As visões equivocadas do governo sobre a Amazônia

Para um governo com forte apelo religioso, Míriam Leitão escreveu um artigo precioso sobre as últimas paranoias e declarações de autoridades. A maior parte do artigo é voltada aos comentários feitos pelo general Augusto Heleno sobre o Sínodo da Amazônia, dizendo que, em um regime democrático, criticar o governo não pode ser visto como um atentado contra a soberania. Dado que as igrejas evangélicas formam um dos grupos de poder dentro do governo e atropelam a primazia do estado laico, não há justificativa em discriminar a igreja católica. Míriam também lembra que, ao contrário do imaginário de certos generais, a Amazônia não é brasileira – é uma região, um bioma, presente em oito outros países. Míriam faz uma recomendação que toma cada vez mais corpo: “Melhor faria o GSI se aproveitasse a experiência que o general Heleno e outros integrantes da cúpula do governo acumularam, quando serviram na Amazônia, para entrar fundo nos problemas reais da região: a invasão de grileiros em florestas e parques nacionais, o desmatamento ilegal e predatório, a ameaça aos indígenas, a destruição da biodiversidade, os documentos falsos de propriedade de terra, o uso da região como rota do crime organizado (…) Há adversários a enfrentar na Amazônia, os militares brasileiros os conhecem porque sempre estiveram presentes na região. Não é o Vaticano. Não é Chico Mendes.”

Aproveitando o ambiente religioso, citamos aqui Mateus 7:5: “Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás tirar o cisco do olho de teu irmão”.

 

Boletim ClimaInfo, 15 de fevereiro de 2019.