Ação direta do ministério anula relatório do Ibama sobre Abrolhos

Anteontem, o ministro do meio ambiente defendeu a decisão do presidente do Ibama, Eduardo Bin, que ignorou os pareceres técnicos contrários à inclusão de áreas próximas a Abrolhos no leilão de blocos de exploração de petróleo de outubro. Ontem, André Borges publicou no Estadão um ofício enviado pela secretária-executiva do MMA, Ana Maria Pellini, a Eduardo Bin, requerendo que o Ibama considerasse “a relevância estratégica” do tema na sua avaliação. Pellini é o braço direito de Salles no ministério. Como tantas outras deste ministério, não há explicações sobre a estratégia pela qual estas áreas teriam tanta relevância e, claro, para quem. E, tanto uma eventual estratégia quanto uma eventual relevância na área de petróleo e gás, certamente não são competência do ministério do meio ambiente. A matéria de Borges dá mais detalhes sobre os pareceres técnicos. Salles também disse que os vencedores do leilão terão que conseguir as licenças ambientais para tocar as obras e operações. Cabe a dúvida se a tal “relevância estratégica” será usada no futuro para, novamente, “agilizar” o licenciamento e deixar os Abrolhos sujeitos a um impacto muito pior do que o impingido pela lama da Samarco.

 

ClimaInfo, 12 de abril de 2019.