Deixemos a natureza curar as crises do clima e da biodiversidade

As florestas e as áreas costeiras devem ser restauradas para que contribuam com os enfrentamentos da mudança climática e da perda de biodiversidade, diz uma carta enviada ao The Guardian por um grupo de cientistas e ativistas. A carta diz que “o mundo enfrenta duas crises existenciais, que se desenvolvem com uma velocidade assustadora: o colapso climático e o colapso ecológico. Ambos não estão sendo tratados com a urgência necessária para evitar que nossos sistemas de suporte à vida entrem em colapso. Escrevemos para defender uma abordagem excitante, mas negligenciada, capaz de evitar o caos climático ao mesmo tempo em que defende a biodiversidade: as soluções climáticas baseadas na natureza. Estas retiram o CO2 da atmosfera ao mesmo tempo em que protegem e restauram os ecossistemas”. Entre os signatários estão a ativista sueca adolescente Greta Thunberg, a escritora Naomi Klein, o ex-arcebispo da Cantuária Rowan Williams e o cientista climático Mike Mann. A carta foi instigada pelo colunista do Guardian, George Monbiot, que também escreve sobre a iniciativa em um artigo publicado ontem. Outro signatário é o cientista climático Simon Lewis, que junto com outros cientistas publicou um comentário na Nature. No comentário, Lewis diz que os planos existentes para o aumento da área florestal dependem muito de plantações, que são menos eficazes para o armazenamento de carbono do que as florestas naturais. Nas palavras de Lewis: “Para conter o aquecimento global, o desmatamento deve parar. E os programas de restauração em todo o mundo devem devolver todas as terras degradadas às florestas naturais – e protegê-las”.

Em tempo: no ano passado, o Carbon Brief analisou o potencial das “soluções climáticas baseadas na natureza” e, também, mapeou os reflorestamento de todos os tipos que estão em andamento em todo o mundo.

Em tempo 2: vale lembrar que há muita coisa acontecendo nesta direção no Brasil como, por exemplo, os programas do WRI de restauração visando a proteção das bacias hidrográficas; o projeto Verena, que também é apoiado pelo WRI e que existe para “demonstrar a viabilidade técnica e econômica da restauração e do reflorestamento com espécies nativas em larga escala”; as atividades do Oásis da Fundação Boticário; o programa Produtor de Água da ANA; o Conservador das Águas do município de Extrema, MG; o emocionante trabalho de recuperação de manguezais feito pelo biólogo Mário Moscatelli no Rio de Janeiro; e os mais de 15 anos de atuação da SOS Mata Atlântica na restauração do bioma.

Em tempo 3: a equipe do ClimaInfo pede desculpas antecipadas aos que tocam todas as muitas e preciosas atividades de restauração florestal que acontecem em todo o país e não foram acima mencionadas. Fica, desde já, nosso apoio e admiração.

 

ClimaInfo, 4 de abril de 2019.

 

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