A Semana Climática da ONU de Salvador foi cancelada por Salles com a desculpa errada

O cancelamento da Semana Climática de Salvador foi uma oportunidade para o ministro Salles desfilar sua ignorância.

 

Segundo Andréia Sadi, da Globo News e G1, esta é explicação de Salles para o cancelamento: “Vou manter um encontro que vai preparar um outro, que não vai acontecer mais no Brasil, por quê? Não faz o menor sentido, vai para o Chile! Vou fazer uma reunião para a turma ter oportunidade de fazer turismo em Salvador? Comer acarajé?”

 

Tanto Salles quanto Sadi poderiam ter consultado a página da Climate Weeks que mostra que a reunião não é preparatória de coisa alguma. A Semana Climática tem o propósito de “inspirar indivíduos e organizações para fazer parte do impulso criado pelo acordo climático global em Paris”.

 

Todo ano acontecem destas Semanas em cada continente, em países que não sediarão a Conferência do Clima.

 

Aliás, este ano especificamente, as Semanas Climáticas discutem temas ligados ao aumento de ambição climática dos países, atendendo ao chamado do secretário-geral da ONU para a reunião de cúpula em setembro.

 

O pessoal do Observatório do Clima acha que o evento em Salvador foi cancelado porque Salles “temia protestos de ambientalistas contra sua gestão durante o encontro.”

 

Quanto ao turismo, André Fraga, Secretário de Cidade Sustentável e Inovação de Salvador, foi direto ao ponto: “Ele (Salles) falou uma besteira, na minha visão, porque: o que move a economia de Salvador? O turismo. Ele tava discutindo agora potencializar o ecoturismo, bacana, Salvador tem parque, praia, ilhas.” E, claro, acarajé.

 

Fraga também comentou o cancelamento do evento em si: “A gente perde em duas coisas: primeiro porque a gente perde a grande oportunidade de liderar a agenda climática (…) Segundo porque, enquanto cidade, a gente perde a oportunidade de mostrar o que estamos fazendo. Salvador tá fazendo muita coisa.”

 

 

ClimaInfo, 15 de maio de 2019.

 

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