As oportunidades do Brasil diante da crise climática

metade cheia do copo

Dois artigos publicados no Valor de ontem olham para a metade cheia do copo. O primeiro deles começa dizendo que a discussão sobre a mudança do clima “extrapola questões ambientais e envolve sobretudo economia e qualidade de vida”, e fala do engajamento de governantes de cidades importantes, de organizações da sociedade civil e de partes da iniciativa privada. Os autores destacam que, “se adotarmos um modelo de desenvolvimento baseado em tecnologias, infraestrutura e serviços sustentáveis, aliado ao uso estratégico de ativos naturais, será possível criar mais e melhores empregos em setores como energia limpa, agroflorestal, bioeconomia, agricultura e fornecimento de alimentos, com investimento em tecnologia e redução de desperdícios, e melhorar a qualidade e a eficiência de serviços como mobilidade urbana e transporte de carga.” O seleto grupo de autores é formado por Ana Toni do iCS, Andrea Apponi, do Arapyaú, Luana Maia, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Marina Grossi, do CEBDS, Maurício Voivodic, do WWF e Rachel Biderman, do WRI.

O segundo artigo, de Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES, logo no título afirma que “vale a pena a ambição de crescer sem emissões líquidas de CO2”. Ele evita entrar em dilemas presentes para pensar no país daqui a dez ou vinte anos e mostrar que temos uma oportunidade única no mundo, que é a possibilidade de reduzir enormemente nossas emissões simplesmente parando de desmatar a Amazônia. “Já mostramos que é possível reduzir muito as emissões de CO2 sem prejuízo econômico, ao combatermos e diminuirmos o desmatamento da Amazônia. Não há indicações de que esse sucesso tenha baixado a taxa de crescimento da economia. Ao contrário, ele foi contemporâneo a uma grande expansão das nossas exportações agrícolas e à consolidação internacional da nossa pecuária.” Levy enxerga oportunidades no aumento da eficiência da pecuária, liberando terras para uma agricultura também mais eficiente e com menos emissões. Por termos um potencial, também único, de produção de biocombustíveis, a transição energética aqui poderá ser menos dolorosa do que no restante do mundo. Então, diz Levy, “ainda que na COP26 vários países devam dar maior ênfase em alcançarem emissões líquidas zero de CO2, nós caminharmos para esse objetivo (…) é uma estratégia de segurança nacional, que cria oportunidades de investimento seguro, dá lastro à liberdade econômica, atende à demanda de um número cada vez maior de consumidores e nos faz mais competitivos e resilientes, mesmo que o mundo vá numa direção indesejável.”

 

ClimaInfo, 21 de agosto de 2019.

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