Renovabio em movimento

O programa governamental Renovabio criou uma espécie de crédito de carbono para incentivar a produção de etanol. No esquema, os distribuidores terão que comprar CBios (um papel representando 1 tonelada não emitida de dióxido de carbono) dos produtores de etanol. Quanto mais gasolina o distribuidor vender, maior o volume de CBios que terá que comprar. Espera-se que o custo do CBio seja alto o suficiente para desincentivar o consumo de gasolina. O processo de emissão de um CBio pelos produtores passa por uma calculadora e por juntar a documentação que comprove a correção das contas. Tudo isso tem que ser auditado por uma terceira parte acreditada pela ANP. É este o passo que está sendo cumprido pela primeira vez. Uma produtora de biodiesel fez as contas e contratou uma certificadora. Todas as contas e documentos foram submetidos à consulta pública. Se estiver tudo em ordem, a ANP receberá um aval mostrando que o produtor está apto a pedir a emissão de CBios. Embora a primeira emissão leve jeito de sair para um produtor de biodiesel, o programa foi construído pensando no etanol de cana e milho.

Em tempo: no mundo da cana-de-açúcar, duas notícias publicadas ontem apresentam dados quase contraditórios e recados bem distintos. A Conab disse que, na safra atual, a colheita nacional de cana seria menor do que a do ano passado, porque proprietários arrendaram terras para outras lavouras e a área plantada de cana diminuiu. A expectativa da Conab é de uma safra de 620 milhões de toneladas de cana. Já a Consultoria FG/A, analisando somente o Centro-Sul, disse que serão colhidas 594 milhões de toneladas e que a capacidade de produção de etanol não conseguirá processar tanta cana. A FG/A diz que a produção de açúcar terá que aumentar para dar conta da cana excedente. A diferença na tonelagem vem, principalmente, da produção no Nordeste.

 

ClimaInfo, 25 de abril de 2019.