Matias Spektor escreve na Folha sobre os rejeitos que sobraram de uma mina de urânio nas proximidades da cidade de Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais. “Enquanto a mina esteve em operação (1982-1995), produziu concentrado de urânio para ser usado no combustível de Angra 1, em pesquisas no setor nuclear e num esquema de comércio compensado junto ao Iraque”. Mas, quando a mina se esgotou, os resíduos, em parte radioativos, não passaram por um processo de descontaminação. Tal processo custaria cerca de US$ 500 milhões ao longo de 40 anos, o que não aparenta acontecer algum dia. Um estudo sobre a segurança da barragem, feito em setembro do ano passado, detectou que “o sistema extravasor da barragem com parte dos rejeitos está seriamente comprometido e há infiltração, aumentando o risco de ruptura.” A outra grande exploração de urânio existente no país fica no interior da Bahia, em Caetité. Lá já ocorreram 4 problemas com os resíduos desde 2000. Spektor diz que “o governo federal vem trabalhando há mais de ano para estabelecer novo marco regulatório para o setor nuclear (…) Esse trabalho importante (…) ficará soterrado se houver qualquer acidente ambiental com material radioativo. Seria um custo excessivamente alto para a sociedade brasileira, que subsidia o setor nuclear a peso de ouro”.
Na semana passada, foi informado pelo MME que está em estudo o modelo de parceria com capital privado para lançamento do edital de Angra 3 ainda em junho deste ano. Como o país atravessa uma forte crise fiscal, terminar Angra 3 dependerá de atrair um ou mais investidores externos. Um estudo recente mostrou que a Usina é inviável economicamente e que o sobrepreço acabaria sendo rateado por todos os consumidores.