Bolsonaro vai ao Agrishow anunciar que a festa é ruralista

O presidente foi ao Agrishow no interior de São Paulo fazer agrados à plateia ruralista. Disse ter ordenado ao ministro do meio ambiente “uma limpa” no Ibama e no ICMBio e ter vibrado “quando ele [Salles] anunciou há poucos dias à frente do ICMBio quatro integrantes da Polícia Militar”, porque “eram pessoas que ‘tiveram’ um passado junto ao batalhão florestal ou similares, ‘tiveram’ ao lado de vocês”. Como se fosse pouco, segundo O Globo, mandou o ministro do Meio Ambiente alterar o processo de fiscalização, para que antes de multarem, os fiscais de órgãos ambientais repassem orientações sobre a legislação ambiental. Salles, aparentemente por considerar tal franqueza um tanto exagerada, disse que “o presidente fez uma figura de linguagem que significa, na verdade, que estamos apoiando os bons funcionários do Ibama, gente dedicada, gente técnica, que cuida das suas atividades com muito cuidado. Por outro lado, eventuais desvios que são identificados por nós, serão objeto de atuação (sic). Foi isso que o presidente quis dizer, nada além disso.” Ah, bom.

Bolsonaro também anunciou duas de suas intenções: mudar a legislação de modo a permitir ao proprietário rural que ande armado na sua propriedade e baixar os juros do Banco do Brasil para o produtor rural. Faltou dizer se pistoleiros eventualmente contratados teriam também porte de arma liberado no interior das propriedades. Faltou também dizer se os contribuintes em geral ou os demais tomadores de empréstimos do BB bancarão o “espantoso progresso” do agronegócio brasileiro.

Em tempo 1: Salles chamou mais um policial militar para sua equipe, desta vez para ocupar a diretoria de Planejamento, Administração e Logística do Ibama. Luís Gustavo Biagioni ex-chefe do Estado Maior do Comando de Policiamento Ambiental de São Paulo. Ele substitui um funcionário de carreira do órgão ambiental, exonerado no meio do mês.

Em tempo 2: Celso de Rocha Barros escreveu na Folha de S. Paulo um parágrafo tão claro quanto triste: “E temos Sérgio Moro ministro da Justiça de um governo que quer desmontar o Supremo Tribunal Federal. E temos a Polícia Federal tentando melar a entrevista de Lula.  E nada passa no Congresso, e nada é feito para reduzir o desemprego, e o MEC é saqueado por fanáticos extremistas, e o ministério do Meio Ambiente trabalha pelo desmatamento, e o Brasil passa vergonha entre as nações como um país que está bêbado.”

 

ClimaInfo, 30 de abril de 2019.