Salles tumultua divulgação de sua ‘saída ecológica’ para a Vale

Maurício Tuffani voltou a criticar no Direto da Ciência a troca da multa de R$ 250 milhões pela administração de sete parques nacionais em Minas Gerais durante dez anos, ideia proposta à Vale pelo ministro Salles. Tuffani já havia lembrado que concessões de parques nacionais têm legislação própria e que precisam passar por licitações. A oferta de Salles atropela o rito. Mais, ao conceder parques já estabelecidos, a Vale provavelmente pouco gastaria dos R$ 250 milhões, recurso que, em tese, ajudaria a União a recompor a natureza afetada pela tragédia de Brumadinho, pelo menos parte dos empregos e, na medida do possível, as vidas dos atingidos pelo desastre. A Vale também embolsaria a arrecadação eventualmente gerada pelos parques.

Tuffani agora relata que Salles foi mudando o discurso na medida em que via sua proposta perder terreno. Parou de falar em concessões, passando a dizer que tinha oferecido à empresa a troca da multa por investimentos em ecoturismo. O que fez Tuffani se perguntar se o ministro estaria voltando atrás na intenção de acabar com a conversão de multas em investimento sinalizada pelo governo federal. Na 4a feira, Salles “negou que serão feitas concessões à mineradora e que as multas a ela aplicadas pela catástrofe em Brumadinho terão desconto”. Só que no dia seguinte, na batelada de decretos assinada por Bolsonaro, lê-se em um trecho que “a multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, excetuadas as multas decorrentes de infrações ambientais que tenham provocado mortes humanas.” Mais do que nunca, o desejo de Salles de livrar a cara da Vale é, como ressalta Tuffani, “ilegal e imoral”.

 

ClimaInfo, 15 de abril de 2019.

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