Desmatamento deixa investidores insatisfeitos e em risco

O Mongabay publicou duas matérias que conversam muito entre si. A primeira comenta um artigo publicado pela PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) no começo de janeiro. No trabalho, os pesquisadores usaram o histórico de imagens de satélite desde 2000 para acompanhar a mudança do uso da terra. Observaram que a área agrícola quase que dobrou entre 2000 e 2014, passando de 26 milhões de hectares para mais de 46 milhões. 80% da nova área agrícola era pasto e 20% vegetação nativa. O artigo da Mongabay descreve a dinâmica do desmatamento com todas as letras: “o desmatamento é mais fortemente provocado pela especulação de terras, onde os especuladores desmatam uma área, possivelmente vendendo a madeira, e convertendo-a (primeiro) em pasto para, depois, vender a área para um produtor de soja a um preço muito mais alto.”

O segundo artigo conta que fundos institucionais de investidores estão avisando as grandes traders da soja que não querem se ver comprometidos com o desmatamento do Cerrado e que estão enxergando riscos tanto para os resultados financeiros quando para suas reputações. O artigo cita, como exemplo, o risco de boicotes por parte de consumidores ou de processos legais por serem associados ao desmatamento ou a violações de direitos humanos. A Unilever e a Nestlé são citadas por haverem se comprometido com o desmatamento zero e com a rastreabilidade total de sua cadeia de suprimentos.

 

Boletim ClimaInfo, 20 de março de 2019.