A prioridade “deveria ser comércio aberto com proteção ambiental”

Bolsonaro antiambiental

Humberto Saccomandi explicou no Valor porque o discurso frequente de Bolsonaro em prol da flexibilização da legislação ambiental pode ser incompatível com a promessa de abertura do Brasil ao comércio internacional.

Ele toma como caso a recentíssima assinatura do acordo Mercosul-União Europeia que foi negociado durante 20 anos. O texto final ainda não foi divulgado, pois está passando por avaliação jurídica dos dois lados, o que pode levar meses.

Saccomandi descreve os passos seguintes dos blocos e, em seguida, os países devem ratificar o acordo. Isso não será simples, seja pela oposição do agronegócio europeu, que se sente em desvantagem competitiva, seja pela força dos partidos nas eleições mais recentes daquele continente.

Ele mostra que uma política ambiental eficaz colocaria o Brasil em uma situação privilegiada frente a concorrentes internacionais e escreve que um experiente diplomata europeu explicou que, “para a UE, a questão ambiental-climática é interesse comum, como um clube. E, se

um membro do clube não cumprir com suas obrigações, não pode usufruir dos benefícios comuns. Se não pagar a mensalidade, não pode frequentar a piscina.”

Saccomandi termina citando o embaixador José Alfredo Graça Lima, que chefiou o começo das negociações: “Estamos para ver ainda como as questões ambientais podem ter efeito negativo no acordo. Mas esses compromissos [do governo Bolsonaro, de liberalizar o comércio e flexibilizar as regras ambientais] podem, sim, ser incompatíveis.”

 

ClimaInfo, 15 de julho de 2019.

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