Disputas entre EUA e UE mantêm Bolsonaro na corda bamba

Bolsonaro acordo

Bolsonaro criticou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, por este ter se reunido com ONGs durante visita ao Brasil: “O que ele veio tratar com ONG aqui? Quando fala em ONG, já nasce um sinal de alerta”. Ofendido, o superministro francês insinuou dificuldades adicionais para a ratificação do acordo Mercosul-UE por conta do ocorrido.

Segundo o Estadão, Bolsonaro voltou a dizer que cancelou a agenda com Le Drian porque tinha outro compromisso, mas admitiu que outros fatores contribuíram: “Política é tudo igual, dizia Ulysses Guimarães, é olhar para as nuvens e elas mudam constantemente de posição. E tem que agir dessa maneira”.

Mas quais seriam estes “outros fatores”?  Para onde se “moveram as nuvens”?

Bolsonaro parece estar se equilibrando numa corda bamba apoiada, numa ponta, pelo acordo comercial Mercosul-União Europeia, enquanto a outra se apoia na possibilidade de um acordo comercial Brasil-EUA. Acontece que o Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur L. Ross Jr., disse a ele para evitar que alguns termos do acordo com a UE venham prejudicar um possível acordo comercial com EUA. Segundo o G1, Bolsonaro declarou que “todo mundo está preocupado com algumas armadilhas [no acordo Mercosul-União Europeia]. Todo mundo está preocupado com isso aí, que, talvez, possa ter no acordo do Mercosul algum problema em assinar o acordo com os Estados Unidos. Isso vai até em cima da questão de inteligência”.

Em tempo: um dia depois da desfeita de Bolsonaro, o chanceler francês visitou São Paulo, devido “à ligação e ao respeito” com o Acordo de Paris. Ao lado de Le Drian, o governador João Doria afirmou que o Brasil “não pode virar as costas ao tema ambiental”.

 

ClimaInfo, 2 de agosto de 2019.

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