Colunistas denunciam desmonte ambiental

desmonte ambiental

Neste final de semana, vários colunistas importantes comentaram a política de desmonte ambiental do governo.

Dorrit Harazim fala n’O Globo das recentes atitudes e declarações de chefes de governo europeus no sentido de enfrentar a crise climática. Como exemplo, ela escreve que “no futuro, aposta a vice-prefeita de Oslo, a norueguesa Hanna Marcussen, dirigir um carro no centro de uma cidade se tornará tão inaceitável e démodé quanto fumar em locais fechados.” Ela comenta no final do artigo: “Convém não estragar estas notícias alvissareiras com o indigesto noticiário ambiental brasileiro. Melhor fechar a coluna com um dos motes da Anistia Internacional: ‘Mais vale acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão’”.

Antônio Prata, na Folha, toma um trecho do documentário sobre Chernobyl para ilustrar o comportamento de Salles e Bolsonaro. Quando aquela usina explodiu, os técnicos avisaram Moscou alarmados. Mas “a resposta dos superiores, exemplar da estupidez surrealista de uma burocracia totalitária, é sempre a mesma: impossível, um ‘reator RBMK não explode’”. Prata faz uma analogia com as décadas de avisos feitos pela ciência quanto ao planeta estar esquentando e os impactos da crise climática serem imensos: “Nossa relação com o aquecimento global é o maior caso de delírio coletivo da história da humanidade (…) Eu deveria abandonar o carro, sair batendo panelas, exigir mudanças do governo, da indústria e do agronegócio, mas apenas recuso canudos e sacolinhas plásticas, me sentindo um Martin Luther King da sustentabilidade. Ah, esses russos…”

O professor José Goldemberg, no Estadão, busca o campo de lírios citado por Cristo no Sermão da Montanha para ilustrar a permanente tensão entre desenvolvimento e preservação ambiental. Segundo Goldemberg, os lírios não teriam brotado na Galileia se, mil e tantos anos antes, os povos da Mesopotâmia não tivessem aprendido a construir diques e canais. Passando para a crise climática, Goldemberg diz que “são inventadas teorias conspiratórias de todo tipo e até tentativas de negar as bases científicas do aquecimento global, que são bem estabelecidas. O ‘ruído’ (…) é adiar a adoção de medidas relativamente simples para enfrentar os problemas, entres eles o de reduzir o desmatamento da Amazônia, que é a principal fonte de emissões do Brasil.” E diante do persistente discurso de que existe uma dicotomia entre crescer e não aquecer, o professor diz, simplesmente, que “não há o que escolher. Ambas ações são necessárias.”

Por fim, a deputada Tabata Amaral escreveu na Folha a respeito de uma missão oficial à Alemanha e das muitas discussões sobre a política ambiental do governo. Ela termina com uma advertência: “Os negacionistas do aquecimento global estão transformando suas teorias da conspiração em movimentos políticos, o que é extremamente grave e preocupante. É na política que a irracionalidade tem seu maior potencial de impacto negativo, colocando em risco não apenas o desenvolvimento social e econômico do nosso país, mas também o futuro de todo o planeta.”

 

ClimaInfo, 18 de junho de 2019.

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