Como dividir a conta do clima? Como fica o Brasil no clube dos ricos?

A jornalista Daniela Chiaretti colocou em artigo perguntas tão difíceis quanto cruciais: “Como se divide a conta do clima entre os países? Como se reparte o espaço que resta na atmosfera para emissões de gases-estufa de modo que os impactos do aquecimento global não sejam tão desastrosos? Como se estabelecem critérios justos para que nações em desenvolvimento possam crescer sem comprometer a vida na Terra?” Para se aproximar de possíveis respostas, ela conversou com Oswaldo Lucon, um dos autores do relatório GEO-6, lançado em Nairóbi no mês passado. O relatório apresenta uma proposta interessante explicada assim por Daniela: “Todos os cidadãos do planeta emitiriam a mesma quantidade de gases-estufa em 2035 – os de países ricos teriam que emitir bem menos que hoje, e os em desenvolvimento emitiriam mais do que os níveis atuais. Daí em diante as emissões totais convergeriam até chegar a zero em 2070”.

Ela ainda comenta implicações no mundo climático da eventual desistência do status de “país em desenvolvimento” na Organização Mundial do Comércio: “O Brasil é líder tradicional no grupo dos países em desenvolvimento, o chamado G77 – terá que abandonar esta turma? Os negociadores brasileiros batem forte para que os recursos financeiros que vão pavimentar a transição das economias ao baixo carbono fluam dos países ricos aos mais pobres. O que acontece diante desta nova composição, se o Brasil entrar na OCDE? Como ficará o país se for identificado como de maior renda e passar a receber menos empréstimos do Banco Mundial? Os compromissos climáticos dos ricos para os pobres – US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020 – deixarão de beneficiar o Brasil?”