O que significa acabar com a Reserva Legal?

Reserva Legal

Emily Almeida e Carol Cavaleiro fizeram na Piauí as contas para estimar o impacto do projeto de lei que deleta a Reserva Legal do Código Florestal apresentado pelos senadores Flávio Bolsonaro e Marcio Bittar.

 

A primeira conta estima quanto carbono seria emitido se toda a área de reserva legal virasse fumaça: 65 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. No ano passado, a queima de combustíveis fósseis no mundo todo emitiu 38 bilhões de toneladas, pouco mais da metade do que a fogueira florestal emitiria. Ou, comparando só com o Brasil, entre 1990 e 2017, a soma de todas as emissões dá pouco mais de 66 bilhões de toneladas.

 

Outra conta estima o tamanho da área que poderia ser desmatada: quase 157 milhões de hectares, o que é quase o tamanho de todo o estado do Amazonas, o maior do país. As autoras ainda estimaram a água que deixaria de ser evapotranspirada pelas árvores e as emissões nos outros biomas.

 

Uma última e trágica comparação: fazer a reserva legal existente na Mata Atlântica virar fumaça é igual à perda de cobertura florestal de todas as florestas tropicais de todo o mundo no ano passado.

 

As justificativas do projeto de lei simplesmente não se sustentam. As falácias propagadas pelo Bolsonaro zero-um e por Bittar foram desmontadas ponto por ponto por Mercedes Bustamante, Ima Vieira, Valério de Patta Pillar e Geraldo Wilson Fernandes no El País, em artigo escrito em defesa da Reserva Legal.

 

Para os autores, “reduzir a proteção ambiental resulta em prejuízos diretos para a agricultura. Isso já é aceito pela fração responsável do agronegócio, mas os autores do PL ecoam as vozes mais arcaicas do setor. Parlamentares devem defender os interesses da coletividade, buscando o bem comum de forma mais eficiente possível. Claramente não é o caso do (projeto de lei).”

 

 

ClimaInfo, 14 de maio de 2019.

 

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