São Paulo poluída

O professor Paulo Saldiva, especialista da USP em poluição do ar e seus impactos na saúde humana, fez uma conta bastante preocupante. Ele pegou as medições de poluição feitas pela Cetesb nos últimos tempos e colocou-as contra a régua da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS atualizou seus padrões de poluição em 2006, coisa que a Cetesb não fez. Assim, por exemplo, em 2015, a Cetesb disse que a concentração de ozônio ultrapassou o limite 36 vezes ao longo do ano. Pela régua da OMS, foram mais de mil. Pela régua da Cetesb, as concentrações de material particulado grosso (até 10 microns) passaram do limite em 5 das 50 estações de medição, enquanto pela régua da OMS estas ultrapassaram o limite em 48 estações de medição. Segundo matéria da Intercept, “com índices subestimados, o governo não se mexe para baixar as concentrações de poluentes” de modo a evitar mortes prematuras. Em 2010, durante uma crise de ar seco na cidade, especialistas sugeriram ao então prefeito Gilberto Kassab e ao governador Alberto Goldman que restringissem a circulação de veículos para tentar minimizar o nível de poluição na cidade, mas os políticos cruzaram os braços. Para o professor Saldiva, os governos têm interesse em atualizar os padrões: “Se os níveis mudam, a poluição vai piorar. O Ministério Público poderá agir mais, e a Cetesb, que não tem estrutura para fiscalizar, acabará tendo mais problemas”.

 

Boletim ClimaInfo, 11 de março de 2019.