Nove passos para uma alimentação saudável para você e para o planeta

Na semana da publicação do relatório da ONU que mostra o tremendo impacto que as atividades humanas estão exercendo sobre a natureza, trazemos algumas dicas importantes para você ter uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, ajudar a proteger a natureza e a estabilizar o clima do nosso planeta. Estes passos foram adaptados a partir do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. 

 

O melhor remédio para a saúde é nossa alimentação diária. E muitas vezes ter uma alimentação saudável é também contribuir para o equilíbrio do clima do planeta. Por exemplo: há décadas que os médicos alertam para os riscos relacionados ao consumo de carne. Pois bem: reduzir a ingestão de carne também ajuda a reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. Nutricionistas recomendam consumir produtos cultivados localmente porque são mais frescos e, portanto, nutritivos. Climatologistas endossam: esses alimentos também demandam menos transporte e, portanto, geraram menos emissões. Confira a seguir 9 passos para que seu corpo e seu planeta mantenham a saúde:

 

1. Fazer de alimentos in natura a base da alimentação

 

Alimentos in natura ou minimamente processados, variados e predominantemente de origem vegetal, são a base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Infelizmente a crescente industrialização da cadeia de alimentos está reduzindo a variedade na nossa alimentação. Muitas vezes sem perceber, acabamos comendo muito do mesmo. Variedade significa alimentos de todos os tipos – grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e carnes. Significa também variedade dentro de cada tipo – feijão, arroz, milho, batata, mandioca, tomate, abóbora, laranja, banana, frango, peixes etc.

 

2. Limitar o consumo de alimentos processados

 

Os ingredientes e métodos usados na fabricação de alimentos processados – como conservas de legumes, compota de frutas, pães e queijos – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam. Sua produção também gera uma maior quantidade de gases de efeito estufa, na comparação com alimentos in natura. Evitá-los, portanto, é recomendável do ponto de vista da sua saúde e também da saúde do planeta. Procure utilizá-los apenas em pequenas quantidades como ingredientes de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.

 

3. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados

 

Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados – como biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e “macarrão instantâneo” – são nutricionalmente desbalanceados. Porém sua formulação e apresentação induzem ao consumo excessivo.  E não é só nossa saúde que é prejudicada: suas formas de produção, distribuição e comercialização afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.

 

4. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados

 

Quando foi a última vez que você foi à feira? Ou que visitou um evento de produtores locais? Procure sempre fazer compras em locais que comercializam uma grande variedade de alimentos in natura, ou minimamente processados, que tenham sido produzidos localmente. Dê preferência a legumes, verduras e frutas da estação, que geralmente são mais baratos e mais nutritivos. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores.

 

5. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora

 

Quando fizer refeições fora de casa, procure restaurantes, padarias, lanchonetes, bares ou refeitórios que sirvam refeições feitas na hora e a preço justo. Evite as redes de fast-food e os alimentos ultraprocessados, como bolachas ou salgadinhos.

 

6. Reduzir o consumo de carne

 

Não é preciso se tornar vegetariano ou vegano, mas a redução do consumo de carne é uma questão de saúde. Quando consumida em excesso, especialmente quando a opção é por cortes muito “gordos”, que contêm grande quantidade de gordura saturada, ocorre o aumento dos níveis de colesterol, da pressão arterial e de risco de câncer. As carnes vermelhas ainda possuem compostos carcinogênicos que, se consumidos em excesso, aumentam as chances de câncer de intestino e próstata. No Brasil, o consumo de carne quase dobrou desde 1990, alcançando a média de 140 calorias de carne por pessoa diariamente – o maior consumidor deste tipo de alimento do mundo. Mas o consumo de carne em excesso também é um problema para o clima: juntas, as cinco maiores empresas de carne e laticínios do mundo já são responsáveis por mais emissões de gases do efeito estufa do que as empresas petrolíferas isoladas, como Exxon-Mobil, Shell ou BP.

 

7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias

 

Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las, principalmente com crianças e jovens, sem distinção de gênero. É imenso o universo de possibilidades culinárias a base de alimentos in natura, em preparações saudáveis – um mundo a ser explorado! Se você não tem habilidades culinárias – e isso vale para homens e mulheres -, procure adquiri-las. Para isso, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e… comece a cozinhar!

 

8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece

 

Muitas vezes atribuímos a má alimentação à falta de tempo. Por isso é importante planejar os horários das refeições, para evitar ‘beliscar’ ou ficar na dependência de fast-foods e salgadinhos. Faça das compras, da preparação de refeições e do ato de comer momentos privilegiados de convivência e prazer. Organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida com os membros de sua família a responsabilidade por todas as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições. Reavalie como você tem usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ceder espaço para a alimentação.

 

9. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais

 

Lembre-se de que a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pessoas. Avalie criticamente o que você lê, vê e ouve sobre alimentação em propagandas comerciais e estimule outras pessoas, particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo.