Por um agronegócio realmente sustentável

agronegócio sustentável

José Roberto Mendonça de Barros, um dos economistas que mais entende do setor do agronegócio, escreveu um artigo interessante para o Estadão contando sua visão de como a sustentabilidade pode garantir a liderança do país no mercado internacional.

Mendonça de Barros diz que o setor está sustentando um crescimento robusto por se apoiar “na ciência, no conhecimento e na tecnologia, que, em interação com as pessoas e o meio ambiente produz (…) uma elevação da produção e da produtividade”.

Ele fala das inovações tecnológicas que permitem dosar precisamente nutrientes e defensivos e do conhecimento do microclima de cada parte das propriedades.

Diz também que é preciso “deixar para trás pautas regressivas” e cita, como exemplo destas, a prorrogação sem fim da realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR): “o Cadastro Rural tem de ser o norte do setor. As áreas de preservação têm de ser totalmente respeitadas, assim como a grilagem da terra e o desmatamento ilegal devem ter fim.”

Mendonça de Barros diz que, “pela própria sustentabilidade e pelo fato de o agronegócio brasileiro hoje ser global, é uma grande bobagem atropelar o meio ambiente. A liderança do setor, seus representantes e o governo têm de ter isso em mente.”

Miriam Leitão comentou as posições de Mendonça de Barros em relação à guerra comercial entre EUA e China e o que isso significa para a pauta de exportações do Brasil: “no geral, com a guerra comercial perdem todos, perdemos nós também com a queda do crescimento mundial”.

Miriam Leitão termina o artigo quase no mesmo tom do artigo do próprio Mendonça de Barros: “Há quem, no governo, e no ruralismo, acredite que a agenda do agronegócio tem que ser arma, desmatamento, uso de Terra Indígena. Tomara que o trigo vença o joio.”

E o Estadão publicou um artigo de Cleber Soares, da Embrapa, também defendendo que “a sustentabilidade será cada vez mais moeda de troca do agronegócio brasileiro”.

Soares entende que “precisamos desenvolver novas alternativas para, a partir de elementos tangíveis e quantificáveis, como [dados de emissão de] carbono (…), para, então, capturar valor sobre serviços agroambientais, como o menor uso da água, carbono e bem-estar animal.”

Na pauta sustentável de Cleber Soares, não estão o desmatamento, a grilagem e o trabalho em condições de escravidão. Como se isso acontecesse em outro país.

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2019.

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