ClimaInfo, 11 de outubro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

OBSERVATÓRIO DO CLIMA COMENTA O RELATÓRIO 1,5oC DO IPCC

O Observatório do Clima também comentou o Relatório 1,5oC do IPCC, destacando que “essencialmente, impedir um aquecimento maior que 1,5°C requer um corte global de emissões de 45% em 2030, em relação às emissões medidas em 2010 (linha de base do Acordo de Paris) e que chegue a zero em 2050 … Considerando-se que temos 12 anos até 2030, não se trata de um desafio trivial, sobretudo levando em conta que o planeta já é hoje 1,0oC mais quente do que na era pré-industrial. Mas os benefícios de frear essa subida em 1,5oC compensariam o esforço. Em outras palavras: meio grau faz diferença, sim, e muita.”

http://www.observatoriodoclima.eco.br/frear-aquecimento-em-15c-requer-corte-de-45-nas-emissoes-em-12-anos/

 

O ‘POSTO IPIRANGA’ DA AGRICULTURA QUER FAZER DO BRASIL UMA GRANDE MOTOSSERRA

Um eventual governo Bolsonaro buscará apoiar a todos os produtores rurais, não só os maiores, desburocratizar processos e acabar com a chamada “indústria das multas” do Ministério de Meio Ambiente, conforme disse à Folha de S. Paulo, o líder da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan, cotado para a pasta da agricultura e meio ambiente (!)

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/ruralista-aliado-de-bolsonaro-quer-acabar-com-industria-de-multa-do-meio-ambiente.shtml

 

“BOLSONARO PROMETE LIMITAR PRIVATIZAÇÃO DE ELETROBRAS E PETROBRAS E CRITICA CHINESES”

Numa entrevista à Bandeirantes, Bolsonaro prometeu que não vai vender usina de geração elétrica para os chineses. “Quando você vai privatizar, você vai privatizar para qualquer capital do mundo? A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês?”, disse. O tom de voz dava a clara conotação de uma certa aversão aos chineses. Talvez ele não dissesse a mesma coisa em relação aos norte-americanos. O ex-capitão fez questão de mostrar que não conhece o regramento das concessões da União sobre os setores ditos estratégicos do país. Os chineses compraram o direito de explorar a usina por um período. No final do período, a usina volta para a União. Não há como o dono levar a usina embora.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/bolsonaro-diz-em-entrevista-que-ira-limitar-privatizacao-em-energia-e-na-petrobras.shtml

 

A CONTA CRESCENTE DE ANGRA 3 DOBRA A TARIFA DA ENERGIA QUE SÓ SERÁ VENDIDA NO CASO DA OBRA TERMINAR

Há um ano atrás, a estimativa dos recursos necessários para o término das obras da usina nuclear de Angra 3 andava na casa dos R$ 17 bilhões. Dois meses atrás, esta estimativa caiu para R$ 14 bilhões, e se comparava este valor com os R$ 7 bilhões estimados como necessários para interromper a obra. Nesta semana, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) atendeu ao pedido da Eletrobrás para aumentar o valor da tarifa, que simplesmente dobrou, chegando a R$ 480/MWh. Com esta tarifa, a empresa diz que será possível pagar os R$ 15,5 bilhões que faltam para concluir a obra. O sobe e desce deste valor diz muito sobre porque a obra não termina, e porque ela custa cada vez mais.

Para entender o significado do dano destes R$ 480/MWh à economia do país, basta lembrar que, num leilão realizado em abril deste ano, as eólicas venderam energia a um preço médio de R$ 67,60/MWh e as fotovoltaicas, a R$ 118,07/MWh.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/09/conselho-de-politica-energetica-recomenda-a-temer-dobrar-preco-da-tarifa-de-angra-3.ghtml

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/com-tarifa-mais-cara-governo-preve-concluir-usina-nuclear-angra-3-em-2026.shtml

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,para-concluir-angra-3-governo-tera-de-desembolsar-mais-r-17-bi,70001824398

 

ALGUNS PAÍSES PARECEM EMPENHADOS EM PIORAR O CLIMA

E continuam as reações ao relatório 1,5oC do IPCC. A repórter especial do New York Times para o clima, Somini Sengupta, pergunta porque é tão difícil para os países se engajarem na contenção do aquecimento global. Para responder à pergunta, ela fala dos EUA de Trump e dos famigerados irmãos Koch, “bilionários ‘libertários’ com interesses profundos no setor fóssil e que elegantemente custearam esforços para bloquear um imposto sobre o carbono”. Ela também menciona a pressão sofrida pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, quando este aventou a ideia do imposto. E sobrou para o Brasil, onde “o poderoso lobby do agronegócio, impulsionado pela demanda global de soja, pressiona para converter mais floresta em plantações”. Sengupta fala também da emissão crescente da China, destacando a ressalva de que o país prometeu atingir seu pico de emissões até 2030. Mas não faz menção à Austrália, que nesta semana prometeu queimar e exportar cada vez mais carvão.

https://www.nytimes.com/2018/10/09/climate/climate-change-report.html

 

“SÓ POR MÁGICA DÁ PARA MANTER O AQUECIMENTO GLOBAL EM 1,5oC”

Richard Heinberg diz, no Pacific Standard, que “nenhum político de país rico quer informar seus eleitores que o crescimento econômico é inviável e nenhuma agência internacional negará a centenas de milhões de pessoas pobres a esperança de melhorarem suas vidas por meio do crescimento econômico do mundo em desenvolvimento”. Para continuar crescendo, a economia precisa de mais energia e, no momento, o papel das fósseis é imenso. A maior parte da energia consumida no mundo desenvolvido é na forma líquida ou gasosa. Passar isso tudo para fontes renováveis exige uma transição radical no modo de uso da energia. A comparação que Heinberg faz é um pouco forçada: “Mudar para as fontes novas e relativamente limpas tentando manter o crescimento geral da economia é um pouco como redesenhar e reconfigurar um avião enquanto ele está voando”. O que Heinberg não comenta é que não há outra alternativa.

https://psmag.com/environment/2018-ipcc-report-includes-magical-thinking

 

A PIADA DO DIA: EXXON PROMETE 0,00027 % DO SEU VALOR DE MERCADO PARA APOIAR UM IMPOSTO DE CARBONO

A maior petroleira privada do mundo, a ExxonMobil, prometeu dar um milhão de dólares para a AFCD (Americans for Carbon Dividends), uma organização sem fins lucrativos, para que seja elaborado um plano para um imposto de carbono. A AFCD conta com o apoio de republicanos ilustres, como o ex-ministro da economia, James Baker III, e o ex-secretário de estado, George P. Shultz. A Exxon enfrenta uma série de batalhas legais por ter escondido dos seus acionistas o impacto que os fósseis têm no aquecimento global e os riscos que isso traz ao negócio. Assim, esse US$ 1 milhão pode servir para alguma propaganda, e propaganda quase grátis, posto que o valor representa 0,00027% do seu valor de mercado. E, ainda por cima, a doação será parcelada em duas vezes, sem juros.

A BBC está sendo duramente criticada por ter convidado o ‘uber negacionista’ Myron Ebell para comentar o relatório do IPCC. Há pouco tempo, a BBC tinha prometido não dar muito espaço para esse tipo de gente. A organização de Ebell, a Competitive Enterprise Institute (CEI), recebeu muitos milhões de dólares da Exxon e outros milhões dos irmãos Koch.
https://arstechnica.com/tech-policy/2018/10/exxon-gives-1-million-just-0-00027-of-its-market-cap-to-carbon-tax-initiative/

https://www.washingtonpost.com/energy-environment/2018/10/09/exxonmobil-gives-million-promote-carbon-tax-and-dividend-plan/

https://www.independent.co.uk/environment/ipcc-report-bbc-climate-change-denier-myron-ebell-bbc-newsnight-global-warming-a8575131.html

 

EX-PRESIDENTE DO CHILE FALA DA CATÁSTROFE DA SAÚDE GERADA PELA MUDANÇA DO CLIMA

O ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, aproveitou a onda do relatório do IPCC para chamar atenção para os impactos da mudança do clima sobre a saúde humana. Ondas de calor cada vez mais longas e mais quentes, o arco de eventos extremos cobrindo secas, enchentes e tufões, e a proliferação de vetores de doenças, tudo isso, “ameaça o enorme progresso feito em saúde e desenvolvimento no último meio século; ameaça reverter os ganhos obtidos por meio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; e ameaça minar todos e quaisquer esforços para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – relacionados à saúde ou não”. Lagos, que faz parte do grupo The Elders (os anciãos), defende um sistema de Cobertura Universal de
Saúde, “pois estamos convencidos de que a prestação de cuidados de saúde universais é um dos mais importantes impulsionadores do desenvolvimento e um meio crucial para combater os impactos da mudança climática”. Lagos termina com um recado forte: “Nossa saúde, como comunidade e como indivíduos, tanto mental quanto física – esses são os campos de batalha da linha de frente da luta da humanidade contra a mudança climática. É uma luta da qual ninguém pode ficar de fora e que será vencida ou perdida pelos responsáveis pela nossa saúde, tanto quanto pelos responsáveis pelo meio ambiente e pela economia”.

https://www.valor.com.br/opiniao/5912437/mudanca-climatica-e-catastrofe-da-saude

 

O MAPA DAS FLORESTAS PLANTADAS NO MUNDO

O pessoal do Carbon Brief usou dados da FAO para construir um mapa mundi das florestas plantadas em cada país entre 1990 e 2015. Os dados da Avaliação Global de Florestas, da FAO, considera uma floresta como nova quando mais da metade de suas árvores foram plantadas deliberadamente, seja por sementes, seja por mudas. Os dados, no entanto, não separam uma restauração de vegetação nativa de uma plantação de eucalipto, por exemplo. O texto que acompanha o mapa detalha o que vários países fizeram e estão fazendo para verem árvores crescendo. Em todo caso, nada se compara com o que fez a China. Entre 1990 e 2015, os chineses plantaram 79 milhões de hectares, uma área do tamanho do Chile. O governo chinês pagou para fazendeiros transformarem suas lavouras em florestas como parte do esforço para conter a desertificação de partes do país, deu certo. O Brasil, por sua vez, plantou 1/10 da área plantada pelos chineses. Ficamos atrás do Japão e da Polônia e, basicamente, empatamos com a Finlândia. E plantamos eucalipto em cerca de 7 milhões de hectares.

https://www.carbonbrief.org/mapped-where-afforestation-is-taking-place-around-the-world

 

FURACÃO MICHAEL ATINGE COM MAIS FÚRIA UMA FLÓRIDA MENOS PREPARADA

O furacão Michael atingiu a costa oeste da Flórida ontem, com ventos de um nível 4. Comparado com todo o alarme e providências que as Carolinas tomaram há poucas semanas, quando foram atingidas pelo Florence, a Flórida parece meio desamparada. O Michael deve enfraquecer a partir de agora, mas deve causar estragos por um longo caminho terra adentro.

https://edition.cnn.com/2018/10/10/us/hurricane-michael-wxc/index.html

https://www.nytimes.com/2018/10/10/us/hurricane-michael-live-updates-florida.html

https://www.theguardian.com/us-news/live/2018/oct/10/hurricane-michael-latest-live-news-updates-florida-evacuations-storm-

 

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SEMINÁRIO QUALIDADE DO AR NOS CENTROS URBANOS

Organizado pelo WRI Brasil, e realizado em parceria com OpenAQ, o  evento reunirá especialistas e lideranças para debater políticas de qualidade do ar para cidades brasileiras, os dados produzidos e como as organizações da sociedade civil podem incluir em suas pautas esta importante questão de inequidade social.

Pela manhã serão expostos  dados e informações por parte de especialistas nacionais e internacionais; à tarde, grupos de trabalho debaterão mensagens-chave e influência nos respectivos trabalhos por meio de design thinking.

Dias 16 e 17 de outubro, das 9h às 17h, na Estação São Paulo. Rua Ferreira de Araújo, 625, São Paulo. Inscrições e programação no link.

https://www.eventbrite.com/e/seminario-qualidade-do-ar-nos-centros-urbanos-tickets-49553809779

 

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FÓRUM ESTADÃO SUSTENTABILIDADE

Aproximadamente 3,5 bilhões de pessoas consomem 70% da energia global, embora ocupem apenas 3% da superfície. Diante da finitude dos recursos, o Estadão discutirá as melhores práticas para desafios socioambientais, gestão dos recursos hídricos e inovações que podem auxiliar esse processo e soluções para o Brasil.

Dia 17 de outubro, das 8h30 às 12h, no Auditório Estadão. Av. Professor Celestino Bourroul, 100, São Paulo. Programação e inscrições no link.

https://www.eventbrite.com.br/e/forum-estadao-sustentabilidade-tickets-50186785025

 

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DIÁLOGO DE TALANOA: O RELATÓRIO ESPECIAL 1,5oC DO IPCC

O CEBDS promove este evento do Diálogo Talanoa buscando entender como as grandes empresas vêm contribuindo para o cumprimento do Acordo de Paris e orientar sobre o papel da sociedade no combate às mudanças climáticas. Com palestra de Paulo Artaxo, membro IPCC, sobre o relatório 1,5oC e mesas com Glauco Paiva, da Shell, Karine Siqueira Bueno, do Santander, Fábio Cirilo, da Votorantim Cimentos, Thiago Mendes, do MMA, Ilan Cuperstein, da C40, Alice Amorim, do iCS, Luísa Guimarães Krettli, da Sunew e Alexandre Kossoy, do Banco Mundial.

Dia 19 de outubro, das 13h às 18h, no Auditório do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Programação e inscrições no link.

https://biblioteca.cebds.org/evento-talanoa-19-10-2018-inscricoes

 

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QUAIS OS REAIS CUSTOS E BENEFÍCIOS DAS FONTES DE GERAÇÃO ELÉTRICA NO BRASIL?

O Instituto Escolhas apresenta o trabalho desenvolvido pela consultoria PSR. O trabalho faz uma análise detalhada do leque de fontes de geração elétrica, explicitando fatores como sazonalização, flexibilidade, confiabilidade, reserva e os subsídios e isenções que impactam nossa conta de energia.

Dia 19 de outubro, das 8h30 às 12h, no Auditório da Folha de S. Paulo. Alameda Barão de Limeira, 425 – 9º andar, São Paulo. Inscrições no link.

http://eventos.folha.uol.com.br/

 

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WORKSHOP PROJETO CARNE BAIXO CARBONO
O Observatório ABC, a EMBRAPA e  o Grupo RONCADOR realizarão um workshop para analisar o estoque de carbono nos solos explorados com o uso da integração Lavoura-Pecuária (ILP) e da intensificação de pastagens no âmbito do projeto Carne Baixo Carbono (CBC).
Dia 22 de outubro, das 14h às 17h, na Rua Itapeva, 432 – sala 803, São Paulo.
Inscrições e programação no link.
https://eesp.fgv.br/evento/o-observatorio-abc-convida-para-o-workshop

 

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