ClimaInfo, 23 de outubro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

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O QUE PRECISA SER FEITO EM CADA SETOR PARA LIMITAR O AQUECIMENTO GLOBAL EM 1,5oC?

Limitar o aquecimento global em 1,5°C é um tremendo desafio, mas a ciência climática diz que ainda é possível enfrentá-lo. A limitação traria muitos cobenefícios e custaria muito menos do que a remediação dos danos a posteriori. O ClimaInfo analisou o que precisa ser feito em cada setor responsável pelas emissões de gases de efeito estufa para que esta limitação seja possível.

http://climainfo.org.br/2018/10/21/como-limitar-aquecimento-em-15oc/

 

EX-MINISTROS, EMPRESÁRIOS, ARTISTAS, CELEBRIDADES E ONGs DEFENDEM O MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E A PERMANÊNCIA NO ACORDO DE PARIS

Os ex-ministros do meio ambiente dos últimos 30 anos, que atuaram em governos de um amplo espectro programático, Carlos Minc, Gustavo Krause, Izabella Teixeira, José Carlos Carvalho, José Goldemberg, José Sarney Filho, Marina Silva e Rubens Ricupero publicaram uma carta ressaltando o papel proeminente exercido pelo Brasil nos fóruns internacionais de clima e biodiversidade. Eles também apontam a importância dos impactos climáticos e da perda de biodiversidade para a sociedade e a economia nacionais. A carta termina dizendo que “nós, que participamos ativamente da construção das instituições ambientais do Brasil nos últimos 30 anos, entendemos que o próximo presidente da República terá a oportunidade de compreender a importância da manutenção do Ministério do Meio Ambiente e da permanência do Brasil no Acordo de Paris para a liderança brasileira na agenda nacional e global do desenvolvimento sustentável. Não podemos correr o risco de isolamento político internacional ou do fechamento de mercados consumidores para as nossas exportações. Não podemos desembarcar do mundo em pleno século 21”.

Uma outra carta, esta assinada por empresários, artistas, intelectuais e muita gente mais, inclusive a uber-model Gisele Bündchen, foi dirigida aos candidatos e defende o “desenvolvimento sustentável do Brasil”. Os signatários dizem que “as maiores economias do planeta caminham a passos largos para um novo modelo de economia circular e de baixo carbono, gerando renda, inclusão social e prosperidade. O Brasil pode perfeitamente aproveitar esta oportunidade, seguir este caminho e se tornar referência mundial. Planejar o desenvolvimento do país tendo a sustentabilidade e a conservação como bússola certamente atrairá parceiros, investimentos e recursos que podem alavancar novos negócios com inclusão social em diversos setores da economia (…) Nosso Brasil, com suas florestas, rios e biodiversidade, é apenas um pequeno ponto situado no meio do nosso planeta, nem à esquerda, nem à direita. Simplesmente ali. O compromisso com esse patrimônio é um compromisso com a vida, no presente e no futuro”.

Uma terceira carta, divulgada por um grupo de ONGs, mandou um recado forte: “Diante da gravidade deste cenário à área socioambiental, as organizações signatárias vêm alertar à sociedade brasileira e à comunidade global sobre os riscos concretos e irreversíveis a que estão expostas. Meio ambiente é coisa séria. Diz respeito à nossa qualidade de vida e ao mundo que deixaremos para nossos filhos, seja qual for a nossa forma de pensar, agir e lutar. A sua proteção constitui direito fundamental de toda a sociedade brasileira, configurando-se como pauta apartidária. O próximo Presidente da República tem o dever de reconhecer e se comprometer com a proteção das conquistas ambientais da sociedade. É preciso caminhar em direção à Constituição Cidadã; não se afastar dela.”

No último link desta nota, André Trigueiro faz uma ótima síntese, na Globo News, da motivação destas cartas.

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/10/nao-podemos-desembarcar-do-mundo.shtml

https://pt.scribd.com/document/391302998/Carta-Aberta-Ao-Futuro-Presidente

http://www.observatoriodoclima.eco.br/wp-content/uploads/2018/10/Nota-Conjunta-sobre-propostas-Meio-Ambiente-Versa%CC%83o-final-1.pdf

https://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/gisele-bundchen-e-outros-artistas-assinam-carta-aberta-para-bolsonaro-e-haddad.html

http://g1.globo.com/globo-news/estudio-i/videos/v/ex-ministros-do-meio-ambiente-publicam-manifesto-em-prol-do-acordo-de-paris/7105862/

 

MARINA SILVA DECLARA SEU VOTO PARA HADDAD NA LINHA DOS PACTOS DEFENDIDOS POR GRAZIANO, DIRETOR-GERAL DA FAO

Marina Silva declarou seu voto “crítico” a Haddad: “A pregação de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema econômico que nega direitos e um sistema social que premia a injustiça, faz da campanha de Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização”. Nas últimas semanas, várias personalidades declararam seu apoio a Haddad em oposição ao que Bolsonaro representa. Ontem, José Graziano, diretor geral da FAO, escreveu um artigo no Valor em defesa da candidatura Haddad em nome de um pacto: “Quando uma combinação de ameaças políticas e ambientais põe em risco valores e conquistas inegociáveis da sociedade é a hora de responder à catarse do medo com pactos primordiais. Aqueles em que as divergências menores se subordinam aos consensos essenciais”.
https://www.valor.com.br/opiniao/5939771/interdicao-do-futuro

https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,marina-silva-declara-voto-critico-a-haddad-no-segundo-turno-da-eleicao,70002558590

 

PARA BLAIRO MAGGI E CNI, JUNÇÃO DE MINISTÉRIOS É INVIÁVEL

O ministro da agricultura, Blairo Maggi, disse que não dá para juntar seu ministério com o do meio ambiente, como Bolsonaro vem propondo repetidas vezes. Maggi diz que sua área não saberia como licenciar o setor de petróleo. Mas o ministro deu uma sugestão tão ou mais perigosa: “políticas públicas de florestas e bacias hidrográficas, por exemplo, poderiam sair do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ir para a Agricultura”. Como se bacias hidrográficas não fossem fundamentais para o pessoal da Energia ou da Saúde. Ou como os princípios ambientais que regem o licenciamento da produção florestal não fossem os mesmos aplicados ao setor de petróleo. Esquartejar as atribuições do Ministério do Meio Ambiente pode, de fato, ser uma maneira de reduzir a pó qualquer compromisso com um futuro sustentável para o país – incluindo o do agronegócio.

Outro que não está gostando dessa conversa de fundir ministérios é o presidente da Confederação Nacional da Indústria. Diante dos rumores de fusão dos ministérios da Fazenda e Planejamento com o da Indústria e Comércio Exterior, Robson Andrade, disse que “não precisamos de um czar na economia”. Poderia ter sido um pouco mais generoso e dizer que não precisamos de czar algum.
https://canalrural.uol.com.br/programas/informacao/direto-ao-ponto/maggi-diz-que-fusao-dos-ministerios-da-agricultura-e-meio-ambiente-e-inviavel/

https://www.valor.com.br/politica/5939745/nao-precisamos-de-um-czar-na-economia-diz-presidente-da-cni

 

INDÚSTRIA DO CACAU QUER BRASIL NO ACORDO DE PARIS

Eduardo Bastos, diretor executivo da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau, disse que a intenção de Bolsonaro de tirar o país do Acordo de Paris “para nós, é ruim. É pior fora [do Acordo] do que dentro”. Bastos sabe, como tantos outros, que perderá fatias do mercado internacional se isso vier a acontecer.

https://www.valor.com.br/agro/5939729/saida-do-acordo-de-paris-reduziria-aportes-ao-setor

 

A ACELERAÇÃO DO DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA E A POLÍTICA LOCAL

Já comentamos aqui os dados do INPE sobre o desmatamento da Amazônia durante julho, agosto e setembro deste ano, que cresceu mais de 61% em relação ao mesmo trimestre de 2017. Voltamos ao assunto porque a jornalista Daniela Chiaretti ilustra muito bem o papel da política local neste aumento. Falando do Acre, Daniela diz que o senador Gladson Cameli (PP), eleito governador no primeiro turno, disse que vai “abrir para o agronegócio” e que os ex-governadores do PT “criaram a política da florestania, que era para inglês ver”. Daniela simplesmente lembra que, de 1o de agosto a 10 de outubro, o desmatamento no Acre chegou a 141 km2, muito próximo ao consolidado de 12 meses nos três anos anteriores”.

Pois é.

https://www.valor.com.br/brasil/5939791/dados-do-inpe-sugerem-aceleracao-da-area-desmatada-na-amazonia

 

MURO COM GRAFITES APAGADOS POR DÓRIA VOLTA A FICAR CINZA

Uma das primeiras e das mais marqueteira ações tomadas por João Dória, assim que assumiu a prefeitura de São Paulo, foi pintar de cinza um grande trecho de grafites ao longo da avenida que liga o centro da cidade ao aeroporto de Congonhas. Diante das críticas, o ex-prefeito mandou plantar nas paredes um jardim vertical. Passado pouco mais de um ano, a prefeitura parou de pagar as contas de água e de luz. E a empresa que combinou de fazer a manutenção à título de doação também abandonou o jardim. Mais uma vez os paulistanos e os que chegam por Congonhas têm a oportunidade de desfrutar de um longo corredor acinzentado.

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/10/prefeitura-nao-paga-conta-de-agua-e-luz-e-muro-verde-de-doria-definha-na-23-de-maio.shtml

 

FUNDO VERDE DO CLIMA APROVA PROJETOS DE ADAPTAÇÃO E NÃO ABRE BRECHA PARA FÓSSEIS

O Fundo Verde do Clima destravou a aprovação de projetos, meses depois de ter “dado um tempo” devido à discórdias entre os membros do Conselho Diretor. Na reunião da semana passada, no Bahrein, foram aprovados 19 projetos no valor total de US$ 1 bilhão. Um deles busca garantir o suprimento de água para pouco mais da metade dos habitantes das ilhas Comores, pequeno arquipélago entre o litoral de Moçambique e a ponta norte de Madagascar. O projeto receberá cerca de US$ 42 milhões e atenderá à população, às lavouras e à criação das pequenas fazendas. O outro projeto colocará cerca de US$ 43 milhões na construção de edificações mais resilientes à mudança do clima no litoral da Índia. O projeto atenderá diretamente a 1,7 milhões de pessoas, preservará ecossistemas vulneráveis e beneficiará outras 10 milhões de pessoas com melhores proteções costeiras.

A reunião também teve seu ‘momento saia justa’. O governo hóspede submeteu um projeto de US$ 10 milhões para ajudar a gerenciar o sistema de água da pequena ilha. Assim que fosse aprovado, o governo já tinha pronto um segundo projeto para tratar os efluentes do seu setor de petróleo e gás. No fundo, isto seria um subsídio global para a indústria fóssil do reino. O Conselho Diretor do Fundo rachou no meio, com os 12 representantes de países desenvolvidos votando contra e os 12 de países em desenvolvimento votando a favor. No final das conversas, o polêmico projeto foi aprovado, mas só no valor de US$ 2 milhões, 20% do solicitado.

O Conselho também aprovou a acreditação de várias entidades para operacionalizar os recursos do Fundo. Entre elas, pela primeira vez, haverá duas brasileiras: a Caixa Econômica Federal e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Com isto, proponentes brasileiros de projetos passam a ter com quem conversar.

https://www.greenclimate.fund/-/green-climate-fund-invests-usd-1-billion-for-developing-country-climate-action-launches-first-replenishment

http://www.climatechangenews.com/2018/10/19/climate-weekly-bahrain-bid-divides-green-climate-fund/

 

CORPORAÇÕES DE ALIMENTOS TRABALHAM PELO USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA

O WWF e a Ceres se juntaram em um programa corporativo voltado para o uso sustentável da água, o Desafio AgWater. As nove corporações participantes, todas ligadas ao setor de alimentos e bebidas, assumiram um conjunto de 25 compromissos para trabalhar a redução da sua pegada hídrica ao longo de toda sua cadeia de suprimentos. Os esforços compreendem análises de riscos hídricos, formulação de políticas e mudanças na ponderação dos riscos que a quantidade e a qualidade da água trazem para suas cadeias de suprimentos e para as comunidades onde suas operações estão localizadas. Fazem parte do grupo a ADM (trader de commodities agrícolas), Target (varejo), as alimentícias, General Mills, Hain Celestial Group, Hormel Foods, Kellogg Company e DanoneWave, e as de bebidas Diageo e PepsiCo. O faturamento anual do conjunto passa de US$ 260 bilhões.

A Ceres é uma organização sem fins lucrativos que trabalha com temas de sustentabilidade em grandes corporações. O WWF dispensa apresentações.

https://www.newsdeeply.com/water/community/2018/10/19/big-food-brands-commit-to-conserve-water-soil-and-the-climate

 

DESMATAMENTO DE FLORESTAS TROPICAIS EMITE MAIS CO2 DO QUE TODOS OS PAÍSES DA EUROPA

Os números recentes de perda de cobertura de florestas tropicais da Global Forest Watch Climate mostram que as emissões de CO2 do desmatamento cresceram e, fossem de um país, seria o 3º maior emissor do planeta, atrás apenas da China e dos EUA. Estas emissões representaram, no ano passado, 8% do total de emissões globais. Pior, entre 2015 e 2017, estas foram ⅔ maiores do a média do período 2001-2014, aumentando de 3 GtCO2 para 4,9 GtCO2. Analistas explicam que isso é resultado de três fatores principais: crescimento da classe média em escala global, o boom populacional na África sub-saariana e a mudança do clima que potencializa incêndios e furacões mais fortes e destrutivos. Se nada for feito, os autores acreditam que a meta de estabilização do aquecimento global em 2oC ficará seriamente comprometida.

https://news.mongabay.com/2018/10/tropical-deforestation-now-emits-more-co2-than-the-eu/

 

AQUECIMENTO GLOBAL AFETA SAÚDE MENTAL

Pesquisadores do MIT concluíram que aumentos apenas moderados das temperaturas globais estão associados ao crescimento dos problemas de saúde mental na população, como a ansiedade, o estresse e a depressão. Os pesquisadores analisaram dados sobre a saúde mental de dois milhões de norte-americanos, coletados entre 2002 e 2012. Ao comparar as informações sobre atendimentos de profissionais especializados em saúde mental com os registros meteorológicos, puderam observar que os momentos de alta nos números de consultas coincidiam com variações importantes no clima. Por exemplo, meses com pelo menos 25 dias de chuva aumentaram a probabilidade de registros de problemas de saúde mental em 2%. Temperaturas médias mensais acima de 30°C estavam relacionadas a um aumento de 0,5%.

https://oglobo.globo.com/sociedade/aquecimento-global-afeta-saude-mental-das-pessoas-afirmam-cientistas-do-mit-23175441

http://www.pnas.org/content/early/2018/09/25/1801528115.short

 

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