Fracking na Argentina ameaça o clima e é ameaçado pela economia

Os últimos governos argentinos têm colocado muita esperança na exploração das reservas de petróleo e gás do campo patagônico de Vaca Muerta. Estima-se que existam ali mais de 15 bilhões de barris de petróleo, o que poderia, de um lado, ajudar o país vizinho a sair de sua grave crise econômica, mas, por outro, despejaria mais de 6 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o que faria a concentração do gás na atmosfera aumentar em 8 ppm. Um relatório do Instituto de Análise Econômica e Financeira de Energia (IEEFA) aponta para uma lista de obstáculos que complicam a vida de quem pensa em explorar aqueles fósseis. O principal é a crise em si. Mais da metade dos investimentos feitos até agora foram estatais e tendem a diminuir nos próximos tempos. Isso inclui obras de infraestrutura, como os dutos de óleo e gás para o transporte do produto para o porto de Bahia Blanca e, de lá até Buenos Aires. Sem essa e outras obras, investidores estrangeiros perderão o interesse. Também não ajudam tanto a descoberta como o dimensionamento do campo terem sido feitos quando o preço do barril de petróleo estava acima de US$ 100, enquanto hoje gira por volta de US$ 60. Outro problema é o alto consumo de água pela exploração via fracking (fraqueamento hidráulico) em uma região bastante seca. Para o fim da lista ficam os problemas do descarte da grande quantidade de rejeitos numa das áreas mais virgens da Argentina. Por conta do fracking, organizações ambientais têm montado campanhas pelo fechamento de Vaca Muerta.

Em tempo: para efeito de comparação, em linguagem de petroleiros, os números do pré-sal são 19 bilhões de barris comprovados, 50 bilhões possíveis e 100 bilhões prováveis. O IEEFA publicou um relatório em inglês e sumários em inglês e espanhol.

 

Boletim ClimaInfo, 26 de março de 2019.