O presidente voltou ontem a prometer o asfaltamento da BR-319, a Manaus-Porto Velho. Hoje a estrada é precária e sofre interrupções frequentes. O principal argumento pelo asfaltamento enfatiza ser esta a única ligação por terra entre Manaus e o restante do país. O principal argumento contrário se baseia no que é evidente nas sequências temporais de fotos de satélite da região: o asfaltamento das estradas aumenta o desmatamento no padrão de espinhas de peixe que se espalham no entorno dos grandes eixos. Vem aí mais uma contribuição ao legado deste governo que se medirá em milhares de quilômetros quadrados desmatados.
No discurso, Bolsonaro, o que não perde uma chance de ser tosco, fez o que pensa ser uma piada: “Imagina se eu tivesse comigo o Zequinha Sarney ou a Marina Silva como ministro? Nunca vocês iam ver essa BR asfaltada” (sic). É mesmo difícil imaginar qualquer um dos dois a seu lado. Mas Bolsonaro se equivocou na piada: quando ministra de Lula, Marina negociou a implantação do projeto BR-163 Sustentável na discussão do asfaltamento da Cuiabá-Santarém.
Bolsonaro falou também de sua visão de Amazônia: “Aqui tem tudo para alavancar o Brasil ao local de destaque que ele tem e merece. Temos biodiversidade, temos riquezas e minerais, água potável, grandes espaços vazios, áreas turísticas inimagináveis. Temos tudo para alavancar nossa economia partindo aqui da região amazônica.” Pena que tudo que ele – e seu ministério – fez e disse até agora está mais para “grandes espaços vazios” do que para a manutenção da biodiversidade e da água potável.
Em tempo: O MBL está tentando pegar uma carona na BR-319. Para isso, anunciou que percorrerá os 700 km da estrada para pressionar pelo seu asfaltamento.
ClimaInfo, 26 de julho de 2019.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.
