Uma crítica ao não-planejamento urbano brasileiro

Philip Yang, do Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole (Urbem), escreveu no Valor sobre o desperdício de dinheiro público, de tempo e das expectativas que planos urbanos em várias cidades brasileiras frustraram nos últimos dez anos. A “lista de malogros é conhecida no setor. Inclui, entre outros, investimentos em companhias e projetos como o Parque Global, a Cipasa, a Scopel, o Parque da Cidade e o Porto Maravilha”. Yang lista algumas causas mais comuns a esses fracassos: “momento errado de entrada ou saída do investimento, projetos equivocados, problemas de gestão e governança, localização ruim, desalinhamento entre expectativa de crescimento do capital financeiro versus a natureza de crescimento orgânico do setor imobiliário, a falta de uma regulamentação justa de distratos, insegurança jurídica e, não menos importante, o travamento de projetos por problemas com aprovações e licenças junto ao poder público.” Ele identifica polarizações parecidas com as encontradas nos espaços políticos, mas com um diagnóstico bastante interessante: “grupos de pressão atuam de forma crítica apontando apenas problemas, e não as soluções. Órgãos de controle, a academia, grupos de bairro e reguladores atuam com extrema desconfiança do mercado. O resultado é claro: as forças de travamento são mais fortes do que as de avanço. Ou, pior, obtém aprovação apenas os projetos ordinários, menores, num momento em que o Brasil urbano mais precisa de inovação e ousadia, para que os desequilíbrios sócio-espaciais possam ser reduzidos.” Touché.