Secas ameaçam as termelétricas nos EUA e no Brasil

A mudança do clima trará mais secas e temperaturas mais altas, e fará com que a água usada em usinas térmicas fique menos disponível e mais quente. Tudo o que uma usina térmica não precisa. A grande maioria das usinas térmicas – a combustíveis fósseis, nucleares ou a biomassa – usa água, muita água, para seu resfriamento. No circuito principal, uma dessas fontes de energia é usada para gerar vapor, que passa pelo turbogerador e é resfriado para que volte ao início do processo. Em princípio, a eletricidade gerada depende da diferença de temperatura entre a água que entra no circuito e o vapor que é gerado. Quanto mais fria a água de entrada, melhor a eficiência da usina. As enormes torres de resfriamento, que muita gente pensa que são de usinas nucleares, são por onde um circuito secundário de água é usado para resfriar o circuito principal. Um trabalho recém publicado na Environmental Science & Technology avisa que algumas plantas térmicas dos EUA podem ter que parar de gerar eletricidade. Em números, com a água 3oC mais quente e 20% menos vazão nos rios, este impacto responderá por 20% dos desligamentos ou redução de capacidade de geração dessas plantas. Cerca de 30% das térmicas norte-americanas são antigas e têm sistemas de resfriamento extremamente dependentes da quantidade e da temperatura da água. Os pesquisadores dizem que, para evitar que estas térmicas fechem de vez, é preciso trocar o sistema de refrigeração.

Os autores desta nota não entenderam porque manter uma planta a combustível fóssil funcionando se, no fundo, é ela que está provocando a mudança do clima que a prejudica. Mais interessante seria fechar a planta e usar o dinheiro para construir mais usinas baseadas em fontes  renováveis de energia, ao invés de trocar o sistema de refrigeração.

 

Boletim ClimaInfo, 28 de março de 2019.