Desmatamento e a crise do monitoramento

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Por conta da falsa polêmica sobre os dados de desmatamento do INPE, a revista Galileu publicou uma matéria sobre relatório da Coalizão Brasil, Clima, Agricultura e Floresta que explica os diferentes sistemas de monitoramento da Amazônia, para quê foram construídos e as limitações de cada um.

Um dos autores, o climatólogo Carlos Nobre, disse que “o país tem o melhor sistema do mundo para monitorar as florestas e o uso da terra (…) Esta é uma das maiores vantagens competitivas que o Brasil tem em relação ao uso do solo em relação a outros países produtores. Temos condições de oferecer para a sociedade uma informação de qualidade para tomar decisões corretas.” Nobre disse confiar na tendência de aumento do desmatamento detectado pelo DETER e que “é muito provável que (o desmatamento) seja acima de 20% a 30% em relação aos 12 meses anteriores. Todos os sistemas, não só o DETER estão mostrando um aumento na velocidade do desmatamento”.

A confirmação virá com a divulgação dos dados do PRODES que, em tempos normais, sai entre outubro e novembro.

Comentando a intenção do governo de contratar um sistema privado, Nobre disse que, dada a vasta experiência e qualificação do INPE e dados cortes orçamentários, faria mais sentido aperfeiçoar os sistemas daquele órgão. Nobre explica que as imagens de satélite hoje são gratuitas e que as melhorias seriam feitas nos sistemas de interpretação das fotos. As falas de Carlos Nobre saíram no Estadão e no twitter da SBPC.

Neste final de semana, o Painel Globo News montou um debate com o presidente da ABAG, Marcello Brito, o ex-diretor do INPE, Ricardo Galvão, e Ricardo Salles. O ministro abriu sua fala dizendo que o governo nunca duvidou dos dados do INPE e que toda a crítica foi ao modo como foram comunicados. Ele convenientemente esqueceu esta fala do presidente: “(…) alguns maus brasileiros ousam fazer campanha com números mentirosos contra a nossa Amazônia”.

A declaração do presidente saiu na Folha. O relatório da Coalizão pode ser baixado aqui.

Ricardo Galvão disse a Tom Phillips, do The Guardian, que “este governo enviou uma mensagem clara que não haverá mais punições (por crimes ambientais) como antes (…), que o controle do desmatamento não será como no passado (…) E quando os madeireiros ouvem esta mensagem, que eles não serão mais supervisionados como o foram no passado, eles entram [na floresta].”

 

ClimaInfo, 12 de agosto de 2019.

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