As contas amalucadas de Salles

Salles conta

Ricardo Salles apresentou uma nova conta para preservar a Amazônia, segundo informa o Estadão. Para Salles, o Brasil precisaria receber US$ 100 por hectare por ano. Ele não explicou de onde veio este valor, mas o multiplicou pelo tamanho da Amazônia chegando a US$ 50 bilhões por ano. O valor é, digamos, um pouco exagerado, já que parte da floresta ainda não está ameaçada pelo desmatamento e outras partes da região são ocupadas pelas cidades, pelos rios, etc.

Em todo caso, o ministro precisa reconhecer que o espírito de ajuda global à preservação da floresta está por trás do Fundo Amazônia, aquele detonado pelo próprio ministro. Está, também, descrito em um artigo do Financial Times que se absteve de colocar uma etiqueta de preço, mas no fundo descreveu o REDD+, a redução de emissões por desmatamento e degradação, que os sucessivos governos brasileiros vêm abominando.

Em tempo 1: o ministro Salles, que andava quieto, abriu a mala de ferramentas de novo. Ontem, disse em um almoço com empresários que “não houve nenhuma medida de desmonte ambiental, flexibilização. O Brasil segue fazendo todas as medidas de cuidado de antes […] Os fatos não sustentam essas versões (do desmonte).” Como de praxe, Salles não mostrou nenhum fato para sustentar a sua versão.

Em tempo 2: Ana Carolina Amaral informa na Folha que está fora do ar há pelo menos dez dias o Programa de Regularização Ambiental (PRA), sistema online onde proprietários rurais podem propor aos órgãos estaduais ações de regularização ambiental, como a recomposição de vegetação nativa de suas propriedades. A saída do ar acontece ao mesmo tempo em que o Congresso tramita a medida provisória 884, a segunda tentativa da Presidência de retirar o prazo para que proprietários rurais dêem entrada na regularização ambiental.

 

ClimaInfo, 10 de setembro de 2019.

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