Paulo Guedes promete recursos do petróleo “para sempre” a estados e municípios, desconsiderando as tendências dos mercados fósseis e o Acordo de Paris

O ministro da economia, Paulo Guedes, apresentou nesta 3ª feira ao senado os três pilares de seu projeto de salvamento financeiro dos estados e municípios: (1) a já apresentada reforma da Previdência, (2) alterações no pacto federativo que permitam descentralizar recursos e desvincular o orçamento federal e (3) mudanças nos leilões de petróleo que permitam a transferência de 70% dos recursos para estados e municípios. As mudanças nos leilões de petróleo passariam, segundo a Gazeta do Povo, “pela revisão do contrato de cessão onerosa entre a Petrobras e a União (…) [de modo a] permitir que outras empresas explorem o excedente em áreas de pré-sal que hoje pertencem à Petrobras”. Estamos falando de algo da ordem de R$ 100 bilhões, segundo estimativa feita no governo Temer. Guedes disse querer “acelerar a extração de petróleo, [o] que vai acelerar as finanças públicas brasileiras”. E acrescentou: “Isso é para mudar a república Federativa do Brasil. Vai render dinheiro para sempre. É um dinheiro que vai chegar irrigando o Brasil”.

Sugerimos a Guedes e à sua equipe a leitura dos relatórios anuais recentes da Agência Internacional de Energia e de algumas das grandes petroleiras internacionais antes de prometer aos estados e municípios que o petróleo lhes entregará um fluxo de recursos elevado e eterno. Ou que deixem claro que, quando dizem “para sempre”, na verdade querem dizer por alguns anos, no máximo poucas décadas.

 

Boletim ClimaInfo, 29 de março de 2019.