Ministro do meio ambiente vai à Amazônia pela primeira vez

Fabiano Maisonnave escreve na Folha sobre a primeira visita de Ricardo Salles à Amazônia. Salles escolheu conhecer logo “uma Terra Indígena onde produtores rurais brancos fazem plantio mecanizado de soja e milho transgênicos mediante o pagamento de uma porcentagem da safra”, prática considerada ilegal pelo Ministério Público Federal (MPF). A ministra da agricultura, Tereza Cristina, também participou da visita e uma nota de sua pasta afirma que “os parecis plantaram 10 mil hectares para a safra 2018/19, dos quais 8,7 mil hectares de soja, graças a um suposto acordo celebrado entre MPF, Ibama e Funai.” Fabiano foi conferir e descobriu que “o Ibama e o MPF não assinaram nenhum acordo para viabilizar o plantio mecanizado nas terras indígenas de Mato Grosso. “O Ibama não firmou nenhum acordo sobre o plantio em terras indígenas Paresi, Rio Formoso, Tirecatinga, Utiariti, Manoki e Uirapuru antes ou após as autuações e embargos realizados em 2018”, disse à Folha a ex-presidente do Ibama na gestão Michel Temer (MDB), Suely Araújo.”

A curta atuação de Ricardo Salles tem sido muito criticada. Maria Tereza Jorge Pádua, internacionalmente reconhecida por ter dedicado a vida à conservação da biodiversidade, sugere “fortemente” no ((o)) Eco que “o governo atual, que se diz profundamente nacionalista, retifique seu erro e destitua este senhor antes que faça ainda mais dano ao nosso país.” Já Leonardo Sakamoto disse em seu blogue que, considerando que uma parcela atrasada do agronegócio ficou satisfeita com a escolha de Salles para o MMA, seria surpreendente que ele dissesse algo diferente. “Que diferença faz quem é o Chico Mendes nesse momento?”. Para Sakamoto, “não é a relevância de Chico Mendes que foi desconsiderada naquele debate, mas o modelo de desenvolvimento que o líder seringueiro representa”. Sakamoto aproveita para defender o fim do “Desmata aí, [que] depois a gente perdoa”.

 

Boletim ClimaInfo, 15 de fevereiro de 2019.