Resumo dos ataques da semana ao meio ambiente

Bolsonaro no ataque: na 5ª feira, o presidente fez uma live no Facebook atacando pesadamente o Ibama, a Funai e as ONGs na presença de índios convidados. “Com todo o respeito, alguns querem que vocês fiquem na terra indígena como se fossem um animal pré-histórico (…) O índio não pode continuar sendo pobre em cima de terra rica. Todas as ONGs que trabalham contra vocês são nossas inimigas.” O governo disse que havia representantes de diversas etnias, inclusive dos Yanomamis. No mesmo dia, 6 associações da Terra Indígena Yanomami, pajés, xamãs e lideranças Yanomami e Ye’kwana publicaram uma carta dizendo que o Yanomami que aparece na live não os representa.

Manter parques é despesa aleatória? O Coronel Cerqueira não tinha um dia à frente do ICMBio e já saiu dizendo que o Estado não tem recursos para manter os Parques Nacionais. Ele disse que o ministro Salles, quando secretário em São Paulo, montou um plano para privatizar a gestão dos Parques Estaduais. “Toda a máquina do Estado precisa ser enxugada. A gente não pode gastar o dinheiro público de forma aleatória.” Então temos a pessoa encarregada da gestão dos parques que entende que mantê-los deixou de ser uma obrigação para ser uma despesa aleatória.

Asfaltar a Manaus-Porto Velho por Medida Provisória: Uma das obras mais polêmicas na Amazônia é o asfaltamento da BR-319, a estrada que liga Manaus a Porto Velho, simplesmente porque o entorno das estradas rapidamente viram lotes, vilas e mais estradas e tudo isso aumenta o desmatamento. Mas é o sonho de políticos que ganham os votos do pessoal que ocupa e desmata mais. O governo entende que isso é progresso e desenvolvimento. Como o licenciamento da obra é complicado, o governo anunciou na semana passada que publicará uma Medida Provisória abrindo brechas no licenciamento para “facilitar” o processo. Políticos locais, como o senador Eduardo Braga comemoraram o anúncio.

Peixes ameaçados: O ministério da agricultura pretende se apossar da lista de espécies aquáticas ameaçadas. Hoje, a lista é de responsabilidade do meio ambiente e é preparada seguindo o melhor da ciência global. Como o governo mostra todo tempo que o meio ambiente é inimigo da economia, é bem possível que a ganância de curto prazo de setores da pesca consiga acabar com as espécies mais ameaçadas. A seguir práticas consagradas pela história, depois eles conseguem anistias, subsídios e reparações pelas perdas que eles mesmo provocaram.

 

ClimaInfo, 22 de abril de 2019