ClimaInfo, 20 de dezembro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

Ministro indicado para o meio ambiente é condenado por improbidade administrativa

Ontem, o futuro ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, foi condenado por improbidade administrativa por ter modificado os limites de uma Área de Proteção Ambiental para beneficiar empresas privadas. Ele também perdeu seus direitos políticos por oito anos, foi condenado ao pagamento de uma multa equivalente a dez vezes a remuneração mensal recebida no cargo de secretário e, ainda, foi proibido de estabelecer contratos com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. O final da sentença do juiz Fausto Seabra diz tudo: “Além da violação de normas legais e regulamentares com a plena consciência de que tolhia a participação de outros setores que compunham o sistema ambiental e de que atendia a interesses econômicos de um grupo restrito em detrimento da defesa do meio ambiente escopo de sua pasta no Poder Executivo, o então secretário violou os princípios constitucionais administrativos da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, dos quais decorrem os deveres tutelados pelo art. 11 da Lei nº 8.429/92”. Cabe recurso. Mas pega muito mal para o futuro presidente ter indicado um administrador ímprobo.

 

Indicados os novos presidentes do ICMBio e do Ibama

Antes da divulgação da sentença de sua condenação, Salles indicou o advogado Eduardo Fortunato Bim para a presidência do Ibama. Atualmente, Bim representa a Advocacia Geral da União no próprio órgão. Salles também indicou Adalberto Eberhard para a presidência do ICMBio. Eberhard é conhecido pelo seu trabalho na conservação do Pantanal mato-grossense. O Instituto ficará atrelado à Secretaria de Biodiversidade que será dirigida por José Truda Palazzo Jr., um dos coordenadores do Projeto Baleia Jubarte. O ((o))eco disse que servidores do ministério estavam achando a indicação boa demais para “esse governo”.

 

A estratégia nuclear do futuro governo

A última reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) havia aberto a possibilidade de atrair um investidor estrangeiro para bancar o que falta da construção da usina nuclear Angra 3. Ao longo do último ano, algumas estimativas anunciadas para a conclusão de Angra 3 apresentaram gastos de entre R$ 14 e R$ 18 bilhões ao longo dos próximos quatro anos. O futuro ministro da energia, Almirante Bento Albuquerque, e seus amigos do submarino nuclear, parecem ter outras ideias. Seguindo a tradição militar no que toca à energia nuclear, eles estão mais inclinados a manter a usina sob controle exclusivo do Estado. Uma grande pilha de desafios se coloca frente às intenções deste grupo. O primeiro, e certamente um dos maiores, é convencer Paulo Guedes a abrir o cofre. O segundo é manter esse controle ao longo das discussões sobre o futuro da Eletrobras e o que dela, e o quanto dela, será privatizado. Rodrigo Polito aprofunda no Valor estes temas e coloca os valores das contas em jogo.

 

As eólicas off-shore passam pelo Senado

Um projeto de lei do Senado aprovado em tempo quase recorde determina que a Aneel, com apoio da ANP, passe a realizar leilões de energia eólica em plataformas off-shore. Por enquanto, sabe-se apenas que a Petrobras formou uma parceria com a norueguesa Equinor para estudar a viabilidade da instalação de aerogeradores em alto-mar. A Equinor tem bastante experiência no ramo, por ter instalado vários geradores eólicos em plataformas desativadas no Mar do Norte.

 

O nível dos reservatórios das hidrelétricas está bem melhor do que o do final do ano passado

As chuvas de outubro sobre o Sul e o Sudeste, e a perspectiva de um verão chuvoso, levaram o Operador Nacional do Sistema (ONS) a prever que o nível dos reservatórios das hidrelétricas fecharia o ano em situação um pouco mais confortável do que no ano passado. Nesta época, no ano passado, os reservatórios no Sudeste estavam com 22% da sua capacidade de geração e devem chegar a 28% nos próximos dias. “O ano de 2018 foi difícil. A partir de fevereiro, o comportamento climático foi muito desfavorável, principalmente em termos de precipitação. Pouca chuva. E a chuva que caiu não foi nos locais onde gostaríamos, para aumentar os níveis de reservatório. Passamos o período seco preocupados com o nível dos reservatórios, mas ao fim do ano tivemos boas notícias. O período chuvoso (outubro-abril) começou este ano em outubro, com chuvas no Sudeste e no Sul muito acima da média”, afirmou o diretor do ONS, Luiz Eduardo Barata ao Valor.

 

Os negacionistas da mudança climática são um perigo para nossa segurança

O ceticismo quanto à mudança climática tornou-se “uma obrigação para aqueles que querem permanecer no rebanho de Trump”, escreve Jennifer Rubin, no Washington Post. “A negação da mudança climática tornou-se tão necessária para a identidade da direita quanto a aversão à imigração, a oposição à maioria dos abortos e a descrença quanto à generalização do assédio e da agressão sexual”. Enquanto muitos membros da direita política “buscam refúgio na fantasia da existência de uma dúvida razoável sobre a existência da mudança climática ou sobre a gravidade do problema”, aqueles “que sabem um pouco mais ou suspeitam que a negação da mudança climática é irracional (mas são covardes demais para confrontar os ignorantes que dominam o partido Republicano) estão dispostos a se unir à turba”. Com as pesquisas recentes mostrando que ⅔ dos americanos dizem que há provas suficientes para justificar a ação sobre a mudança climática, Rubin se pergunta por “quanto tempo os americanos tolerarão a perigosa campanha de negação da direita”.

 

O preço do petróleo continua caindo

O barril de petróleo começou o ano cotado a US$ 70 e com tendência de alta. Em outubro, ao ultrapassar os US$ 80, analistas disseram que ele poderia passar de US$ 100 até o final do ano, posto que Trump havia imposto sanções ao Irã e a produção da Venezuela tinha ido a nocaute. Neste meio tempo, a Arábia Saudita e a Rússia decidiram aumentar a produção para fazer o preço cair um pouco. Só que ele começou a despencar. Aí voltaram a fechar um tanto a torneira dos poços. O cálculo não levou em conta que os EUA também aumentariam a produção e o resultado levou o preço do barril a baixar da marca de US$ 60 este mês. Ontem, ele chegou a ser cotado a US$ 46, antes de voltar a US$ 55. Agora, ninguém sabe bem para onde irá.

 

A ação judicial contra o governo francês por não fazer o suficiente contra a mudança do clima

O presidente francês, Emmanuel Macron, seu primeiro ministro, Édouard Philippe, e dez de seus ministros poderão ser processados por não estarem fazendo o suficiente para combater o aquecimento global. O recado foi dado pela seção francesa do Greenpeace, mais a Oxfam e duas organizações francesas, uma delas fundada pelo ex-ministro do clima, Nicolas Hulot. O grupo diz que “a falta de ação do Estado em matéria da luta contra a mudança do clima se traduz em uma falta culposa do Estado na hora de respeitar sua obrigação de proteção ao meio ambiente, à saúde e à segurança humana”. O grupo deu um prazo de 2 meses, após o qual, entrará na justiça com a perspectiva séria de ganhar. Na Holanda, em 2015, uma ação parecida acabou com a justiça determinando que o Estado reduzisse 25% de suas emissões de gases de efeito estufa.

 

“World first”: Coca-Cola adicionará CO2 capturado da atmosfera em seus refrigerantes

A subsidiária suíça da Coca-Cola anunciou ontem uma parceria com a Climeworks para utilizar o CO2 capturado diretamente da atmosfera em suas bebidas. O fundador da Climeworks, Jan Wursberg, comemorou a parceria como um grande impulso na sua intenção de comercializar o CO2 capturado. A planta é a primeira instalação comercial de captura direta de gases da atmosfera em todo o mundo.

 

Nova espécie de anfíbio parecida com a minhoca ganha nome de Dermophis Donaldtrumpi

Um anfíbio do gênero Dermophis, da família Caeciliidae e que se parece uma minhoca foi oficialmente nomeado Dermophis Donaldtrumpi porque “sua habilidade de enterrar a cabeça na terra equivaleria à como Donald Trump aborda a mudança do clima”, segundo Aidan Bell, um dos que batizou a nova espécie.

 

Nature divulga as 10 pessoas mais importantes e os eventos que definiram 2018

A revista científica Nature divulgou ontem suas listas de 2018. Uma delas traz as dez pessoas mais importantes para a ciência. O destaque climático foi para Valérie Masson-Delmotte que ajudou a escrever e, principalmente, a divulgar o Relatório Especial 1,5oC do IPCC lançado em outubro. Dentre seus prognósticos mais sombrios está a real possibilidade de, até 2030, a temperatura média global ultrapassar os 1,5oC em relação aos níveis pré-industriais. Isso dispararia uma onda de mudanças que alteraria ecossistemas e dizimaria a maior parte dos recifes de coral.

A outra traz os eventos definidores de 2018. Na frente estão os incêndios florestais que atingiram a Califórnia e que os editores colocam na conta da mudança do clima. A onda populista que atravessa o mundo acabou colocando a eleição de Bolsonaro na lista. O Direto da Ciência publicou a tradução deste último texto.

 

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