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

CEMIG FARÁ SEU 2o LEILÃO DE COMPRA DE ENERGIA EÓLICA E SOLAR

A Cemig fará um leilão no mês que vem para comprar energia de novas plantas eólicas e fotovoltaicas. A energia servirá para cumprir os contratos no mercado livre depois que a empresa desistiu das concessões das hidrelétricas de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande, no ano passado. Nos planos da empresa está a compra de energia de projetos que não conseguiram vender sua energia nos últimos leilões. Este é o 2o leilão da Cemig. No primeiro, realizado no começo do ano, a empresa comprou 3,8 GWh a serem entregues ao longo de 20 anos, começando em 2022.

https://www.valor.com.br/empresas/5884383/cemig-fara-leilao-de-compra-de-eolica-e-solar

 

ARTIGO NO NEW YORK TIMES ATACA TEMER E SUAS POLÍTICAS CLIMÁTICAS DESASTROSAS

Philip Fearnside, biólogo que vive há muito tempo na Amazônia, e Richard Schiffman, jornalista, escreveram um artigo com artilharia pesada contra Temer. Contam dos cortes nos orçamentos da Funai, do Ibama e do ICMBio com o consequente aumento do desmatamento, e da grilagem e dos assassinatos de índios, quilombolas e ambientalistas. Ressaltam que o país se tornou o mais perigoso do mundo para quem defende a floresta. Alertam que, a continuar a toada, “nada vai segurar as motosserras” e partes cada vez maiores da floresta vão virar fumaça e mais aquecimento global. Fazem um comentário curto sobre as eleições, caracterizando Bolsonaro como um cético climático que ameaça tirar o país do Acordo de Paris, Haddad como um moderado em termos ambientais e dizendo que a Marina não tem muita chance. Dizem que a bancada ruralista, classificada como uma coalizão entre grandes proprietários de terra e as grandes corporações do agronegócio, é a principal responsável pela onda antiambiental.

O final do artigo é um pouco longo, mas merece destaque: “Os brasileiros têm manifestado consistentemente em pesquisas que querem preservar a Amazônia. Mas na atmosfera atual de ambição desmedida e corrupção nos altos postos, as vozes em prol de políticas sábias frequentemente morrem afogadas. O Brasil não criou o problema do desmatamento sozinho e nem terá como resolvê-lo sozinho. A demanda dos países ocidentais pela carne bovina brasileira e com a crescente demanda chinesa, criaram uma enorme tentação de cortar a floresta e obter um lucro rápido. Nações importadoras, os traders de soja e produtores de carne devem cumprir suas promessas de não comprar produtos vindos de áreas desmatadas. E as instituições financeiras globais precisam parar de financiar projetos que resultam em desmatamento.  Também deveriam aumentar seu apoio ao Brasil e a outros países tropicais a preservar suas florestas e buscar alternativas não destrutivas. Só assim poderemos garantir que as florestas Amazônicas, o coração vivo do Brasil – e do mundo – permanecerão intactas.”
https://www.nytimes.com/2018/09/26/opinion/amazon-climate-change-deforestation.html

 

18 MIL KM DE TRILHAS LIGANDO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Mônica Bergamo escreveu na Folha sobre a intenção de implantar 18 mil quilômetros de trilhas ligando unidades de conservação manifestada pelos ministérios do Turismo e Meio Ambiente. Segundo a matéria, “os circuitos são o Litorâneo, do Oiapoque ao Chuí, a Trilha Missão Cruls, entre a cidade de Goiás e a Chapada dos Veadeiros, os Caminhos do Peabiru , que ligará o Parque Nacional do Iguaçu ao litoral paranaense, e a Estrada Real, entre Minas Gerais, Rio e São Paulo.” Hoje existem quase 2 mil km de trilhas e a meta de 18 mil é para antes de 2040.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2018/09/brasil-tera-18-mil-quilometros-de-trilhas-naturais-que-vao-cruzar-o-pais.shtml

 

RELATÓRIO DA ONU NÃO INCLUI OS EFEITOS CLIMÁTICOS PROVOCADOS POR TRUMP

Cientistas que trabalham no Relatório 1,5oC do IPCC disseram que “não estão avaliando como as ações da Casa Branca (de Trump) impactam as chances de a humanidade sobreviver às mudanças climáticas”. A frase de Carl Meyer foi publicada no National Observer canadense. Segundo um dos autores-líderes, o relatório é calcado na literatura científica publicada até o começo do ano e ainda não existem trabalhos quanto aos efeitos do governo Trump. Ele disse também que o próximo relatório de avaliação do IPCC, a ser publicado em 2021, certamente conterá análises dos efeitos das políticas dos países frente a seus compromissos ou “descomprometimentos” em relação ao Acordo de Paris. O Relatório 1,5oC será lançado no dia 8 de outubro e quantifica o que o mundo precisa fazer para limitar o aquecimento global a 1,5oC acima da temperatura da época pré-industrial.

https://www.nationalobserver.com/2018/09/25/news/climate-scientists-wont-be-assessing-trump-effect-just-yet

https://abcnews.go.com/International/wireStory/tackling-climate-change-key-talking-point-summit-58023736

 

CLIMA É DESTAQUE NA ABERTURA DA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU

O secretário-geral Antonio Guterres abriu a Assembleia Geral da ONU com um discurso duro, dizendo que o mundo está num momento decisivo para a ação contra o aquecimento global, que corre o risco de escapar ao controle se os líderes não agirem nos próximos 2 anos. O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu aos países não assinarem mais acordos comerciais que não respeitam o Acordo de Paris. Para os jornalistas, ele explicou que apoia acordos limitados a produtos ou setores, mas não os de caráter geral.

Totalmente fora do clima, Trump disse que “rejeitamos a ideologia do globalismo e abraçamos a doutrina do patriotismo”, e que “jamais submeterá a soberania dos EUA a uma burocracia global não eleita e inexplicável”. Sobre a alta do preço do petróleo, disparou “os países da OPEP estão, como sempre, roubando o resto do mundo, e eu não gosto disso”.

O New Yorker lembrou que Trump frequentemente se queixa dos EUA serem motivo de piada no mundo todo, e diz que seu desempenho na ONU provou que ele está certo.

https://www.pbs.org/newshour/world/un-chief-pivotal-moment-for-fighting-global-warming

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-09-25/macron-says-no-trade-deals-without-complying-with-climate-treaty

https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,na-onu-trump-anuncia-novas-sancoes-ao-ira-e-chama-governo-de-ditadura-corrupta,70002518380

 

OCDE AVISA SEUS MEMBROS SOBRE O NECESSÁRIO CUMPRIMENTO DAS METAS DE PARIS

Um novo relatório conjunto da OCDE, da ONU Ambiente e do Banco Mundial mostra que só 9 dos 180 países que assinaram o Acordo de Paris submeteram suas estratégias de longo prazo. A esse respeito, Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, disse que “depois de todas a promessas feitas em Paris e a despeito de ter todas as ferramentas necessárias para seguir em frente, esta inércia pode nos levar a perder a guerra contra a mudança do clima. Os governos precisam implantar seus compromissos por completo e, em seguida, ampliar ainda mais as ações se quisermos manter a temperatura global abaixo dos 2oC. Gostaríamos de ver os países da OCDE tomando a dianteira e dando o exemplo aos demais”. Depois de um período em queda, as emissões globais voltaram a subir.

http://www.oecd.org/newsroom/governments-need-to-honour-their-climate-pledges-as-risks-grow.htm

 

TÉRMICAS A CARVÃO BROTAM NA CHINA A DESPEITO DO GOVERNO CENTRAL

O governo chinês declara repetidamente que reduzirá o consumo de carvão em suas térmicas. Mas uma pesquisa da organização sem fins lucrativos CoalSwarm descobriu analisando fotos de satélite que há muitas térmicas em construção ou que acabaram de entrar em operação. A estimativa da organização é de que, quando prontas, estas térmicas acrescentarão quase 260 GW à rede chinesa, praticamente o mesmo que toda a capacidade térmica a carvão instalada nos EUA (o total da capacidade de geração elétrica brasileira é de 160 GW). Aparentemente, entre 2014 e 2016 foram feitas autorizações provinciais que abriram espaço para essas usinas, sem que o governo central se desse conta. O trabalho aponta que “dado que as térmicas a carvão chinesas operam só metade do tempo, esses 260 GW adicionais são desnecessários e representam um custo de capital de US$ 210 bilhões que poderiam ter sido investidos em 300 GW de fotovoltaicas ou 175 GW de eólicas”. O relatório não comenta se o governo autorizará a venda de carvão para essas usinas.

https://endcoal.org/2018/09/tsunami-warning/

https://endcoal.org/wp-content/uploads/2018/09/TsunamiWarningEnglish.pdf

https://www.bbc.com/news/science-environment-45640706

 

O QUE OS CHINESES PENSAM DO ACORDO DE PARIS

“94% dos chineses acha que a China tem que estar no Acordo de Paris, embora muitos não saibam exatamente o que isso significa”. Esta é uma das conclusões de uma pesquisa feita pelo Innovative Green Development Program (iGDP). A pesquisa corrobora outra, feita no ano passado, a qual mostrava que o comportamento chinês é guiado pelas campanhas de alto nível do governo e pela preocupação com a poluição atmosférica. Outros números interessantes da pesquisa: 94% acredita que o clima está mudando, 83% conhecia a transição para o baixo carbono, 76% entende que esta transição está relacionada com o comportamento pessoal e 74% aceita pagar um extra por produtos climaticamente corretos. A pesquisa é bastante interessante e a matéria do Guardian traz vários pontos importantes.

http://www.climatechangenews.com/2018/09/25/chinese-public-think-climate-change/

 

A MUDANÇA DO CLIMA ESTÁ BALANÇANDO O PLANETA

Os movimentos da Terra em volta do Sol dão suas balançadas e a física conhece bem o porquê disso. Como a linha do equador é um pouco desalinhada em relação ao plano da órbita em torno do Sol, o eixo de rotação da Terra dá um pequeno giro, como um peão ligeiramente inclinado. Além disso, este eixo dá suas balançadinhas por conta da massa do planeta não ser uniformemente distribuída, e porque esta distribuição varia com o tempo. Os cientistas já conheciam dois movimentos que alteram esta distribuição. O primeiro é o movimento do manto terrestre, a camada que fica entre a crosta e o núcleo do planeta que, em seu movimento de convecção, pode subir aqui e ali alterando a distribuição de massa. O segundo tem a ver com a deposição de gelo e neve no inverno. Principalmente no hemisfério norte, durante alguns meses se acumulam gelo nas geleiras e neve em vários pontos da superfície. O peso do gelo e da neve cria uma pressão sobre a superfície que empurra um pouco do manto para o sul e para debaixo dos oceanos; no verão, a neve e parte deste gelo derretem, a água segue para o mar e isto muda a pressão sobre o manto. A instrumentação atual é sensível o suficiente para detectar as balançadinhas no eixo da Terra causadas por estes fenômenos. Agora, a Nasa divulgou um terceiro componente gerador destas balançadinhas, e este não é cíclico: o derretimento do gelo Ártico, na Groenlândia e na Antártica, está retirando massas de água destes continentes e as despejando no mar, e isto é causado pelo aquecimento global.

O efeito é imperceptível para a vida sobre a Terra e não trará nenhuma consequência relevante, a não ser a publicação de mais trabalhos científicos.

https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/efe/2018/09/25/degelo-dos-polos-causa-instabilidade-na-rotacao-da-terra-aponta-estudo.htm

https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=7240

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0012821X18305314?via%3Dihub

 

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