Ministro-astronauta defende censura a dados do INPE insinuada por Bolsonaro

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O ministro Pontes, da ciência e tecnologia, defendeu a censura aos dados do desmatamento quando estes não forem positivos. Na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ele comparou os dados do desmatamento com uma conta d’água: “Imagina que a média de gasto é de R$ 50 e de repente aparece um gasto R$ 100. Você vai ligar para a companhia, vai querer entender ou descobrir se tem algum cano vazando.” Na mais bondosa hipótese, o ministro não foi informado que a coisa não aconteceu “de repente”. A taxa de desmatamento cresce há pelo menos 7 anos. E acelerou loucamente desde o ano passado, quando os criminosos passaram a se sentir protegidos pelos discursos do atual presidente.

Pontes também disse ser importante esconder a informação: “Durante o período em que o Ibama está em ação, esse dado não deveria ficar exposto porque a gente estaria dando a chave para o bandido. Eu quero é pegar quem está cortando [árvores] de forma irregular.”

Ministro, será preciso lembrar que o Ibama não é de sua responsabilidade, muito menos “pegar” quem quer que seja?

Gabriel Alves, na Folha, trouxe as falas do ministro na reunião da SBPC. Reinaldo José Lopes, na sua coluna na Folha, disse que o ministro está facilitando a devastação da Amazônia. Na sexta passada, Mac Margolis escreveu para a Bloomberg sobre o embate entre o presidente e o INPE e a preocupação mundial com o resultado. Diego Garcia, na Folha, conta que Bolsonaro afirmou que “esses dados do INPE, semana que vem, vocês vão ter uma surpresa”, sem revelar qual era.

 

ClimaInfo, 29 de julho de 2019.

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