A imagem do Brasil de Bolsonaro só piora

Bolsonaro

O biólogo Thomas Lovejoy, pesquisador de uma longa história na Amazônia, criticou o governo Bolsonaro em uma entrevista para a Deutsche Welle, defendeu o INPE e mostrou sua preocupação com a floresta que está se aproximando de um ponto de não retorno. Perguntado sobre os atritos que Bolsonaro tem provocado, Lovejoy diz ter “esperança de que tudo possa ser melhorado por meio do bom diálogo entre nações. A questão realmente infeliz é que, após sediar a Cúpula da Terra em 1992, o Brasil foi líder global em meio ambiente por anos, isso quase se tornou parte da marca do Brasil. Espero que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos retomem logo esse tipo de liderança.”

No Valor, Assis Moreira analisou o acordo comercial Mercosul-União Europeia e as resistências que já brotaram dentro da Europa. “O presidente do Brasil é hoje, na prática, o maior aliado dos grupos que militam contra acordos comerciais com o Mercosul, e isso especialmente envolvendo a questão ambiental.” Falando sobre agrotóxicos, Moreira diz que a “declaração da ministra da Agricultura, Teresa Cristina (…) não tem repercussão no exterior. O que faz manchete frequentemente é Bolsonaro, como sua sugestão de se fazer cocô dia sim, dia não, como a forma de preservar o ambiente. Ao agronegócio brasileiro resta fazer com urgência uma campanha internacional, descolada de Jair Bolsonaro, para tentar superar ameaças que se propagam baseadas em suposta produção na Amazônia.”

O UOL e a Reuters relatam os protestos dos ativistas da Extinction Rebellion, que ontem pintaram a embaixada brasileira em Londres de vermelho e picharam frases como “Chega de sangue indígena (No more indigenous blood)” e “Pela selva”.

E o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, manifestou sua preocupação com o desmatamento da Amazônia e as declarações do presidente e de membros de seu governo: “Temos de aumentar a nossa voz. Não podemos permitir o desmatamento da Floresta Amazônica. Temos de trabalhar contra isso.” O setor só processa as árvores que planta, ou, como diz Schalka, “nosso setor não é de florestas e sim de árvores”. Ele está preocupado com que a imagem antiambiental do governo acabe por respingar no seu setor que depende essencialmente das exportações.

 

ClimaInfo, 14 de agosto de 2019.

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