O proselitismo de Salles na Câmara dos Deputados

O ministro do meio ambiente de Bolsonaro disse ontem em audiência promovida pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara que “agendas ‘disfarçadas’ em defesa do meio ambiente tolhem o desenvolvimento e são nocivas para as pessoas”, sem especificar quais são essas agendas, por que tolhem o desenvolvimento ou por que são nocivas. Salles também disse que os recursos naturais devem militar em favor do desenvolvimento do Brasil, evitando dizer que a maioria destes recursos são finitos, alguns escassos e que tal militância tem limites dados pela própria natureza, como é o caso da mudança do clima. Respondendo sobre o Acordo de Paris, mais uma vez disse que o assunto é menor para as pessoas: quem “está com o pé na lama no saneamento, pisando no esgoto, (…) não está nem aí para o acordo do clima”. O momento não foi dos mais felizes para a repetição deste seu bordão, já que as notícias do dia anterior davam conta das chuvas extremas que caíram sobre o Rio de Janeiro, das mortes por elas provocadas e das pessoas que andavam com o pé – e o resto do corpo – na lama e nas enxurradas. Sobre a exoneração do fiscal do Ibama que multou o então deputado Jair Bolsonaro por estar pescando em área de proteção ambiental, disse que “não tinha nada de pessoal. Se fosse pessoal, teria feito no dia 1o (de janeiro), não no final de março.” Para ele, aparentemente, só é vingança o prato que se come quente.

 

ClimaInfo, 11 de março de 2019.