Branqueamento ameaça sobrevivência de corais no litoral paulista

Cientistas estão observando um branqueamento em massa de corais no litoral norte de São Paulo. Segundo os pesquisadores, é um dos eventos mais graves desse tipo já documentados no Brasil. O fenômeno está associado a um superaquecimento das águas costeiras do Sudeste, registrado no início deste ano, com temperaturas que chegaram a 33 graus Celsius. “Estamos vendo coisas que nunca vimos antes por aqui”, disse, alarmado, o pesquisador Miguel Mies, do Instituto Oceanográfico da USP ao jornalista Herton Escobar. “Olha a cor desse coral”, completa ele, apontando para a foto de uma colônia de coral-cérebro, totalmente branca, reluzida em meio às rochas no mar de Ubatuba. O branqueamento é uma resposta natural de defesa dos corais a situações de estresse térmico, mas que pode levá-los à morte em condições extremas – o que, segundo os cientistas, está se tornando cada vez mais frequente no mundo todo. Eventos recentes de branqueamento em massa, associados ao aquecimento global, já mataram diversos recifes ao redor do mundo, incluindo grandes porções da Grande Barreira de Corais, na Austrália. O problema também está presente no Nordeste. Estudo recém-publicado na Coral Reefs detalha os efeitos do branqueamento de 2016-2017 sobre os corais do Banco dos Abrolhos, a região de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. A preocupação lá é a mesma: apesar da mortalidade ser baixa por enquanto (menos de 3%), não se sabe até quando os corais resistirão a esses assaltos repetitivos do aquecimento global. Mais informações sobre o branqueamento de corais na reportagem especial Recifes em Risco.

 

Boletim ClimaInfo, 25 de março de 2019.