Desastre da Vale 3: leis que não são cumpridas

Uma frase clássica do mundo político brasileiro classifica as leis segundo aquelas que pegam e as que só existem no Diário Oficial. Em menos de um mês, tragédias que não podiam ter acontecido no Brasil do século 21, aconteceram e levaram a mais de 160 mortes no desastre da Vale, a 7 mortes nas chuvas do Rio e a 10 mortes no incêndio no CT Ninho do Urubu do Flamengo. Em comum, são tragédias anunciadas pelo absoluto descaso que os ditos responsáveis têm para com a lei. Flávia Oliveira escreveu um artigo contundente n’o Globo antes da última tragédia, dizendo que “a regra aqui não é prevenir nem remediar; é esperar pela próxima ocorrência.” Poucas horas depois de escrever o artigo, os contêineres do Ninho do Urubu pegaram fogo.

Como aconteceu nos desastres da Samarco e da Vale, os dirigentes do Flamengo simplesmente ignoraram as leis. No caso das mineradoras, as licenças foram concedidas no limite do risco. No caso do Flamengo, seus dirigentes economizaram colocando os meninos em contêineres provisórios onde deveria ser um estacionamento.

Os governos do Rio sabem de há muito dos riscos de deslizamentos nos morros da cidade. São eleitos por forças “ocultas” que dependem da precariedade para movimentar seus negócios.

Quando confrontados com a pEm menos de um mês, tragédias que não podiam ter acontecido no Brasil do século 21, aconteceram e levaram a mais de 160 mortes no desastre da Vale, a 7 mortes nas chuvas do Rio e a 10 mortes no incêndio no CT Ninho do Urubu do Flamengo.ilha de mortes que se avoluma, se abrigam atrás do emaranhado de recursos que o sistema jurídico permite a quem pode pagar os melhores escritórios de advocacia. Lembram, no limite, o texto de Morte e Vida Severina: “Como aqui a morte é tanta, só é possível trabalhar, nessas profissões que fazem da morte ofício ou bazar.”

 

Boletim ClimaInfo, 11 de fevereiro de 2019.